Dias passavam inclementes, alimentados que foram dos frutos de árvores e de pescar como podiam, enquanto viviam de esperar o inesperado dalguém que viesse ali existir ou passar naquelas plagas distantes. Viesse quem viesse, ora que foram, então, surpreendidos, certa noite, à luz da fogueira que lhes aquecia, por bando desalmado que os levaria prisioneiros até aldeia no interior da ilha.
Nesses instantes aterrorizantes, mestre e discípulo, atados e tocados de toscas apreensões, iniciaram diálogo que pudesse mitigar as necessidades de conforto e esperança. O discípulo perguntou ao rabi o que podiam rezar naquela situação que lhes trouxesse o socorro divino, e qual não foi a surpresa do devoto ao saber que o mestre esquecera por completo o quer que fosse de orações e litanias, porquanto apenas restos de escuridão invadira sua memória gasta de aflição.
Ao buscar também dentro de si os frutos do aprendizado que vivera junto do mestre, o discípulo logo reconheceria que de nada recordava das lições religiosas estudadas, e de imediato, mesmo naquela urgência, apegados de vez lhe foram os pensamentos.
Ainda que assim houvesse, o rabi insistiu com o discípulo que ele sendo mais jovem possuiria memória mais acesa, e que recordasse oração que pudesse revivê-los e, através de pedido sincero, merecessem do Poder a liberdade.
De tanto insistir junto do discípulo, este disse ao mestre que de algo ainda recordava, as letras do alfabeto, apenas. Daí ambos seguiram repetindo baixinho o som das letras do alfabeto, e com isso galgariam pureza e concentração suficientes de erguer a alma a Deus e merecer a libertação, pois não tardaria a chegar expedição que ali surgira e levaria os dois de volta à civilização.
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