sexta-feira, 2 de maio de 2025

O rio do Tempo

Matriz das existências, nele o que se lança há de colher, sem qualquer dúvida. Seara por demais indescritível, oferece os adornos às sombras, outrossim delas, que andam cheias de calor e ilusões, nascem as flores e rebentam os frutos. Nem de longe que doutro jeito acontecesse, todavia marcas, cicatrizes, filamentos, cores, ficam entranhadas no vazio, deixando rastro profundo de objetos esquecidos pelas suas margens, desde sempre determinantes a que venham, dias e dias, a desaparecer pelas curvas longas do passado. Dentro, bem no íntimo das almas, dali o descortínio do mistério, ente este daqui do Chão, porém distante das compreensões e das escolhas. Senão, sempre, quase que nunca existirão as evidências que sejam doutras hostes além das puras ficções, do quanto prósperas foram. Símbolos. Notícias. Equipamentos. Desejos dos mares abertos que os alimentassem o furor.  

Astuto, carismático, ele desce a ermo no mesmo rasgão esquecido das estradas de antes. Viaja a pano solto pelas vidas afora. Desperta, vez em quando, face a face nos estios. Creio até que sofra, no entanto pouco demonstra que signifiquem gestos de certeza. Um fôlego a percorrer as ruas na carne das pessoas. Nisto, em volta, as paredes, os carros, contam as histórias mil em movimento. Dos infinitos, olhos observam o instante e aceitam ditames estabelecidos lá de longe, nas várzeas escuras.

Dúzias de interrogações transitam nesse mesmo espaço de depois, quais fragmentos de transes inexplorados. De algum lugar vem isso que aguarda todos, seja lá o que seja, contudo. Buscas abissais dos séculos de criaturas a transportar sofreguidão e retiros; sabem-se, enfim.

Pessoas, dramas, indagações. Luzes. Amores. Vontades absortas. Palavras. Instintos. Músicas. Livros. Filmes. Sonhos. Ausências.

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