sábado, 3 de maio de 2025

Pedro Maia


Das maiores invenções do gênio humano, o automóvel chegou ao Cariri, em Crato, no ano de 1918, com o primeiro exemplar sendo aqui trazido pelo comerciante pernambucano Siqueira Campos, estabelecido na cidade e que, depois, lhe emprestaria nome à sua principal praça.

Nesse logradouro, viriam adiante se instalar os carros de aluguel, conduzidos por personagens famosas da hirtelândia, Audísio Briseno, Maru, Lasquinha, Menezes, Urubu, Manoel Pachola, Pedro Maia, dentre outros.

Esse, Pedro Maia, ganharia prestígio por conta do Ford modelo 1929, sedam conversível, de sua propriedade que permaneceu longa fase no serviço da população local, característico dos períodos áureos dos transportes individuais de aluguel.

Dentre as proezas do tradicional chofer de praça consta haver transportado Dr. Otacílio Macedo, médico e jornalista cratense, até Juazeiro do Norte, em 1926, para fotografar Lampião, na célebre visita ao Padre Cícero, pois além de motorista, Pedro era fotógrafo, profissão que desempenhou com talento.

Um dos retratos que, naquela oportunidade, tirou do bandoleiro das terras nordestinas tornou-se famoso, ilustração de capa de inúmeros livros a propósito dos desmandos por ele praticados, no meio desses o do brasilianista americano Billy Chadler, de sucessivas edições, tendo a assinatura de Maia no rodapé da fotografia.

Certa feita, em 1977, ao lado de Antônio Vicelmo, entrevistei Pedro Maia para o jornal Tribuna do Ceará, de Fortaleza, matéria intitulada Fotografou Lampião e só agora narra a façanha, detalhando a tal aventura. Integrava uma série de entrevistas idealizadas para a criação do Museu da Imagem e do Som do Instituto Cultural do Cariri, projeto original de Dr. Jefferson Albuquerque, então seu Presidente, o que não chegou a efetivar.

Pedro Maia conduziu passageiros e ganhou prestígio, sobretudo devido ao trato característico como atendia os clientes, pessoa afável e bem humorada. Lembro quando, já na década de 60, alunos do Colégio Diocesano, em horários de recreio e a título de peraltice, pegavam corridas no velho automóvel, para evidenciar seu estilo arcaico diante das alunas do Colégio Santa Teresa, airosas representantes da elite citadina.

Nessa fase, indagado quanto às especificações originais do veículo, então ultrapassado pelas tecnologias inovadoras da moderna indústria, Pedro Maia respondeu:

- Mexi tanto nesse carro que até esqueci a marca – e desconsolado balançava a cabeça, a mostrar a ação inexorável do tempo, acrescentando: - Ele hoje tem peça até de moinho.

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