Entre Tudo e Nada, bem ali habita, numa cabana esquecida, o Tempo e as pessoas. Ambos cercados de circunstâncias, e conduzem lentamente o foco do que existe e existirá, indiferentes, no entanto, ao senso do definitivo. Quais, deixam correr o rio das horas através das veias do inexistente. Nesse âmbito inexplicável transitam as multidões inteiras, livres, talvez, do princípio da espontaneidade original. Transitam e obedecem, e dormem logo adiante, nas ruínas de um passado inapelável.
São inúmeras as chances de avistar o fim dos abismos, todavia
de olhos por certo ainda fechados à raiz dos acontecimentos; perenes seres
andam soltos no palco das ocasiões e se deixam ofertar nos altares dos
sacrifícios, isto, por vezes, mas, por cima, cheios de fulgor e vaidades.
Fortes atitudes desse impossível proceder persistem de tal
modo que impõem condições inevitáveis às criaturas que as adotam em tais
procedimentos, e deixam sobre as palhas que disso resultar. Alimárias do Ser
Absoluto, cumprem nisto papeis justos, determinados. Obedecem ao mecanismo da
própria consciência, contudo. Firmam pés na crosta deste Chão e só repetem o
pouco daquilo que lhes chegar aos sentimentos.
Fôssemos, pois, avaliar os extremos aonde chegar e tão só ilustraríamos
as artes de que nos fazemos crer. Daí o desejo incontido das crenças, dos
valores, das aventuras humanas em tantos universos até quando despertar na
verdade donde vêm todos, seres e objetos, tradições e movimentos, ilusões e conhecimentos.
Um exército de pudores a ilustrar o foco das alturas, nós, minúsculos amores dos
sonhos em movimento.
Passados foram, por isso, os perenes milênios, enquanto apenas
aprendíamos a tocar o firmamento com mãos inseguras, tateando o escuro das
distâncias entre os dias e as noites, no sabor de sobreviver, a quanto custo,
nessa jornada silenciosa rumo à linha tênue que divide o Ser e o Nada.
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