quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

A beleza das histórias

Conta Nair Lacerda, no livro Grandes anedotas da História, que Charles Dickens, o escritor inglês, certa vez fora questionado quanto a persistir na educação infantil as histórias de fantasia, os fabulosos contos infantis. Amigo seu afirmava que o ensino deveria começar de forma austera, técnica, objetiva. Que as disciplinas que envolviam o lendário, o maravilhoso das ficções deveriam permanecer ausentes das salas de aula desde cedo, da infância dos alunos. 

Sem contestar, Dickens escutava atencioso as considerações daquele amigo que insistia em defender uma educação submetida só aos padrões da mais fria austeridade, quando entra voluteando pela sala borboleta de belas asas. O inseto chega aos pés do escritor, que, presto, o detém cuidadosamente, e principia limpar as cores e o brilho que compunham suas asas. Enquanto o amigo ainda insistia na argumentação que iniciara; nisso observa o gesto e silencia a analisar aquela atitude. 

Depois de limpar bem toda a superfície das asas do pequeno ser, indo até a janela do cômodo onde se achavam, o homem lançaria ao espaço o que sobrara da pobre borboleta, que saiu apressada pelos ares. Em seguimento ao que fizera, Charles Dickens considerou, segundo Nair Lacerda:

- Mas eu apenas fiz com a borboleta o que pretende fazer com seu sistema de educação. Tirei-lhe os enfeites inúteis. Quem sabe se assim ela voará melhor. 

...

Somos tais constituídos de aspectos diversos. Há países pelo mundo que aperfeiçoam e valorizam sobretudo os sentidos da técnica, dos princípios  materiais, físicos, do conhecimento, largando de lado as possibilidades infinitas do imaginário e das divagações artísticas, ficcionais. Presos aos conceitos exclusivos da racionalidade, esquecem a importância do imprevisível e suas viagens fantásticas, imaginativas. 

A natureza viva, no entanto, oferece pródigas oportunidades, nessa demonstração de cores, sons, formas, enredos, movimentos, que evidenciam sobremodo a certeza das criações inesperadas e ricas das riquezas originais, lição por demais valiosa no que tange a formação do pensamento humano, destarte também queremos crer.  

Um comentário:

  1. A natureza não foi nada pródiga com as borboletas no contexto beleza. Além da lição que nos trás as transformações lagarta em borboleta. Não me canso de olhar e admirar a beleza das boletos voando por sobre as flores. Um verdadeiro show de beleza e cores.

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