Em 08 de junho de 1978, viajei de
volta a Salvador, de onde viera para o Crato em março do ano anterior. Onze
dias depois, nascia Ceci, dos meus filhos a primeira. Nesta segunda vez, morei
na capital baiana até o final do ano, dessa vez retornando ao Cariri com ânimo
de permanecer por longa data.
Dentre acontecimentos marcantes desse
novo tempo de Bahia, recordo de uma conferência proferida pelo pensador Huberto
Rohden, a que assisti num auditório situado na rua Carlos Gomes, que (se a
memória não pratica das suas) pertencia ao Sindicato dos Engenheiros, aonde bem
antes ouvira também o deputado Lysâneas Maciel, na cruzada nacional de
redemocratização que lhe custaria o mandato e a carreira política.
Na ocasião, Huberto Rohden viera
ao Nordeste inaugurar a TV Gazeta de Alagoas, sendo condecorado pelo governador
Vivaldo Suruagy. No caminho, passara por Salvador e, acompanhado de seu editor,
divulgara suas obras em noite memorável.
Esse autor, natural de Tubarão,
Santa Catarina, nascido a 30 de dezembro de 1893, no povoado de Braço do Norte
daquele município, escreveu dezenas de livros de cunho espiritualista, enfoque
que denominou filosofia univérsica, de abordagem pedagógica, que visa
orientar os seres humanos na busca do autoconhecimento e da revelação, em si, dos
mistérios da realização plena de reais potencialidades.
Rodhen, egresso da Igreja
Católica, onde recebera formação através da Companhia de Jesus, veio de romper
com o clero e manteve-se a divulgar idéias de cunho pessoal, voltado aos
conceitos cristãos, sem, contudo, deixar de estudar princípios da
espiritualidade oriental. Marcou a intelectualidade brasileira pelo destemor com
que abordava temas pouco encontradiços nos autores de sua época.
Quando acompanhava sua fala, rica
de conteúdo ético e religioso, algo que me chamou a atenção, a causar espécie
em minha imaginação: Via na sua pessoa como que a face superposta de uma outra,
qual se transfigurado, a evidenciar no rosto traços evidentes de força luminosa,
durante toda a conferência. Aquilo aguçou meu instinto de avaliação, porém nada
pude concluir além da pura constatação do que ora quero aqui consignar.
Há, nas livrarias, diversos
livros de Huberto Rohden, dentre os quais já li: A educação do homem
integral, Rumo a Consciência Cósmica, Tao Te King (numa tradução
sua), Deus, O Homem e o Universo, Porque sofremos, De
alma para alma e Orientação para a Auto Realização.
Eis aqui uma afirmação que bem
define o seu pensamento: Sem o encontro consigo mesmo nenhum homem realizará
o seu encontro com Deus.
A zero hora do dia 07 de outubro
de 1981, aos 87 anos, Huberto Rohden deixou este mundo, em uma clínica de São
Paulo, cercado de amigos e discípulos, afirmando por derradeiras palavras: Eu
vim para servir a Humanidade.
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