quinta-feira, 28 de junho de 2012

Crack, a dor de um prazer


Antes apenas um problema de saúde pública, no presente, uma dolorosa calamidade internacional, quando o crack domina as páginas policiais qual fator de metade dos homicídios ora praticados no País, instrumento nefasto da destruição dos nossos jovens. É ele subproduto da cocaína que transporta efeito cinco vezes mais intenso. Chega ao sistema nervoso central em menos de dez segundos, devido à absorção pulmonar. Os usuários viram dependentes logo nas primeiras experiências, sujeitando-se a graves crises de abstinências, justificativa dos desmandos criminais ocasionados. Devido a elevadas temperaturas que provoca no organismo, permite com facilidade acidentes vasculares cerebrais, intensifica a destruição dos neurônios e degenera a musculatura, forçando o envelhecimento precoce. Raros dependentes conseguem vencer a terrível substância química. Depois do uso, o dependente manifesta quadro de agressividade, primeiro, contra os familiares; em seguida, contra a sociedade.

Eis o preço do prazer que aflige os que utilizam essa droga modificada, ameaça e destruição, sobretudo de pessoas na flor da idade, na faixa de reposição da força de trabalho da grande sociedade. 

Gritos de alerta explodem de todo lado face à perda no domínio das criaturas, as quais, inadvertidamente, entregaram suas preciosas vidas aos riscos de tal escravidão moderna. Acossados pela dependência cruel, padecem os resultados psíquicos do vício e destroem a juventude, numa aventura das piores que pudessem defrontar. Raros, raríssimos, ainda vislumbrarão a possibilidade de cura, no sonho libertador.

Diante disso, a impertinência do prazer a qualquer preço indica o retrato da ingenuidade perdida naquilo de princípio admitido por caminho de procura da felicidade artificial. E a fera devoradora só constrange as classes sociais com drama avassalador, enquanto claudica a família, célula mãe. O Estado, ao seu modo, elabora leis punitivas, porém insuficientes a curar tamanha e galopante ferida. 

Este desafio pertence, pois, a todos nós, sem exceção, contudo os meios existentes parecem inúteis a reverter o quadro dantesco. Após caírem no cipoal da dependência, usuários viram peso morto e vagam nas ruas feitos zumbis, fantasmas de uma sociedade doente.

Em quanta dor, quando sofre desnorteado, se transformam os prazeres das vacilações desesperadas, frutos da imprevidência humana para utilizar a liberdade sob pretextos vários. Permanece, entretanto, a dura interrogação de como vencer a força deletéria do crack, droga mortal desses tempos sombrios.

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