quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Essas lembranças vagas

Fragmentos do tempo espalhados no sol da manhã que canta alto as canções e refaz os sentimentos. Espécies de montanhas de recordações, a melodia toca os silêncios da gente. Então, regressam horas que sumiram entre horas outras, tralhas e momentos. Todos as temos flutuando o íntimo desses espaços reais guardados de infinitos. Pessoas. Ocasiões. Lugares. Luas. Enquanto a fita do instante percorrerá as catracas do firmamento. Quanto de vontade que ficassem eternas nos estios daqueles destinos alegres que logo iriam embora vadios, na ingratidão de nem permanecer ou explicar motivos de esquecer.

Chances outras e bons fluidos, abraços apertados, beleza de tantas e perfumadas flores. Livros saborosos, filmes inigualáveis, passeios, amigos. Quanta gargalhada em cavernas longínquas do espírito humano. As baladas dos Beatles, as ruas largas abertas aos ventos da liberdade. Promessas de paz durante a Guerra do Vietnam. Ideais intensos de possibilidades que ainda persistem de a imaginação um dia chegar ao poder...

Os corações, a pulsar forte no transcorrer das velhas ilusões, viram pedra tosca, contudo em forma de novos desejos. Luzes. Palavras. Sonhos. Nisso, os rios correm lentos nos amores que permaneceram dentro das pessoas, pois prosseguem aonde formos e teremos, outras vezes, que descobrir a razão de ser, estar e permanecer. Tais pedaços de nós mesmos, a luz do dia rebrilhará nas entranhas das nossas consciências à procura de céus.

Eram os anos 60, no calendário de séculos. Assustados pelas notícias, andávamos à busca do tom das fantasias, atores de dramas e senhores das lendas. Épocas que deslizaram soltas no mecanismo da existência e formaram as nuvens do panorama visto da ponte desta vida. Sós, donos de si, percorremos o trilho das visões e sustentamos o dever continuar a qualquer custo, livres do desaparecimento. São elas, as florestas do inesperado em que, imortalidade à parte, as receberemos a troco de quase tudo, ou nada...

Um comentário:

  1. Ah essas lembranças vagas que tomam conta das nossas noites, quando acordados estamos. Vem em nosso retrovisor as lembranças de tudo que vivemos, do que não vivemos, dos perfumes que é uma forma de lebranca e volta ao passado, numa firma mais rápida que vivenciei; o cheiro de um livro novo, o perfume de alguém que muito se amou, não necessariamente perfume da indústria, o cheiro característico de alguém... é sim, existem pessoas que não usam perfume mas que tem o seu cheiro próprio, do corpo, dos cabelos... mas é verdade. Existem outras lembranças além do perfume que marcam a nossa vida. Cheiro de terra molhada, de uma flor , cheiro das primeiras chuvas, folhas úmidas de outono. Em tudo isso vem uma figura que mais é tocada, o coração , por onde passam as ilusões, as esperanças , as desilusões, os sonhos realizados, os sonhos apenas sonhados que se perdem pelo caminho, deixando um rastro de saudade dos momentos felizes. Somos donos das nossas vontades, mas não dos nossos sentimentos. O que sentimos permanece conosco por toda vida, ainda que fique apenas nas lembranças . Mas não tem custo guardar em nosso coração os bons momentos porque passamos na vida. As lembranças são as melhores recordações que podemos ter do que passamos e vivemos em nossa vida, trabalho ou na pessoal. Belo texto. Colagem alegre . Um carinhoso abraço ao querido amigo Emerson Monteiro.

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