terça-feira, 5 de março de 2019

As Naus do Infinito II

Outro dia, conversava com Gabriel, meu neto, a propósito da história que eu contara dos que seguiram ao planeta Marte na busca de alternativa de a raça  viver uma civilização diferente desta; deles que partiram com a promessa de regressar, enquanto daqui ficaram aguardando, etc., etc. Levamos adiante o episódio de aportarem lá, enfrentarem as condições e lutarem na intenção de, belo dia, voltar à Terra, porém careceriam de meios e técnicas, isso que os impediam por enquanto. 

Daí, imaginamos a sequência dos acontecimentos, a extensão da história noutros momentos, de lá e dos que permaneceram. Já soubéramos que, de tanto esperar sem resultado, as gerações se sucediam; criaram religião de manter as tradições da viagem e rezavam nas noites, olhos postos nos céus à busca dos sinais dos que saíram naquela missão. Isso vindo mais dos jovens, apegados na ideia de vencer as dificuldades deste mundo. 

Víramos as reuniões em que previam o momento de chegarem, ocasião de adoração aos expedicionários, e nisso procediam rituais sagrados e rezas de poder. As lembranças deles, as relíquias que deixaram, casas, animais, amigos... Estabeleciam jornadas de vigília ao longo de datas marcantes, congregados em volta das fogueiras acesas, sempre ligados nos riscos do firmamento.

Horas e horas de retiro fora das cidades, junto da natureza, a ouvir sons da floresta; seguiam a reviver a presença deles, esperançosos da missão libertadora, apegados aos planos futuros nas outras estrelas, longe, bem longe, do que deixariam para trás; felizes, no entanto. Agora, só as recordações quase apagadas na memória, contudo preservadas com empenho pelos seguidores do novo credo.

Bem distantes, eles mantinham o pensamento dirigido aos da Terra, também a realizar convívios noturnos de lembranças dos tempos arcaicos, isto já a constituírem novas famílias em outras gerações.

Gabriel e eu discorremos nalgumas dessas narrativas que pudessem continuar a história. Dentro de algum tempo, comungamos daqueles sentimentos que alimentavam os peregrinos da lenda. Até os títulos dos capítulos vieram à tona: As Naus do Infinito II; As Naus do Infinito, o retorno, ....

Um comentário:

  1. Que beleza de relação avô e neto, tão próximo, interativo, muito rico para o Gabriel que tem a felicidade de conviver tão próximo com um avô culto, inteligente, com larga experiência de vida o que poderá ficar para sempre na memória deste garoto inteligente. Por certo a sua companhia será de grande valia para ele. Gostei do seu texto. Um carinhoso abraço ao amigo Emerson Monteiro.

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