Outro aspecto merecia destaque nessa personalidade: ser garfo imprudente como poucos; ganhara fama nas cercanias pela disposição no comer, a ponto de se muito difícil de achar alguém que pelo menos pudesse igualar tal propensão digestiva.
A época dos anos 50, primeira metade, apenas oferecia precárias condições de deslocamento, em fatigantes estradas de chão poeirentas. Chegar ao Sul gastava de oito a dez dias, percurso interrompido para dormida, dificultado ou bloqueado nas épocas invernosas de maior rigor.
Homem laborioso, resolveu seguir outra vez a São Paulo, por dever de ofício, a fim de abastecer a sua atividade.
O ônibus em que seguia pernoitava nas costumeiras pensões de estrada, ponto certo dos motoristas e tradicionais usuários, servidas por gente honesta e afetuosa, tudo nos moldes daquela época.
Jantar dos melhores, pratos fartos e variados. Todos comeram bem, depois das agruras do percurso. Entretanto Chico Higino ultrapassara os limites, no cálculo das testemunhas. A dona do lugar, além de impressionada pelo excesso, preocupou-se também visto o avançado da hora.
Ao hóspede, por isso, daria tratamento particular. Armou sua rede num local de mais fácil observação, para qualquer providência, o que na verdade veio de acontecer. Os roncos que se escutavam mais pareciam estertores de agonia.
De pronto, a bondosa senhora chamou seus empregados e, em equipe, buscou oferecer socorro ao pretenso necessitado: - Seu Chico, seu Chico, o senhor está bem? Quer um chazinho para facilitar a digestão? - falou apreensiva.
- Só se for acompanhado de umas bolachinhas cream craker, - entre dormindo e acordado, respondeu o hóspede, deveras interessado na oferta que lhe apresentara a bondosa senhora.
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