sábado, 12 de abril de 2025

Luares


Fixar, pois, no tempo o ser em si, de olhos vendados, a escutar nas distâncias o significado disso, do quanto existe agora e existirá sempre. Contar dos atributos de quantos aqui tocam o sentido único desde os pequeninos traços das verdades absolutas. Olhares assim diminutos, parceiros doutras compreensões, interrogam em tudo o desejo de revelar a quem contar, senão, ouvem apenas o vazio que circula em volta do silêncio. São os detalhes mínimos das tantas noites claras do Infinito; trilhas monumentais de expectativas e sonhos. Nem de longe o som das consciências, talvez a quem escuta calado o furor das sombras. Miragens, quais sejam, tocam o impulso de viver através dos pensamentos. Anseiam, por certo, despertar dalgum sono profundo noutros palcos, noutras histórias. Sustentar o princípio da compreensão pelas folhas das horas que passam sem deixar vestígio.

Diante das buscas, tais seres ainda amorfos mergulham nas visões do Paraíso que imaginaram e aceitam desvendar apenas fragmentos de um grande todo então adormecido. Ouvem falar de entes invisíveis, doutras dimensões, doutros universos, porém sustentam o crivo da fria razão e recolhem as redes dessas muitas histórias. Lembram das ocasiões de quando aqui as ouviam, nas madrugadas lá de longe, e regressavam sonolentos aos mesmos pousos de antigamente, serviçais que foram da solidão de alguém que chegou ao destino e, contudo, narram as suas jornadas possíveis, no entanto a serem descobertas de qualquer vez.

Noites enluaradas trazem isto, sinais dessa procura de dentro, além só das palavras. À força de uma vontade, o senso das impossibilidades dalgum modo persiste, nos iluminando esses céus. E nisto, as formas de ver, os toques de conhecer, as revelações da Natureza, logo revivem: — Ainda há tempo — disse o príncipe, quase num sussurro. — Não para morrer, mas para viver. Ainda há tempo... para perdoar. (O idiota) Fiódor Dostoiévski.

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