Pois esse eterno agora permanecerá conosco, apesar dos inúmeros esforços de embriaguez e prazer material. Nem adianta desconhecer a que somos, seres condenados à perenidade, porquanto ninguém se arvore de querer mudar o imutável, leis bem de antes, lá de dentro do Infinito que nos envolve, silencioso, nos papéis inevitáveis.
Remar, remar, remar... O rio é único, vez deslizar no íntimo de nós mesmos feitos lâmina de mistério e o segredo de tudo.
Bem assim, a velocidade estonteante, incessante, dos objetos, lugares, incidentes que escorrem pelas veias da alma jamais fixará residência no solo escorregadio de que fomos enquanto pedaços do Destino, órbita taxativa no sentido da imortalidade. Quais meras testemunhas do que produzimos agora com a matéria prima da vida, seremos sempre sujeitos e objetos da construção a que nos destinamos, filhos diletos de Justiça inadiável.
Daí querer escapar disso eis missão impossível, razão insustentável de reverter os quadros da história pessoal e, consequentemente, da história de que fazemos parte. Apenas exercitamos normas previamente permitidas, os frutos do que iremos colher logo ali nas dobras do futuro, escravos e senhores das nossas ações, livres porém responsáveis pelo que delas fizermos.
Fagulhas desta monumental fogueira das existências nos diversos níveis de consciência, elaboramos de nós o motivo face a face às maravilhas da Criação. Há sonhos e os sonhos valem uma realidade definitiva já agora em crescimento.
(Ilustração: A persistência da memória, de Salvador Dali).
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