Pequeninas partículas de infinito eis que circulam soltas neste
mar de circunstâncias, isto que significam os seres diante do eterno que vem e logo
desaparece a olhos vistos. Eles, meros acasos suspensos no ar feitos faíscas e
pétalas. Folhas esquecidas ao vento. Tempo. Ausências de permanência definitiva.
Vazios. Só o estridente senso de antes nas curvas de depois, e nunca mais.
Balanço de horas bem guardadas na barriga do impossível no passado inexistente.
E nisso, nesse palco de proporções invisíveis, os elementos em queda livre vagam
no vácuo; sonhos deixados sob as camadas de matéria orgânica do que foi e o
sabor das existências findas.
Meros senhores do inútil, protagonistas circulam de olhos
presos nas saudades de ontem que ainda persistem na memória de amanhã, nem
existem no entanto, se é que existiram lá um dia qualquer. Vaidades desfeitas
nas ilusões e máquinas de incertezas certas, portas abertas ao teto do desconhecimento
que permanecerá junto da alma dos que se forem.
Nesses desenhos de giz no azul do céu, vamos nós as
alimárias da desconstrução, seguindo a festa da felicidade impermanente sob os
passos firmes da Natureza. Mesmo assim, há que trabalhar sempre, aprender,
elaborar as palmas da dança do Tempo, pai e criador, escultor das encruzilhadas,
dos momentos e acontecimentos, normas e contradições, na escola do único aprimoramento
humano.
Autores da consciência de si, dormem debaixo da glória do
que viveram e aceitam as aventuras e os jogos, enquanto passa o nada em flor e
tudo permanecerá durante a presença dos atores, milenária sinfonia das
multidões, ação e mecanismo das possibilidades individuais. Ora são palavras;
outras, emoções de não caber dentro nessas pessoas que assistem filmes da
existência, e admitem flutuar nas ondas do firmamento. A orquestra executa suas
partículas de mistério e adormece suavemente ao carinho dos filhos entre
estrelas e naves longes pelo espaço inevitável de estar aqui.