No dia em que iniciava estudos junto ao Colégio Pio X, localizado na Praça da Sé, em Crato, ali por volta dos meus 10 anos, logo antes do começo das aulas observava um dos garotos para mim desconhecidos nas animações e intensas atividades. Um deles era Hugo, que depois seria meu amigo e companhia de bons instantes, naquela época. Logo soube que tocava acordeom, gostava de jogar bola e marcava o grupo pela facilidade em liderar os demais garotos. Sempre criativo, guardava boas surpresas e demonstrava alegria contagiante.
Noutras horas, saíamos em caminhadas pela cidade, quando, inclusive, me traria a conhecer o Bazar de Dona Zulmira, loja de brinquedos e variedades que havia na Rua Miguel Limaverde, na época apenas um beco típico do centro antigo do Crato, de belas casas revestidas de azulejo português, herança mais adiante desfeita na urbanização da cidade. A visita ao bazar marcaria bem os olhos de menino qual aparição mágica com mimos quase de tudo ignorados, dada a beleza dos brinquedos raros que oferecia. Isto conduzido pelas mãos do colega e amigo.
Hugo significava em Crato menino prodígio que iniciara a história de musicista logo aos seis anos de idade. Em cada sessão de arte do colégio detinha presença fiel, a executar com maestria as páginas do cancioneiro popular de maior sucesso, número apreciado nos programas de auditório das emissoras cratenses, Araripe e Educadora, atração respeitada por legião de fãs.
Seguiu carreira promissora, merecendo o apoio dos pais, que com ele montariam, nos anos 60, o grupo Ases do Ritmo, conjunto que marcou os bailes do Cariri durante fase inesquecível das tertúlias semanais, junto de Hildegardes Benício , Os Tops e Os Águias.
Além de músico virtuoso nos teclados, Hugo possui dotes para o desenho, havendo mostrado trabalhos nos Salões de Outubro de 1977 e 1978, e no Salão de Maio de 1978, em Crato, ocasiões quando auxiliei na organização dos tais eventos, e expus colagens e pinturas, o que exercitava naquele momento.
Dias atuais, e acompanho as atividades intensas de Socorro Moreira, junto de outros animadores culturais cratenses, para realizar, dia 14 de abril, no Crato Tênis Clube, a festa dos 60 anos de carreira de Hugo Linard, laurel merecido e justo, sobremodo vindo deste reconhecimento público a quem tantas emoções ocasionou durante a boa geração de contemporâneos.
A Hugo Linard o meu abraço de júbilo, satisfação e melhores sentimentos, visto o exemplo de pai de família e profissional exímio que nos lega e que lhe credencia ao destaque que usufrui nas artes da nossa Região.
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