Eles vieram assim de uma hora a outra. Chegaram assustados com tanto ruído de máquinas em formação de guerra, mas, logo depois, se satisfizeram em apertar os gatilhos e ver a destruição que causavam naquele mundo aparentemente novo onde aportaram. E vieram surgindo por detrás das montanhas, ocupando as vilas, as cidades, morando debaixo de pontes, viadutos, que foram encontrando pela frente.
Passados que foram alguns milênios, após plantarem as ditas civilizações clássicas, quase de imediato desvendaram lá um jeito de também preencher os espaços dos céus em volta, que denominaram espaço aéreo. Dominavam tudo que fosse, só não o instinto de posse e os confrontos, aprendidos bem nos inícios. Viveram em série, submetidos aos mesmos valores que trouxeram de ninguém sabe onde.
Em breve sabiam de cor todas as letras de música, o roteiro dos filmes e dos romances mais conhecidos, as regras dos jogos donde aprendiam a enganar uns aos outros, os códigos secretos e as litanias com que hipnotizam a si, aos animais e as plantas. Do que gostavam intensamente, das noitadas zoadentas, das mesas fartas de bebidas inebriantes, das sustâncias estupefacientes, dos colchões plastificados, das viagens ditas internacionais em volta das demais, nas horas dos espetáculos esfuziantes de praças e ruas, e nisso espalhavam lendas e violência mil.
A pensar com clareza, eles persistiram a transitar nos becos e nas ruas, avenidas, autoestradas, agora já munidos de outros instrumentos também metálicos, agressivos e velozes, montados nos escombros daqueles originais, vistos desde o princípio. Raros reconhecem as próprias paixões e habitam velhas palafitas, nas estruturas de restos abandonados ainda trazidos naquelas primeiras naves ainda depositadas nos museus e cidades subterrâneas, vez em quando descobertos embaixo das superfícies inúteis que puderam criar.
Enquanto isto, prosseguem a construir o que depois destruirão nos impulsos agressivos até então monitorados pelos novos dispositivos espalhados em lugares os menos imaginados. Admiram-se do que produzem e dormem sonos esquisitos, de que, ao despertar, lembram ouvir vozes distantes, daquele tempo das eras outras perdidas na imensidão do Infinito.
(Ilustração solicitada do ChatGPT).
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