sábado, 4 de julho de 2020

Entre o Ser e o Nada

Nada é tão importante para o homem como sua condição, e nada lhe é tão temível como a eternidade.  Blaise Pascal 

Diante do silêncio absoluto das estruturas universais, entretanto, que mais senão a oportunidade que bem lhes significa existir?!... Face a face, pois, consigo próprios, seguem os passos do instante inesgotável, enquanto vivem os seres humanos. Que alternativa lhes caberia qual não fosse tocar em frente o desejo de ser feliz e encontrar a resposta? Experimentar todas as máscaras do semblante, reapresentar a si o espetáculo do Sol, e adormecer no colo do que carrega consigo há milênios nas fibras do coração?...

Em uma velocidade inevitável, tempo sobre tempo escorre-nos entre os dedos a lâmina de aço da história nas cólicas do destino. Os demais são meros espectadores de nós, e nós deles que também o somos. Testemunhos das cenas dantescas do desparecimento na Eternidade, vez em quando reaparecem/emos cenários adentro, fantasmas de notícias ocasionais. 

Claro que isso de pisar este chão é tarefa intrigante, estonteante. Reino de senhores onde predomina a força da matéria e resulta em submissões e fantasia, uns se entredevoram, resolvem falar mais alto, e outros aceitam humilhação dos valores espúrios a troco de deixarem comer e ir em paz. Ninguém mesmo detém a ciência do espírito com toda a coerência, porém se acham donos do saber e das interrogações. E nisso transcorre calorosamente o século ao sabor das esferas próximas ou distantes.

Vez por outra afloram racionalistas que dizem vir do pensamento a justificativa dos astros. Quase num só momento, vêm arautos do invisível que estabelecem bases nos tempos abstratos. Conquanto restritos a conceitos só mentais, resta aos indivíduos mergulhar o íntimo e desvendar princípios nos trilhos da consciência, o que permitirá, belo dia, na solidão das estrelas, acender as horas inevitáveis da luz no Ser em movimento. 

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