sábado, 1 de agosto de 2020

Nós operários da Salvação


Quando menos se espera, já somos prisioneiros do presente inevitável; observamos as longas paragens do que nunca virá, porquanto há somente este agora, um dos muitos agoras soltos no ar das manhãs iluminadas do Paraíso onde habitamos. Enquanto as naves riscam os céus, aqui permanecemos cativos do momento e do caminho que nos é dado caminhar, olhos acesos nos acontecimentos inextinguíveis da atualidade fria. No transe hipnótico de viver a própria história, observamos nossas ações por vezes desencontradas, autores e atores de criação do existir, diante da impaciência dalgum modo presa aos originais da Eternidade.

Heróis dos rastros que deixamos no coração, almas penadas do Destino, ergueremos certo dia o prêmio dos mistérios ao Autor das aventuras humanas e iremos parir o rumo da Iluminação, fruto da consciência despertada, e firmamos, afinal, o pensamento nas paixões de todo instante, aquilo que mais nos ligava aos fiapos de nós mesmos que nunca passaremos. Alimentamos sonhos perdidos e resgatamos o direito de ser feliz a cada hora, desejos de saber da esperança que impera na beleza que em tudo persiste aonde volvermos nossos olhos. 

Foram, pois, infinitos acordes que compuseram esta sinfonia da felicidade de que somos inquilinos. Por isso, numa saudade constante da hora que lá um dia se foi e que virá sempre nas dobras desse genial presente qual imã constante da realidade, nos quedamos às determinações, ainda que isso custe a condição atual, porquanto livres ainda não o somos, aves de migração da Imortalidade. Deixamo-nos imolar no altar dos sacrifícios de nós conosco, deuses e devotos dessa finitude. Então todos descobrirão as reais contradições de obedecer da verdade  os planos maiores do soberano Senhor de tudo quanto há.

E ofegantes singramos os mares do eterno presente, nalgumas ocasiões dignos merecedores da herança que recebemos de existir e poder desvendar a libertação definitiva que carregamos no íntimo, nós operários da Salvação. .

4 comentários:

  1. Nós operários da salvação, tema muito bom e atual. Que texto rico! Cada parágrafo é uma pausa para reflexão. Que escritor! Parabéns! Texto para se ler e reler... detalhe para a colagem, uma das mais bonitas! Um abraço!

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  2. Nós, prisioneiros do hoje, apenas sonhamos. Quando a noite chega, o nosso pensamento viaja e vau lá distante e com os olhos da alma vemos a quem amamos. É assim...

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  3. E ofegante singramos na solidão e no vaxio do coração e da noite. Nas horas atarefadas do dia nos afastamos um pouvo do que sentirmos. Mas quando paramos para o nosso repouso é podemos sentir com mais veemência o quanto somos fiapos do nada e nos damos vonta do quanto sozinhos somos e estamos. Um grande e carinhoso abraço EMERSON Monteiro- autor.🤗🤗😙😙

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