Dalguma forma houve de ser assim. Registrava-se intenso movimento em torno de um guichê de tantos funcionários, enquanto vinham todos os demais à busca das fichas numeradas de cores azul e branco. Alguns vivos; outros, viventes, apenas. Todos eles, no entanto, atentos, recolhiam seus pertences e se dirigiam apressados a outras filas, na intenção dos próximos passos naquela construção monumental.
No meio daquela azáfama, uns previstos a seguir e outros, só uns poucos, de ficar, o sonho continuaria noutros setores, vista a urgência de cuidar dos segmentos. Mesmo desse modo haver-se-ia de saber das tantas naves que ora preenchiam o firmamento, que viajavam transportando levas sucessivas. Dentro de todas, as provisões; as notícias confirmavam a sequência natural de tudo aquilo, então.
...
Momentos vagos aqueles; importava, agora, compreender a exigência das missões de repovoamento dessas outras pátrias no vácuo dos infinitos, porquanto permaneceriam bem poucos a desenvolver sistemas de comunicação entre os que daqui foram e os que permanecessem. Olhos fixos nesses roteiros, algo qual organização praticamente perfeita cuidaria do quanto seguir-se-ia daí à frente.
Isso a significar, pois, o aprendizado da compreensão. No rastro disso, pouco tempo que fosse e tudo viraria mero contexto de criaturas a cuidar das funções essenciais que ficassem. Somente os que seguissem contariam a história desse passado, dimensões e dimensões, relatórios e relatórios, lançados no espaço a quem quisesse, talvez, desvendar princípios originais. Aquilo deixado no sonho traria o roteiro das próximas estações orbitais que encontrassem pelo caminho.
(Ilustração: Gravidade, de Alfonso Cuarón).
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