Aborrecido, o coronel enxotou a ave pela janela. Daí a pouco, lá vinha ela frenética pela porta dos fundos, procurando o cômodo. Cercada de um lado, retornava pelo outro. E o sono perseguindo o coronel, que não se conformava em ter de ficar submetido ao bicho tão obstinado.
Daí resolveu estudar um jeito de solucionar, de uma vez por todas, o litígio. Seguiu até a despensa, lançou mão de uma garrafa de querosene que achou e trouxe-a para dentro do quarto, onde a galinha de novo se acomodava bem na cabeceira da cama.
Corre daqui e dali, o fazendeiro conseguiu segurar firme a pedrês, para, em seguida, dar-lhe banho completo do líquido que trazia engarrafado. Satisfeito, pegou do fósforo e tocou fogo nas penas encharcadas. Assim que as labaredas cresceram, livrou-se do bicho.
Jogada fumegante janela a fora, a galinha disparou feita bala incendiária na direção do baixio de cana cheio de palha seca entre as touceiras, situado logo abaixo do quintal, nas proximidades da casa.
Resultado bem se pode imaginar. Quando a noite chegou, de longe ainda se podia testemunhar o clarão enorme do incêndio, a fumaceira no mundo e o esforço sobre-humano de muitos trabalhadores do eito cuidando de fazer aceiro na mata a fim de impedir que as chamas se propagassem além daquelas cinco tarefas de brejo que haviam sido consumidas num abrir e fechar de olhos, sem dar tempo de se pensar em apagar, tudo por causa do confronto da daquela galinha insistente e do coronel ardiloso.
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