sábado, 22 de junho de 2019

Vida hoje só provisória

Ainda que tantos insistam numa permanência mais que definitiva, ninguém viverá eternamente morando numa estação. A velocidade dos objetos voando ao vento mexem de paixão na consciência das máquinas em movimento. Vezes sem conta, nascerá o Sol. Dias menos dias e o comboio passa, trazendo e levando troços arrecadados, bolsos cheios de ilusão, nos entretantos e dúvidas. Reúnem hoje, descartem logo adiante, nos lixões da inocência. Pessoas, nós, mesmas pessoas que ontem fomos e amanhã deixaremos de ser, aqui entre ferragens, becos e concretos; muralhas, vales, cifras, céu aberto. São eles (nós) personagens do Destino, bem parecidos consigo (comigo) e com demais outros.

Porém há nisso a essência do ser em transição do nada a coisa nenhuma, consciências vivas das sementes na existência, bondades absolutas do mistério. Trabalhar o seguimento dos motivos de andar, fervilhar e sorrir preserva a inutilidade do sentido e das eras, porquanto nos é dado responder à pergunta desde o berço, guardada que foi no imo do humano coração. De certeza somos eles, os guardiões do segredo que significa exatos silêncios alimentados na dor e no prazer. Pisamos caminhos de tantos perseguidos e seremos perseguidos pelos novos pelotões. Querer pesa pouco, vez que nem de longe interrogados fomos, a encenar esta peça dos enredos desconhecidos.

Bom, bem isso, numa dessas tardes de horas cinza, horas claras, dos calendários fortuitos, e dizer aos nossos ouvidos que sabemos o que não sabemos e representamos talvez enganos mil da vaidade, olhos vistos no infinito. Entretanto parar o quê, se nem sabemos do roteiro desse trem acelerado que reclama atenção e seriedade, onde filósofos pintam portões de felicidade a tintas foscas e que pouco de si representam. Meros joguetes na própria sorte, enganam e dormem, vadios nas palavras e perdidos nas cores.

Então, resta apenas isso de indagar do tempo qual será a próxima muda de roupa a usar nas próximas cenas, e vivam os fiéis expectadores das novas temporadas. Disso ninguém duvidará, de sermos atores menores de um roteiro monumental.



Um comentário:

  1. Silêncios alimentados na dor e no prazer, um desafio da da vida cotidiana. No no entanto sabemos que na vida não podemos ter tudo. Ora temos alegria, ora tristeza, num dilema infinito da nossa existência. Nem sempre sorriso que trazemos no rosto é o que temos co coração. É assim a vida segue...obrigada pelo seu texto. Um carinhoso abraço ao amigo Emerson Monteiro.🌷🌷🌷🙏

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