As luzes dos sentimentos
Imagino o quanto os animais demoram de saber que sentem, isso de elaborar lá de dentro das entranhas os sentimentos; alguns milênios, talvez. A gente sabe que eles sentem, pois nós também somos animais e sentimos feitos da mesma matéria que foram criados dentro do fenômeno da biologia da Terra. E quanto tempo essa gente que somos demorou até saber o que é ter sentimentos e por em prática o atributo que oferecem invés de apenas ser puros animais, agora que sabem o que seja sentir. Eles, os outros bichos, assim já agora exercitam o dote dos sentimentos; se gostam ente si, a não dizer que se amem, porquanto ainda não descobriram a real cartilha de criar palavras e dizer das ideias, que vagariam soltas lá de onde adiante sairão os pensamentos; e eles, os tais bichos, nem sabem falar o que sentem quiçá bem mais que os seres ditos humanos, estes a tanger de trechos esquisitos a Civilização, de fazer mais guerras do que amar e ser amado.
Bom isto, de tanto pensar desse modo que nem nós sabemos de exato o que é ter sentimentos, conquanto os praticados até hoje não indicam que o saibamos no coletivo, por que lustramos botinas de pelotões e invadimos países, expulsamos populações e dominamos o subsolo? Bichos que descobriram que sentem, porém sob o efeito da relatividade dos séculos são lentos no aprender e lerdos no praticar.
Ao conhecer o princípio original de chegar à Consciência, o homem começa a cruzar o pântano da ignorância no sentido de libertar na alma um dispositivo que o transporta de vencer a matéria e chegar na Salvação, percurso indicado nas religiões e filosofias. Os místicos descrevem em detalhe a longa jornada desde o homem ao super-homem, resumo de tudo quanto há durante todo tempo. O fator essencial desse transcurso bem significa amar, o clímax dos sentimentos, e desvendar, enfim, os véus da Eternidade.
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