sábado, 17 de maio de 2025

Noite obscura da alma

 

Esse tempo que se passa depois de saber que isto é ilusão. Tudo em volta vira uma prova a que vencer quando há disposição de chegar à real transformação. Na firme disposição de crescer espiritualmente, o mundo passa a significar um desafio constante. E disto advém o teste quanto esteja o ser a nível de exercitar o que compreendeu do verdadeiro conhecimento.

A expressão “Noite Escura” do poema de São João da Cruz se incorporou à doutrina espiritual como símbolo das experiências purgativas pelas quais os místicos devem passar até elevarem-se à perfeita união com Deus. Inspirado no Livro dos Cantares – no qual a esposa apaixonada sai de casa em plena noite à procura do seu Amado pelas ruas e praças de uma cidade adormecida –, o poema compara o anseio espiritual por Deus ao desejo de união conjugal. Para consumar o matrimônio místico com o seu Esposo, Cristo, ainda nesta vida, a alma precisa se desnudar do apego a si mesma e às criaturas, pois, segundo São João, “não se pode vir a esta união sem grande pureza, e essa pureza não se alcança sem grande desprendimento de todas as coisas criadas (Noite 2, 24)”. eBook Kindle

Nisto, qual exercício do aprendizado espiritual, vive-se essa fase de constatação do que aprendeu diante do contexto material e seus apegos. Numa desmistificação das vivências guardadas, o indivíduo busca agora encontrar a Si Mesmo no âmago da plena consciência, e nisto superar o transe do que constituiu a própria história, propondo um mergulho no abismo do mistério. Essa a ocasião de revisar o senso prático e buscar novos rumos ao aprendizado espiritual.

Mais que nunca, ao vencer as limitações do labirinto da vida física, só então avistar o Cristo íntimo de cada um, a testificar as palavras de Jesus, que nos disse: Vós sois deuses e não o sabeis. João 10:34

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