Depois de servir a Labão tempo suficiente para receber em casamento suas duas filhas Lia e Raquel, Jacó decidiu retornar ao país de Canaã, onde deixara seu pai.
Aproveitou uma ocasião de ausência do sogro, quando este saíra na tosquia
dos carneiros, e fugiu em segredo, levando consigo tudo o de que se achou
digno, a título de remuneração pelos vinte anos em que ali passara.
Três dias depois, ao saber da retirada intempestiva que custava a perda
de filhas e netos, nada satisfeito, Labão reuniu seus irmãos e perseguiu Jacó
sete dias, indo alcançá-lo no monte de Galaad.
Antes, porém, fora avisado em sonho que deixasse Jacó e suas filhas
continuarem a jornada, se despedindo deles com forçada amizade, após formalizar
pacto no monte Galed, denominação dada por essa razão:
- Este monte, a partir de hoje, é testemunho entre nós dois - com isso,
Jacó deu andamento à caravana, tangendo seus rebanhos até chegar à cidade de
Salém, no país de Canaã, armando acampamento nas cercanias da povoação.
Logo adquiriu, junto aos filhos do governador Hamor, pela quantia de
cem moedas, uma gleba de terra, instalando-se no novo país.
Alguns dias mais, e Dina, uma das suas filhas Jacó, ao sair na busca de
fazer amizade com as mocinhas da localidade, viu-se notada por Siquém, filho de
Hamor.
Tomado de arrebatadora paixão, Siquém resolveu se apoderar da jovem,
violentando-a de inopino, com isso precipitando os nefastos acontecimentos que
daí sucederiam.
Praticada a injúria, só então Siquém resolveu dirigir-se ao pai dizendo
querer a moça para sua esposa.
Na seqüência do incidente, o pai de Siquém buscou Jacó. Queria
contemporizar as greves circunstâncias ocasionadas pelo filho. Sua proposta:
que fizessem a aliança das tribos e pudessem entrelaçar as famílias, desde
aquele que seria o primeiro dos casamentos entre elas.
Mal satisfeitos, os filhos de Jacó protestaram, no entanto, por conta
de Siquém ser incircunciso e nisso não merecer casar com sua irmã. O motivo
propiciou a que estabelecessem as bases de acordo onde todo varão daquele povo
aceitasse o dever da circuncisão, a partir de Siquém, caído que andava de
amores por Dina.
E procederam segundo o estabelecido.
No terceiro dia, contudo, deu-se terrível contradição. Simeão e Levi,
filhos de Jacó e irmãos de Dina, traindo as bases do combinado, armando-se de
espadas, marcharam contra Salém e eliminaram seus cidadãos ainda abatidos pelo
ritual da circuncisão neles pouco antes executada.
Nas ações agressivas também eliminaram Hamor e seu filho Siquém, enquanto
Dina, que fora residir na casa de Siquém, nisso trariam de volta. Despojaram
corpos, saquearam a cidade e os campos, e apropriaram-se dos rebanhos e dos
bens que encontraram pela frente. Nada restou incólume, nem crianças, ou
mulheres, transformadas em prisioneiras e despojos de guerra, isto segundo o
livro bíblico de Gênesis (34,
26-29), onde há registros do trágico drama.
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