sábado, 13 de dezembro de 2025

Contornos da visão


Nítidos os motivos de observar em volta, no entanto resta nisso compreender apenas metade do quanto existirá dentro desses que a isso observam. Admitem interpretar a totalidade, enquanto identificam o que ficou lá fora e nisto submetem a realidade ao que lhes resta de acreditar, fixos ao instinto das soluções que eles mesmos criam de per si a todo instante.

Daí o extremo da necessidade que submeter a Filosofia a um discernimento tão só parcial daquilo que significaria responder aos desafios desse universo inteiro. Pequeninos seres, veem ainda menor o que representa ver. Distinguem, talvez, minúsculas partículas da enormidade em si e no mundo em volta. Nisso, as palavras respiram a imitação desse quanto que ora sobra de conhecer dos mistérios os seus segredos.

Da imensa totalidade que importa mínimos conceitos perdurarem no tempo em movimento e na mente das criaturas humanas?! Padecem, por isso, do senso arrevesado de parceiros do anonimato, e seguem pesarosos o trilho da imensidão. Creio que viajam pelas sombras à procura da iluminação de que sentem o calor. Conquanto persistam na aventura da interpretação benfazeja, observam na distância o palco transcendente dos séculos, e aceitam de bom grado que seja tal e qual.

São muitos interpretes a construir do verbo a missão, porém ficam soltos pelo ar, séculos a fio, quais canções místicas dos senhores da essência. Folhas mil deslizam pelos céus da consciência doutra até agora humanidade que conhece. Contam, descrevem, superpõem. Sobrevoam os rincões da imensidade e, então, adormecem nos braços mornos das ficções. Todavia pesa saber, responder aos queixumes da ausência de respostas além do painel das verdades trazidas no íntimo. Mergulhar dentro da própria intuição e conter todas aquelas assertivas que possam revelar de vez o tanto que se procura vidas a fora.

Bom, do transitório nada resta, portanto. De quem já presenciou o mais sincero de tudo da Verdade eis aqui o campo fértil de partilhar a luz da Sabedoria ao que estejam ausentes, pois.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Alquimia da alma


Isso lá de antigamente, quando carismas pregavam transformar chumbo em ouro, e agora veem doutro modo, em reverter o ego no Eu Real, quanto à psicologia analítica de Carl Gustav Jung.

Carl Gustav Jung foi um psiquiatra e psicoterapeuta suíço, fundador da psicologia analítica. Com um legado influente nos campos da psiquiatria, psicologia, filosofia, ciência da religião e literatura, Wikipédia

Nisto, ver-se-á face a face consigo mesmo e refaz o percurso da compreensão, não mais através de jogos sucessivos de poder, se não por meio do autoconhecimento. Itinerário da longa espera de resolver o sentido das existências, certa feita distinguirá a verdadeira arquitetura da personalidade. Os dois eus identificam, portanto, o nexo da consciência e resolvem no âmago estabelecer o princípio do quanto lhes traz à presença o mistério em vida. A isto Jung denominou Processo de Individuação.

A Individuação em Carl Jung é o processo de tornar-se um indivíduo único e completo, integrando os aspectos conscientes e inconscientes da psique (como a Sombra e arquétipos) para alcançar a totalidade e o “Si-mesmo” (Self), uma jornada contínua de autodescoberta e autorrealização, diferente da mera individualidade social, buscando equilíbrio e o próprio potencial máximo da pessoa, e não a perfeição ou a fusão com o coletivo.  Google AI

Conquanto desvendar tal objetivo de continuação psicológica signifique integrar o objetivo natural ao senso individual, cabe, no entanto, ao ser humano exercitar isto, instrumento este dentro da individualidade e totalizar tal processo. A tanto cabe conhecer os segmentos filosóficos da racionalidade e reunir na essência do ser o aspecto da própria autenticidade.

Daí desde longe quando iniciavam a contar da alquimia as interpretações que levavam considerar poder fortuito de conquistas materiais, quando, todavia, simbolizava o fenômeno interior da superação da Sombra pela Luz, fator sem igual na ciência do Espírito.

(Ilustração: Carl Jung (reprodução de brandstaetter images/Getty Images).

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Universos individuais

 Assim dentro da vida, tais heróis das próprias aventuras, deslizam feitos segmentos dispares, porém semelhantes em quase tudo, um de cada lado. Vezes astutos, noutras piedosos, pacientes. Pelotões sucessivos de microrganismos desse muito espalhado aos quatro cantos, alimentam as ilusões. Senhores de desejos sórdidos. Múltiplos, a contemplar os sóis, todavia macerados, contundentes, a viajar nas sombras, e persistentes buscadores de vitórias vorazes no tabuleiro dos céus.


Trazidos que tanto a lugares mais próximos do Infinito, eis que descobrem serem o início e o final do quanto existe e haverá sempre ser. Dois esteios do mesmo pavimento. Olhos fixos nos mistérios, porém de portas abertas ao conhecimento da plenitude que ainda ignoram. E nisso tocam em frente o romance das distâncias, autores e protagonistas que tiverem sido. Fieis ao que lhes restam nalgum dia, vasculham as latas de lixo da História e de lá descobrem, certa feita, o princípio original que os trouxe até agora.

Sei que conversam entre eles, sobremodo nas noites mais escuras. Destrincham farpas sem conta dos laços que imperam querer. Trocam detalhes das antigas tradições e confundem possibilidades. Esperam, contudo, respostas aos apelos feitos nas cercanias da Luz. Sustentam, destarte, mil condições de encontrar essa resposta insistente que já carregam no íntimo de si. Superpõem verdades sobre verdades, longe, no entanto, de pô-las no colo das presenças.

Sabem, sim, de ouvir dizer dos profetas, que trazem consigo a resposta do teorema das maravilhas com que possui parentesco inevitável. De novo prescrutam territórios inteiros de filosofias, estratagemas, crenças, e aceitam visionários quais fator essencial do que poderá acontecer nalgum dia. Eles, pois, a existência em forma de negociação à frente do espelho, nexo das probabilidades desde que admitam o início original dos séculos, dos milênios, nas entranhas da essência em movimento.

Já do lado interno, a Consciência resume todas as únicas razões do desfecho sagrado à sua espera logo aqui, nas palmas do sentimento.

(Ilustração: Centro de Artesanato Meste Noza, Juazeiro do Norte CE).

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

O abismo do Infinito


A alma tem um logos que aumenta a si mesmo. Heráclito

Vem de um eco lá de longe, trazido nas abas do vento; são sinais imaginários da compreensão e da força, na imensidade feita de carne, cores e formas até hoje fruto tão só de meras suposições e pensamentos vários. O espaço, afinal, que arrasta esse caudal de existências desfeitas pelos céus e de que apenas pequenos acordes de lembranças perduram, nos olham nos últimos avisos das profecias vindas de há muito e deixadas de lado. Nisto, ficam lá fora, entre dores e queixumes, os animais extintos e restos de pertences esquecidos na memória de alguns. Funduras sem limites que sejam, separam, pois, as noites e os dias da História.

Enquanto nuvens sucessivas escrevem suas formas inesperadas nos céus, bem ali perduram antigas promessas contadas em épocas distantes sob escombros e vagueiam nessas visagens das criaturas, a descrever suas nuances em relentos ardorosos pelos rincões da Eternidade. Eles mesmos, nós, que sejam, escutam calados esses cânticos embebidos no mistério, e nisso adormecem tantas vezes, apenas cientes de preencher o mar da existência.

Quantos e tantos, um e muitos, silentes, deslizam no tempo de dentro das consciências e buscam os motivos de andar neste chão. Lutam consigo em revelar o sentido do quanto perdura face ao inesperado. Por mais soberbos que fossem, marcariam pelos ares o crivo das antigas sementes de civilizações desde sempre desaparecidas nas próprias almas.

Foram estes habitantes de reinos desfeitos que, nessa hora, fixaram nas torres da solidão seus desejos e sabores, entranhados na pele dos destinos, a rever, insistentes, o fervor da verdade que os transporta pelas gerações sucessivas. Pudessem, decerto sorririam de felizes ao saber contar essas visões do imaginário que eles mesmos alimentam no correr de dúvidas e sonhos. Prudentes a transpassar de credos as palavras que sustentaram, ouvem contentes o estribilho de derradeiras conquistas pelas encostas silenciosas que contornam os precipícios vorazes em torno deles todos.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

O labitinto da memória


No correr dos dias, vez em quando sujeita acontecer de a gente esquecer, talvez nomes, fisionomias, lugares; para, examina nas entranhas, querendo trazer de volta, o que às vezes ocorre, ou não. Nisso, as cenas a bem dizer constantes de negociar consigo próprio, no afã de recontar o que ficou na estrada, mas sem saber o armário disso. Quando, então, vêm de volta as grosserias, os embalos de contradições, atitudes equivocadas, (sei lá!), um tanto de percalços que só a existência oferece e restaram nalgum recanto esquisito da mesma pessoa. Conquanto queira-se melhor, no entanto a pedir compreensão a si mesmo ou aos outros que nem imagina aonde foram parar.

Bem isto, viver numa cercania de abstrações e ser esse objeto em movimento que pensa, imagina, pesa, sente calor, fala, se contradiz, viaja, trabalha, enxerga, namora, algo em movimento na exatidão dos séculos, a persistir nas intenções de horas absurdas, noutras coerentes. Preveem, supõem, determinam... Cactus... Roseirais... Ditos seres humanos.

Daí, as sensações de calor, escutas, recordações do que fica grudado nas paredes de dentro e servem de parâmetros ao que possa vir a qualquer momento. Antes de tudo, blocos de percepções incontáveis, a dizer do quanto significou de presença no chão onde esteve.

Nisso, o fio inevitável do que possa ter sido todo itinerário, roteiro da sorte que carrega no peito, são abismos profundos de transes aqui escondidos no íntimo, riscos incontáveis de quantos impulsos, desafios e saudades. Noutras palavras, blocos de pensamentos/sentimentos em constante ebulição, todavia algo surpreendente em termos de habitar os sentidos do Universo e tocar adiante esse projeto surreal de emoções e surpresas que o somos ao sabor de enigmas profundos, aos quais fazendo parte e desenvolvendo o transcorrer das histórias.

A percorrer quais ideias, dali ressurgem a beleza das cores, o formado do que se vê, as distâncias no Infinito, o som do silêncio, a circulação dos astros, a profundeza do firmamento, o decorrer das civilizações, os alimentos, a exuberância de natureza em volta, tudo isto a perpassar a exatidão das pessoas e o fervor das consciências. Enquanto seja, eis o significado em andamento, motivo único, tão-só, de encontrar a razão desse absoluto que contém as respostas e o significado de estar aqui.

domingo, 7 de dezembro de 2025

Livros abertos


Depois de algum tempo a claridade vem à tona e restam esquecidas as primeiras suposições do que seja essencial na cultura humana. Isso de gostar de ler, por exemplo, deixa de significar o faz de conta que ora domina a bem dizer quase tudo. Nas estatísticas, o País perdeu em torno de 7 milhões de leitores; que os livros somem numa velocidade estonteante. Quando, na verdade, quem gosta de ler jamais abandona o ofício, isto pelo prazer inigualável dessa atividade tão fascinante. Respeito os que buscam outros meios de mergulhar pelos páramos da inteligência, no entanto aprecio sobremaneira o gosto da leitura qual prazer inestimável.

São tantas as escolhas, desde caminhar, praticar esportes, viajar, escrever, desenhar, cantar, compor, cozinhar, fazer crochê, bordar, dirigir, pintar, nadar, costurar, velejar, jogar gamão, xadrez, damas, comer, beber, criar animais, etc., que nem de longe nos permitiria definir essa ou aquela tais fossem as mais ou menos importantes. Respeito, pois, o gosto das pessoas, do mesmo jeito que quero que respeitam o meu gosto.

Ao que quero crer, vivemos uma época de síntese na História. Os meios da tecnologia aceleram cada dia esta definição. Nisto quando o computador de bolso (o celular) passou a ser gênero de primeira necessidade, algo talvez nunca imaginado antes, antigamente. Aulas ilimitadas percorrer os sinais da nova mídia, permitindo conhecer autores de toda época e pensamento. Só se tem a considerar a importância e o poder desses instrumentos atuais de comunicação. Face a tanto, significam livros em profusão através dos veículos inimagináveis que cobrem os dias. E lembrar que a base disso tudo vem dos livros, desde lá longe quando nem eletricidade havia em uso.

E livros ganham o âmbito da Internet, sob a denominação de ebooks, porém impossível de superar o charme do livro físico, agora assim considerado nos novos tempos, novos sonhos...  

Realidade além dos pensamentos

 

Rios e rios de ilusão antecedem, pois, a natureza das existências. Enchem de farpas os destinos e os mantêm sob controle dalgum significado só parcial. Superpõem possibilidades outras que não a verdade derradeira do Ser. Tais frases de impressionismo dissimulador, dominam entes e ocorrências naquilo denominadas percepções imediatas, prazeres fugidios. Assim, quais senhores de sistema adverso à evolução, entes transitam soltos no meio dos humanos. Fazem deles instrumentos de jogo imaginário a que definem realidade sem o sentido no que de real signifique.

Nisto, protagonistas desse dogma na forma de desafio, os pensamentos funcionam quais espelhos, a fomentar submissão aos padrões ali estabelecidos. Imitam o querer próprio, contudo submissos ao mistério do desconhecido. Vivem, porejam, padecem, arrastam consigo o tesouro dalgum dia da pura libertação do que seja estar aqui. Mesmo que dotados de liberdade, apenas farejam o encontro, sementes doutras árvores guardadas em si em potencial.  

Heróis da sorte parcial, viajam pelas eternidades quais alimento dos deuses, ficções de sonhos imaginários. Tecem longos trechos de realidades aparentes enquanto decifram os caminhos da revelação. Nesse curso inevitável, fomentam o desejo da plenitude. Superpõem fantasias ao princípio absoluto que lhes transitam e de onde procedem. São caminhantes ocultos da consciência em andamento. Deles os mundos e os tempos se veem dotados, pigmentos de um painel infinito a criar emoções e contar suas antigas epopeias ao correr dos séculos, até então.

Valem de rascunho daquilo em formação. Percorrem o largo das criaturas a viver as vidas em sucessivas miragens. Repassam esse jeito adverso de tocar os sensos, porém na forma de artimanhas fictícias. Exaltam méritos artificiais. Isso o que os espaços do Chão definem de verdade e qualidades, embora não sejam, desse modo; apenas trastes e expectativas.

Lá dentro do tesouro das existências, transpostas as crostas do abominável, dali nascem as flores. Mineram o sol da transcendência no mar dos significados definitivos.

(Ilustração: Sessão de jazz).