Lá de quando a gente se pega a lembrar do que nunca viu e jamais conheceu. Dos lugares aonde em tempo algum pisou certa feita. Dos céus estrelados de quantas luzes de onde chegam tantos e poucos sabem deles. Dessas músicas a vibrar no coração, que vivem soltas nos quadrões desse Universo intempestivo. Campos abertos da alma. Surpresas em movimento que falam de tantas línguas e as quais raros compreendem o significado. Dos momentos que, de tão inebriantes, somem sem deixar vestígios pelas sombras e lembranças. Isto das horas em superposição a conviver nas dobras dos infinitos, distantes e absortas na própria ausência do que hoje sejam.
Deste sempre disforme a que buscar consiste em sobreviver na
lama dos destinos. Lastros enormes de verdades acesas dentro da presença que
dela ainda impossível seja ter conhecido de tudo. Luares inesquecíveis, todavia
apenas rastros de duendes e fadas grudados nas velhas dores de antigamente. Algo
tal qual a surrealidade em gestos imperceptíveis de quem adormeceu e foge da
presença, espécie de aventureiro ingrato da sorte. Conquanto desvendar a que
vieram já esteja escrito nas alturas, tais humanos seres sustentam o barco do
instante nas fibras do coração. Há florestas inatingíveis, porém. Ser-se às
margens dessas estradas onde ali convivem todos, pacientes de jornadas profanas
à procura da luz no íntimo do Ser. Querem, sim, avistar mais adiante, mas
afeitos aos gestos limitados de paixões antigas, laços de desejos apressados. E
vivem, sobrevivem ao custo de memórias desfeitas.
Portanto, de palavras e gestos, nessa busca incessante,
disto resulta rever histórias inolvidáveis que foram a razão de habitar nas
existências dagora. Transitam nas frases e nos parágrafos, em cenas infindáveis
dos passados agregados ao firmamento azul. Ficaram insistentes aqueles cinzéis
das doces certezas que ora alimentam o trâmite do desconhecido e transportam na
pele o poder de aqui permanecer.
