sábado, 20 de dezembro de 2025

Mesmo que assim não seja


Há que se viver dalgum jeito diante de tudo enquanto. Falam de portais, iluminação, lugares santos na alma, luas místicas, dias de paz...Resumem grosso modo as mil compreensões, vagos territórios até então desconhecidos, porém férteis nas consciências das pessoas. Um pudor estonteante adormece no coração das pessoas e restam filosofias cadenciadas a falar disso, da clareza que acompanha os sentimentos.

A esse ente, sobrepeso de tantos outros, segue o instinto de preservar os destinos e chegar lá um tempo na ilha da solidão do imaginário, onde impera sobremodo o tal poder de continuar vidas e vidas. Disso provêm as sociedades, reunião dos fragmentos de histórias guardadas na lembrança dos livros e salas de aula. O herói dos infinitos que percorre sem jeito o panteão das academias, o solo dos poderes além do véu, e aceitam de bom grado padecer e perpetuar a espécie.

Pudessem avaliar o espaço preenchido das vivências mais antigas, seres superiores viveriam entre as massas e contariam delas o sentido da realização. Juntar palavras dissolve, pois, o princípio das encontrar o  que alimenta gerações inteiras. Fugir sem ter aonde significa, pois, bendizer as cicatrizes da culpa e trazer de volta os mártires, serviçais do egoísmo avassalador de eras perdidas.

Quer-se recontar doutro padrão a herança daqueles desaparecidos, e transformar a expectativa das civilizações em moeda de troca dos enlaces que virão logo adiante. Os jogos e tabuleiros falam dos restos que aqui ficaram largados ao vento. Temos de identificar o rumo de abordar o mistério e fazer dele a pedra de toque do que ainda vem acontecer a qual instante.

No somatório das visões de reis e senhores do palco, sempre haverá alternativas de estruturar os roteiros. Ninguém estará a margem do que virá. As marcas esquecidas pelos vagões da memória demonstram a realidade dos encontros inesperados das humanas soluções em andamento.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Escravos da Liberdade


Seres que tais, visagens soltas em mundos desconhecidos, padecem qual tempo desta fome das horas. Sei que vivem aventureiros, porém submissos por demais ao inesperado. Vagam feitos galáxias sem fim das memórias guardadas consigo dos transes outros deixados lá no íntimo do passado. Andam cadenciados pelos campos, olhos fixos do Infinito que devora sem razão aparente. Esperam, contudo, existir nalgum dia, senhores das floresta imaginárias que lhes percorrem sem cessar os escombros. Transitam, que conheço, nesse mar de tantas aves, tantas nuvens, nem de si reconhecendo, no entanto, o motivo original de todas as letras.

Bem esse retrato fiel do anonimado das muitas criaturas em volta de imensas fogueiras de sentimentos onde existem. Vislumbram tratar do instinto e padecem dos arrependimentos. Sobrevivem a troco de, lá num momento distante, refazer os percursos de sonhar nas noites felizes.

Mas o que nos compete será sempre distinguir entre agir e aceitar as consequências. Saber-se autor dos próprios destinos. Saborear das cores a pureza do firmamento. Pisar nos astros e aceitar as luzes dos objetos de que fazem parte inestimável.

Livres, libertos, se não de si, dos gestos da imensidão enigmática. Lapidar das palavras os argumentos, no fervor das dúvidas. Eles, parágrafos inteiros cheios de ânsias e virtudes, histórias e aventuras errantes lá do mesmo coração, constroem os monumentos das civilizações e habitam esse universo inteiro da beleza em forma de desejos, e recebem de bom trado os frutos das contingências do quanto buscam. Independentes, pois, do que sejam, só em continuar adquirem o senso da História e voltam a viver, de novo, consigo pelas malhas do mistério donde vieram.

Nisso, agem sem medidas aos trâmites do Destino e gozam da beatitude trazida lá de dentro, das malhas sombrias dessas visões até então feitas de esperança e fé.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

A que nos cabe ser assim


Alimárias soltas entre causas e consequências, isto refaz das experiências este mundo vasto sob o crivo de algumas razões adormecidas. Elas imperam, determinam, impõem. Altivas parceiras do real desconhecido, eis-nos perante o desaguar das civilizações, de olhos fixos nalguma criação imaginária que segue faceiro no sentido de tantas jornadas.

Esse panorama resume as ficções que somem na crosta do infinito de nós mesmos, caudilhos de semblantes os mais diversos. São inúmeras as confrarias montadas a determinar a quê, no entanto mera repetição das noites disformes deixadas no passado. Porém o experimento testifica, por si, a que se veio. Pássaros de asas abertas ao inesperado, hoje vagueiam sobre equipamentos diversos, a estruturar novas criaturas do que restou até aqui.

As lâminas superpostas equivalem, em tudo, às ciências postas em andamento. A bem dizer senhores de liberdade imaginária, geram outras vidas às deixando no relento da sorte. Seres em rebanhos multiformes ainda percorrem sistemas arcaicos e saboreiam dos retalhos antes jogados fora, qual vez. Disso nascem as políticas, os esportes, as religiões, fatores outros múltiplos de qual rumo postular no correr das penitências.

Quando se parar um pouco e analisar os véus que cobrem o que ficou na estrada, dali advêm histórias sem conta, pudores, fragmentos, outras sequências então esquecidas. Entretanto, anterior ao que possam vislumbrar os autores, profetas, líderes, no âmbito disso ressurgem possibilidades inimagináveis. Alguns querem que mudem as letras, os romances, filmes, cantigas e repetitivas ilusões, contudo nem sempre ser-se-á presente ao que virá durante o seguimento daqui adiante, pois.

Dentro, na essência de si, viceja encantado o destino na forma de absoluta transformação, substrato das sementes lançadas aos céus. Isto a causa única do princípio universal das existências, em novas dimensões, justas, verdadeiras, inigualáveis, há de fomentar o nexo de todas as visões e rescaldo pleno dos motivos de chegar a esse instante.

terça-feira, 16 de dezembro de 2025

As entrelinhas do Destino


Falas sem conta preenchem o teto das alturas. Lá desde longe aparecem os limites, no entanto. Quais olhos abertos dalgum ser, vemos circular, no verso das criaturas, esse desejo enorme de compreender o rastro de quem anda pelo mundo. São espectros tangidos num tropel de quantas raças. Animais acesos nas fogueiras das consequências, avaliam as chances de liberdade, contudo meros autores de si mesmos.

Bem que se ouve os acordes vários das sinfonias mais distantes. Daí, versões do que pudesse acontecer a qualquer momento, nisso desfilam infinitos pelas bordas da imaginação. Vadios, soltos nos gestos, visões mergulham na essência dos objetos, perdas incontáveis dos dias e das noites, suaves atitudes na forma de criaturas. Conquanto digam as palavras, luzes que rasgam os céus nas histórias em profusão.

Eles vislumbram, pois, os gestos em volta e deixam que seja assim o trilho que percorre a floresta antiga de lendas e fantasias. Sabem, portanto, de onde nascem os credos, alimento dos deuses. Sustentam normas sucessivas de longas viagens nos quadrados abertos à frente. Querem agir, afirmar o roteiro dos contentes, outrossim cercados das vestes já rotas, muitos em nuvens de calor intenso nestas tardes sem fim.

Houvesse verdades esquecidas, ali satisfariam o senso desses vilarejos da própria consciência. Juízos gastos, mãos entontecidas, sabores até então desconhecidos, querem cumprir de algum modo o ofício de sobreviver a tudo e todos. Vislumbram, sim, as perspectivas que lhes restam, e sorriem de contentes em face do mistério que compõe os corações. Mapas esquisitos perduram a duras penas pelo íntimo das virtudes. Passados foram essas chances do inesperado onde trituram rochedos imensos nos braços que compõe o painel dos sóis abertos.

Sobretudo pensamentos insistem nutrir a beleza das flores que colorem os sentimentos. Superpõem de certezas o barco, nas marés dentro de roteiros até então definitivos, e aceitam de bom grado as servidões a que devem obedecer.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Duas primeiras estrelas


Festival de asas cruza o céu em plena tarde ao final, indicação da tendência do frio que trazia consigo a noite embalada sob as fraldas sombrias da serra, esmaecidas quando saí o Sol que fora embora, largando mais um dia à própria sorte da escuridão audaciosa, invasora de tudo.

Dentro do peito, esse vazio de não ter tamanho, ausência de compreensão naquilo do fazer de cada minuto seguinte nas pautas eternas. Pergunta frondosa encobria todo o terreiro da alma, suavizava a razão na luta de encontrar resposta através das paredes horizontais, no distante das coisas.

Viessem obrigações de cumprir papéis, passos pegajosos afora pouco ou nada aumentariam da calma dominadora das ânsias de engolir mágoas e caprichos. Vadios instantes engalfinhavam cinturas de objetos abandonados pelos cantos iguais da casa vasta do Universo.

Contudo, as mesmas esperas de lençóis revoltos jogados ao vento na manhã seguinte. Nuvens em forma de ilusão escorregam nas frestas das possibilidades e janelas fechadas a sete chaves. Sabores oleosos entre dedos calejados. Frases superpostas ao tempo, em velocidade, nas luzes que clareiam o longe do vale nos relâmpagos aflitos das chuvas insistentes.

Vezes sem conta, abraços cálidos aqueceram o drama ininterrupto das feras perigosas no cio. Folhas secas estalavam com isso. Troncos rolantes ladeiras abaixo, na mata cinzenta dos restos de árvores e fiapos de lua escorrida nas gretas ressequidas dos galhos, passada em meio à brisa gelada recém-chegada no véu das plantas nervosas.

Saudade ou bicho parecido quis cravar velhas unhas enegrecidas de encontro ao pescoço da presença contundente da vida em cada espectro circunvizinho. Apenas silenciosos vultos, recurvados ao peso das existências inevitáveis, desfilavam sorrateiros, enquanto sensação de tumulto interior realizava trabalho repetitivo de clamar por socorro aos berros estridentes dos lobos entediados no alto das serras.

Quantos séculos transcorreram nas entranhas da mata entre os vermes do húmus enegrecido, ninguém sabe, calcados na força dos músculos de raízes vegetais. Saber ninguém jamais saberá, em face das tantas negociações em aberto. Apenas a sensação de calafrio, as entranhas da gente e os animais, seres desconhecidos em bando, jogados às gamelas untadas de mel e seivas azuis. Mandíbulas de presas amoladas, hálito forte de garganta ressequida, estertorosa, sabor de fome e sede, misturado na soma de restos jogados fora, fulgores e fermentos.

Enquanto pedaços intercalados da cena reconstituem o panorama secreto, pássaros noctívagos impõem tons salpicados de chiado surdo. Corpos, um nada mais que tanto único, corpos atracados feitos insetos-gente, suados e nus, âmbito dos fenômenos revoltos da natureza viva, revolvem o barro avermelhado.

No alto, as primeiras estrelas festejavam a concretização da mudança de seres entalados na terra, nervos, artérias e veias. Dois entes esverdeados erguem os braços e tocam as faces escorridas de visgo odoroso os narizes desafeitos. E abraçam um ao outro, nessa primeira de inúmeras outras vezes.

Aqueles mesmos lugares


Ser-se quais testemunhas do que viveu, isto resume o transe de experimentar sabores, situações, estradas, ruas, num perpetuar ilimitado pelos séculos. Tocar as paredes da presença e conversar nas imagens, cores, falas, entre histórias que repetem as cenas mais antigas de uma peça monumental. Revisitar trechos da consciência ali mantidos nesses territórios de tudo, feitos seres vivos também. De comum, são eles que existem, esses momentos, não as criaturas em volta. Sustentam emoções, reações, sentimentos, desejos, pensamentos, numa horda inesperada dessas trilhas, conservados a ferro e fogo no íntimo. Enquanto isso, estão ali escondidas as histórias preservadas no metal das horas, a fervilhar quando menos se espera; chegam fácil e impõem condições. Sem avisar, descrevem, narram, o que antes aconteceu, tais acordes e pessoas. Decantam mil fragmentos daquelas ocasiões. Nalgumas vezes, quais algozes. Noutras, a título de incentivo e gratificação.

Isso que chamam de memórias; significam preservar, a todo custo, os destinos, e alimentam as consequências de haver sido daquele jeito. Assim, de dentro dessa cápsula do ser que o somos, nas suas paredes incontáveis, ficam estabelecidas as cenas dos tais filmes da gente em forma de sentimentos e resposta do feito e vivido, normas da causalidade. Espécies, pois, de alimento desse caudal intransferível, tocam adiante o princípio das certezas e a manutenção dos resultados.

Em dizer tudo, há, de certeza, a preservação do sentido através desses fragmentos espalhados fora e dentro, e conservados em si. Tetos do instinto definitivo doutras sequências, instigam mares sem fim de tantas verdades; deixam nítido o entrosamento de tempo e espaço, por meio dos viventes e da realidade que existe. A bem dizer, nisto a única existência feita de blocos soltados pelas consciências em movimento e ao bel prazer individual.

Destarte, sempre a conter na percepção o nexo de reinterpretar, estes protagonistas e autores das vidas sucedem o Infinito, largando desperta a razão do quanto houve, suspensos a meio mastro nos céus. Valores inestimáveis, assistem dos frutos as sementes do que virá logo em seguida.

domingo, 14 de dezembro de 2025

Instantâneos


Isso de viajar por dentro de si, escarcaviar as entranhas dessa caverna de onde somos feitos, espécies de estações solitárias, exclusivas, de outra dimensão. Indivíduos, seres orgânicos e, além de tudo, cientes disso, do que possam vir a ser certa feita. Nisto, nessa circunstância enigmática, sucedem os pensamentos na face constante dos sentimentos arredios. Estreitos laços dentre palavras e ideias, ali mora o Tempo, autor do quanto existe.

Nesse corredor estreito das próprias histórias, sustentar os dramas do passado e carcomer dos dias suas agruras, porém senhores absolutos das atitudes que regressão em forma de aprimoramento. Preencher de continuidade as trilhas inevitáveis aonde seguem, sobrevivem aos mesmos desafios de saber-se assim frente a frente consigo e autores do roteiro que ora exercem. Quantas vezes regressam aos antigos momentos de emoções a se desfazer nas horas já desaparecidas no vazio. Perante essa fogueira que lhes ferve das lembranças, saber do quanto viveu e, talvez, possam haver aprendido lá alguma lição.

Conviver na essência do que aconteceu, eis o destino dos quantos estejam no campo das criaturas viventes. Buscam conhecer as trilhas da contrição, no entanto ainda refeitos doutras surpresas inatingíveis deixadas no limbo do passado. A gente observa isto no teto das distâncias e distingue quase imediatamente o lustre desses limites entre as existências. A bem dizer pomos inatingíveis dalgum ente em formação, arrecadam do vento o correr das circunstâncias nem sempre esquecidas.

Desses totens cruciais, logo de início descobrem a tangibilidade dos seres iguais que andam próximos, e fazem de conta ignorar o sentido que determina sobreviver, porém aspiram, sobremodo, um dia, fazer as pazes com o firmamento e dormir contente à busca dos finais felizes. Muitas vivências, se não todas, permanecerão para sempre grudadas no íntimo de todos. As falas, os mistérios, conservarão nalguns o senso do definitivo nos instantes que jamais irão desaparecer.