Destes sintomas que
apertam o peito à altura dos ombros e descem comprimindo as costelas no rumo do
estômago... Essas mumunhas esquisitas que transtornam a alma escamoteada de
solidão e desejos gratuitos da rotina, turbilhão pedindo força para viver...
Quando apenas apreciar as belas mensagens de livros e discos, revistas e
computadores, conta pouco na casa dos elementos de manter acesa a chama da
imensidão... Daí o coração reclama que é uma beleza, e dói de arrepiar a gente,
cachorro magro de sofrer.
Disseram que coração
não dói, que quando dói chegar a eliminar o indivíduo, rasgando lacunas no seio
da sociedade, no rol dos seres humanos, essas coisas das notas indesejáveis, etc.
Mas não é, não. Coração dói de verdade nas horas da ingratidão, dos atropelos
de última hora, nas contradições dos sentimentos, nas incompreensões, traições,
decepções. Dói de tirar o juízo se possível até dos santos. Quando acontece, o
caboclo sujeita desatinar, virar bicho, correr malassombrados na mata da Lua
Nova. Pedir perdão a Deus e ao mundo, jurar de pés juntos. Gemer sem saber de
quê. Perambular pelas estradas molambudos, arrastando restos de mesa, tufos desgrenhados
na cabeça, mãos sangrando e suor fedendo num corpo abandonado.
Pois coração dói também
diante dos desassossegos extremos, prejuízos financeiros, ressentimentos e
surpresas das jornadas. Barracão incontido de mágoas, coração corre perigo e esquece
o dever de amar a si próprio, plantar o de comer que é bom e, por vezes, atira
o freguês nos muros da solidão multiplicada de bares e presídios.
Jamais, no entanto, esquecer
de pedir ao Pai guarnição e amparo nessas ocasiões difíceis... Sacrificar os
caprichos no altar da vaidade e acreditar no melhor. Sobreviver aos desafios
significa, dessa maneira, dever de todo cristão. Salvar a vida que somos nós,
seres ímpares, especiais, estudantes da grande escola da existência. Controlar
os impulsos, amaciar o peito no carinho das religiões, nas seivas dos matagais,
no canto dos pássaros, nos voos saltitantes das borboletas, das flores, da luz;
na consciência da força e da coragem de sonhar para produzir dias melhores; e
tudo.
Nas dores ocasionais do
coração, brisa mais suave de conformação, de aconchego do Amor em nossas
práticas de amizade, alimenta a Fé e a Esperança; tranquiliza este pedaço de
infinito que cabe nos sorrisos e nas mínimas oportunidades. Assim, ainda que
doa o coração lá certa vez, essa Paz será maior e a Vida se reconstruirá para
sempre nos planos do interior, no bloco eterno do Coração, a catedral do
Sentimento.
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