Sei ser a literatura de uso particular de leitores afeiçoados, silenciosos, ferramenta por demais valiosa, no entanto apenas a quem nela encontra afinidade. São muitos leitores espalhados em tudo que é canto, e as bibliotecas abarrotadas, fervilhando palavras e traças, mofo e distâncias infinitas a percorrer. Raros, talvez, nos dias atuais, se interessam, na verdade, pelos tesouros acumulados de quantas gerações. Eles, os livros, dos quais guardo boas lembranças, inclusive da época em que os li com maior intensidade, algo assim quais as músicas desses tempos, marcando fases distintas da existência.
Se deixar, a memória refaz quase tudo, os títulos, os conteúdos,
as emoções deixadas, isto no abrir e fechar de olhos: Por quem os sinos
dobram, de Ernest Hemingway, o primeiro livro de adulto que conheci, da
biblioteca de Tio Alberto, irmão de meu pai. Quando minha mãe me viu com esse
livro, logo avisou que estava cedo de ler, na minha idade, aquele clássico romance
da literatura americana. Ainda que tal, insisti até o final, tornando-se dos
livros que mais me influenciaram nas leituras posteriores.
Depois, li O general do rei, uma obra-prima de Daphne
du Maurier, que também me tocou profundamente, não só pela história, mas somada
a qualidade do estilo, vindo de entre os livros que Tio Alberto havia deixado
na nossa casa.
Ao notar meu interesse pelos livros, tanto meu quanto de minha
irmã Lydia, minha mãe cuidou de adquirir Obras completas de Machado de Assis,
Obras completas de José de Alencar, Tesouro da Juventude e Mundo
Pitoresco, que atenderam em cheio nosso gosto pela boa leitura.
Nisto, na sequência, vieram as obras de Antoine de Saint
Exupéry, dentre elas O pequeno príncipe, Correio Sul, Voo noturno,
Piloto de guerra, todos de valor inesquecível. E outros de Hemingway,
que ficaram guardados na minha memória dessa primeira fase: Adeus às armas,
Ilhas da corrente, As neves do Kilimanjaro e Contos.
Houve um irmão de minha mãe, Nirson Monteiro, ex-aluno dos
Maristas, que muito me influenciou na escolha das leituras, levando-me a
conhecer livros bons, quais A conquista do Acre, A Expedição Kon-Tiki,
Vidas secas, O país das neves, A cidadela, Farol do
Norte, Cartas do meu moinho, dentre outros. Com isto, fui
despertando a procurar novos autores, até vir encontrar Jorge Amado, Érico Veríssimo,
Sérgio Porto, Fernando Pessoa, Manuel Bandeira, James Michener, Jean-Paul Sartre,
Albert Camus, O. Henry, Leon Tolstói, Boris Pasternak, Guy de Maupassant, James
Joyce, Gabriel Garcia Marquez, Anton Tchecov, Júlio Cortázar, Jorge Luís Borges,
Murilo Mendes, Alejo Carpentier, Otto Maria Carpeaux, e tantos e tantos mais,
de uma lista de grandes escritores.
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