Assim a brisa / Nos ramos diz / Sem o saber / Uma Imprecisa / Coisa feliz. Fernando Pessoa (Foi um momento)
Isto de ser feliz. Adormecer para sempre nos braços da Paz. Fugir pelas estradas de nós mesmos. Ir além do nada absoluto que nos cerca dos laços de uma existência ainda incerta. Pisar as nuvens quais andarilhos invisíveis da humana condição. Partículas das ausências num mar de contradições. Seres insanos, no entanto luzes do Universo e chamas que não se apagam. Pólem de flores exóticas em matas inexploradas. Sons e letras dos versos que nunca serão escritos. Nós, parceiros do desconhecido, presas das horas deste tempo que nunca passou.
Por isso, andar aqui nas folhas virgens do mistério. Sonhar sonhos distantes que jamais tocarão os pensamentos. Sentimentos puros de corações embevecidos. Olhos que se fecham sobre si à busca de almas penadas nesse teto da ilusão. Tons leves de canções românticas aos raios avermelhados dos fins de tarde; naves da imaginação.
Aqueles, que insistem seguir adiante, mesmo cientes de ter chegado ao destino serão os parceiros da Eternidade, onde ali repousarão junto do inexistente tais espectros de vidas jamais vividas. Prometeus da infinitude, veem transcorrer existências intermitentes e observam, no furor das esferas, a solidão cósmica do Infinito.
Querer das palavras tão só pausas e o silêncio persistente da Criação original. Melodias suspensas no ar frio das manhãs, trilhas do instante, marcas indeléveis de amor definitivo. Neste manto de firmamentos que a tudo envolve, presenças inevitáveis, dores e marcas contam suas histórias felizes.
Porém em tudo há imensidade, vidas interiores que jamais perecerão. Esse fluir constante de estrelas na longa calma de preencher todos os espaços e sobreviver às intempéries das lutas insanas. Saudades, pois, na forma de suave perfume a deslizar no coração e harmonizar as tempestades onde antes fora apenas desejo de emoções que agora eclode e sustém a visão dos instintos puros na perene felicidade.
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