quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

O buda de ouro

Vezes acontecem de ler algo e sentir vontade de que haver mais gente por perto que também pudesse usufruir daquela oportunidade, na reação de querer contar a mais pessoas o que chega ao nosso conhecimento. Vem forte a intenção de passar adiante, isto com as nossas palavras o que se acabou de ler. Creio vir disso as comunidades narrativas dos contadores de histórias, dos livros, dos filmes. E é isto que agora faço com este conto oriental que acabei de ler:


Uma devota providenciara a confecção de nova imagem de Buda em madeira de lei que revestiu de ouro com extremo zelo. Depois de pronta a relíquia, trouxe-a somou ao santuário da família onde havia outras imagens do grande místico. Dali, sempre quando prestava culto ao acender incenso observou que as emanações da fumaça circulavam em torno das demais peças, servindo sem discriminação a todos os budas do altar. Contrariada, no entanto, a senhora desenvolveu por meio de chaminé especial que o incenso apenas contemplasse seu buda dourado, a imagem de predileção. 

Transcorridos meses e meses das oferendas, qual surpresa resultaria do cuidado exclusivo, só o buda aquinhoado na dedicação particular da devota restaria enegrecido e menos destacado entre todos eles. De tanto a dona envolver sua bela aparência nos novelos da fumaça, produziu fuligem suficiente ao completo escurecimento da estátua motivo inicial das maiores adorações.

Essa história que traz à tona o quanto excessos deste mundo sujeitam ocasionar, onde muitos correm na procura de destaque e pontos de vista pessoais, a querer ofuscar quem merece chances iguais. O próprio tempo resolve o impasse desses dramas, face à justeza dos acontecimentos. Quanto maior a subida, maiores quedas em consequência.  Quem tudo quer, tudo perde. A quem muito é dado mais será pedido, medida justa dos compromissos e das responsabilidades de que seja investido. 

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