Qual quem acorda de longo sonho e sai a procurar o que se dera, tocando as paredes da memória na procura do sentido daquilo quanto há pouco sonhara, palavras são assim, ânsias constantes de rever o que ocorre dentro dos pensamentos que talvez sejamos nós. Tais desejos incontidos, saem feitas significados na busca de justificar as existências, valem de meros sorteios de uma loteria imaginária. Enquanto os pensamentos, esses nascem aflitos dos sentimentos e a elas sobrevivem à custa desse impulso inevitável de gravar nas horas razões que as justifiquem.
Vez por outra, na fome de alimentar o Destino insaciável,
elas querem deter a velocidade das lembranças, no entanto ainda prisioneiras da
causa que lhes deram origem. Trazem detalhes nunca levados em conta, porém só agora
necessários, a satisfazer vidas em movimento. Inscrevem aspectos antes passados
em branco, sorrisos, prazeres, alegrias, isso numa insistência jamais
considerada naquelas ocasiões iniciais. Carregam consigo, pois, um fulgor de poder
sem par. Fortificam aspectos das pessoas sob o âmbito das saudades deixadas
pelos céus do coração.
Palavras, palavras, palavras... Contos vários de
valor inigualável ao poder da consciência que nos carrega nas vísceras durante toda
Eternidade. Longe delas, o que seriam as emoções, os instantes prazerosos das noites,
dos dias em queda livre através dos firmamentos?! Isto a ponto de demonstrar
que seriam elas quem existisse, não nós, somente. De todas as cores, formas,
deslumbramentos, constituem o dizer das multidões mais irreverentes, espécie de
trilha do mistério onde habitamos afoitos e interrogativos.
Por isso, quanto empenho no dizer das criaturas humanas
espalhas pelo Chão. Quase a descrever de si mesmas o que convém, o que pensam e
esperam desse vazio multiforme das contrições ao nosso lado. Entes próximos dos
enredos fugazes a transpor muralhes infinitas, elas sustentam nas próprias
garras os derradeiros motivos de estarmos aqui jornadas afora.