Há paz, paz
definitiva, no olho do furacão, conceito de religiões orientais. Esta paz
existe dentro de tudo, inclusive no coração das pessoas. Há inércia absoluta no
centro dos eixos em circunvolução. O carrossel e o carrossel deste chão em
movimento guardam em si a Paz.
Qual nos acontecimentos
fervilhante dos dias, quem gira e passa são as coisas. As dez mil coisas, que
vêm e vão rumo do monumental desconhecido. O tempo, esse ente abstrato, permanecerá
indeclinável, eterno. O desejo da perpetuação mora, sim, nos objetos e nos
sujeitos. Apelos em forma de vontade ainda para permanecer vive no âmago das
peças que somos em atividade constante, que vagueiam pelos ares em torno dos
eixos, dos centros, das ilusões lá de fora.
O Amor, por exemplo, equivale,
com isso, à completa ausência do ódio, da antipatia. O Silêncio, à inexistência
dos ruídos. Paz, à exclusão absoluta das guerras, dos conflitos, querelas, desavenças.
Esse mergulho ao fundo
último da gente representa a ação que salvará o princípio original, continuação
da espécie através da descoberta providencial do Eu verdadeiro. Envolvimentos outros
com estilhaços que voam nos territórios em permanente queda livre arrastam a
desfiladeiros mortos do passado.
A presença de tudo que
se esvaia fala do prazer dos perdidos desesperos, conquanto o expresso da
sequidão invade vales de solidão, ressacas, saudades imensas, doses que sucedem
alegrias, nos instantes seguintes do gozo físico.
Portanto o ritual da
salvação significa o respeito das leis do firmamento, da Lei. Domar o touro
bravo da fome de carregar cacarecos ao lombo, escolher o pólo inefável das emoções,
do melhor para nós sempre. Conter o infinito em Si, a chave, a porta.
Pisar devagar,
concentrar o pensamento e fustigar as alturas. Viajar ao País dos Mistérios
através do longo tempo eterno, inevitável, que nos contém perpendicular,
frontal, a escorrer cá bem dentro a subjetividade. E sair pelas vaidades,
quando quiser abandonado aos ventos o calendário.
Assim, no foco quente do
presente queima o carvão aceso do futuro e forma fogueiras de brasas apagadas no
passado aqui junto dos pés, horas mal digeridas, inaproveitadas, matérias
orgânicas em matérias inorgânicas dos ponteiros dos relógios que não param,
oxigênio em carbono, todo tempo até os estertores da máquina da vida na carne; vidas
que voam, que voam em busca de novas vidas.
Nessa lenda de que o
tempo passa, quem passa são os objetos e as pessoas. Nem o piso onde pisa desliza,
pois o palco do Universo habita o âmago do permanente no tudo com destino ao
Nada finalmente.
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