sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Uma transação solitária

Outro dia, pouco tempo antes, via um filme, Gravidade, que trouxera algumas cogitações do quanto é único o viver pessoal de que muitos buscam fugir através das ilusões. Resultados dessa tentativa, quanto muito, restam as ausências absolutas, posteriores de irreais alternativas. Correm, correm; escondem, se escondem; transitam por lugares afastados de senso; mergulham mares profundos de perdição e amargura; e calam solenes diante do mistério das muralhas da solidão, um, dois tempos além. 

Isso porque de todo somos ímpares face ao destino do ser. Alguns até adotam a alegria estéril qual motivo de conduzir o barco nas ondas de imprevisíveis. Dançam a valsa do adeus na forma obtusa que lhes aponta o instinto e sobrevivem aos furores das horas apenas de fantasias. A tanto chegam que significam jornadas escorregadias nos trilhos e nas dúvidas. Humanos seres, sons abafados dessa humanidade. Nós, a que viemos, aonde vamos?

Bom, uns fazem de conta nem ser consigo. Escodem a cabeça nos areais desses desertos de fama, corpanzis largados fora, olhos presos na escuridão das matas, porém há de se enxergar, menos tempo do que pensam, a força do desconhecido, porquanto detemos o dever de conhecer a todo custo, que isto aqui viemos: Descobrir razões de existir e desvendar o segredo da presença cósmica onde habitamos, olhos ruídos e almas impacientes. 

Lá no filme, protagonizado por Sandra Bullock, atriz considerável, em viagem nos céus de uma nave, juntamente com outros tripulantes, certa feita perde a companhia e deparar, na impossibilidade física, a técnica de um dia ter de chegar de volta à Terra e ser feliz. Lindas imagens. Cores estonteantes. Roteiro elaborado nos longos contatos por vezes impossíveis. 

De perto parecido ao drama desse lugar de cada um, naves vagando nos hemisférios humanos, jamais sustentados sob as convicções definitivas da matéria, nos diálogos frutos da coragem e do amor em que, de certo, seremos reconhecidos na paz deste sentimento puro que nos botou aqui.  

2 comentários:

  1. Deve ser um belo fio-me, até porque retrata muitas vidas não vividas, apenas existências. Cada um busca um jeito de buscar a felicidade, real ou imaginaria, na busca de ser feliz! Ou menos infelizes. Em resumo é uma fuga ou uma busca de preencher o vazio que a ausência de um presente nos trás. Bela reflexão. Parabéns. Um a bela reflexão. Um carinhoso abraço amigo Emerson
    Monteiro.

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  2. O filme é ficção, mas retrata tantas vidas , tantas realidades em que as pessoas vivem e convivem com uma realidade parecida. E com o passar dos dias as pessoas vão se acomodando e aprendem a viver com um realidade que não podem mudar. Cada um a seu modo, e do seu jeito. Obrigada por nos presentear com seus textos. Um abraço Emerson Monteiro, amigo e escritor.

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