Das maiores invenções do gênio humano, o automóvel chegou ao Cariri, em Crato, no ano de 1918, com o primeiro exemplar sendo aqui trazido pelo comerciante pernambucano Siqueira Campos, estabelecido na cidade e que, depois, lhe emprestaria nome à sua principal praça.
Nesse logradouro, viriam adiante se instalar os carros de
aluguel, conduzidos por personagens famosas da hirtelândia, Audísio Briseno,
Maru, Lasquinha, Menezes, Urubu, Manoel Pachola, Pedro Maia, dentre outros.
Esse, Pedro Maia, ganharia prestígio por conta do Ford
modelo 1929, sedam conversível, de sua propriedade que permaneceu longa fase no
serviço da população local, característico dos períodos áureos dos transportes
individuais de aluguel.
Dentre as proezas do tradicional chofer de praça consta
haver transportado Dr. Otacílio Macedo, médico e jornalista cratense, até
Juazeiro do Norte, em 1926, para fotografar Lampião, na célebre visita ao Padre
Cícero, pois além de motorista, Pedro era fotógrafo, profissão que desempenhou
com talento.
Um dos retratos que, naquela oportunidade, tirou do
bandoleiro das terras nordestinas tornou-se famoso, ilustração de capa de
inúmeros livros a propósito dos desmandos por ele praticados, no meio desses o
do brasilianista americano Billy Chadler, de sucessivas edições, tendo a
assinatura de Maia no rodapé da fotografia.
Certa feita, em 1977, ao lado de Antônio Vicelmo,
entrevistei Pedro Maia para o jornal Tribuna do Ceará, de Fortaleza,
matéria intitulada Fotografou Lampião e só agora narra a façanha, detalhando
a tal aventura. Integrava uma série de entrevistas idealizadas para a criação
do Museu da Imagem e do Som do Instituto Cultural do Cariri, projeto original
de Dr. Jefferson Albuquerque, então seu Presidente, o que não chegou a
efetivar.
Pedro Maia conduziu passageiros e ganhou prestígio,
sobretudo devido ao trato característico como atendia os clientes, pessoa
afável e bem humorada. Lembro quando, já na década de 60, alunos do Colégio
Diocesano, em horários de recreio e a título de peraltice, pegavam corridas no
velho automóvel, para evidenciar seu estilo arcaico diante das alunas do
Colégio Santa Teresa, airosas representantes da elite citadina.
Nessa fase, indagado quanto às especificações originais do
veículo, então ultrapassado pelas tecnologias inovadoras da moderna indústria,
Pedro Maia respondeu:
- Mexi tanto nesse carro que até esqueci a marca – e
desconsolado balançava a cabeça, a mostrar a ação inexorável do tempo,
acrescentando: - Ele hoje tem peça até de moinho.
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