Mas lá um dia vieram os homens com sotaque de europeu, na busca interessada de reequipar de bichos circo internacional que exploravam nas cidades grandes do Sertão. Orientados, procuraram Euletério pela fama que ainda mantinha de maior caçador de onças das florestas mato-grossenses.
Conversa vai, conversa vem, restaria perdida a argumentação do profissional de que deixara aquela vida predatória, obediente aos rigores da legislação atual da ecologia. Diz o populacho que quando dinheiro e peia não resolvem é que usaram pouco, nisso o mateiro aceitou fácil fácil a proposta dos capitalistas circenses.
E viajaram juntos às quebradas, construindo bem no âmago da mata um barracão em que ficaram instalados alguns dias.
Data prevista, o caçador de felinos deixaria os estrangeiros acomodados na colocação jogando carteado animado numa mesinha improvisada, enquanto, ansiosos pelo sucesso de Euletério, saboreariam vinho tinto com carne de pato, no primor da cozinha daquelas bandas.
Ele fora na busca dos primeiros exemplares raros de onça que existiam nas brenhas escondidas, logo deparando com a primeira delas, pintada de não ter tamanho, tipo ideal que serviria de sobra aos visitantes.
Corre daqui, negaceia dali, perdeu os equipamentos de trabalho na surpresa, meio enferrujado na antiga atividade, nisso largando rede e carabina. Desesperado, arrancou na direção da clareira onde ficava o barracão, com a fera no seu encalço, pega, não pega. Faltava quase nada, quando avistou a casa improvisada e uma janela salvadora, pela qual pulou bem no meio da sala. Assustara os homens da encomenda, mas, seguido quase ao mesmo tempo pela gata feroz, ainda gritou com força, avisando:
- Os senhores seguram essa, que eu vou de volta à procura de mais outra – saindo apressado pela porta principal que teve chance de puxar e deixar o grupo reunido, empresários e onça, o bicho buliçoso que acabara de caçar.
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