sábado, 12 de abril de 2025

Meus amigos americanos


Transcorriam os anos 60, quando conheci em Crato uma família de americanos aqui residentes. O pai, Frank Soules, missionário presbiteriano, fora meu professor de inglês, na Escola Natanael Cortez. Ele e um dos seus filhos, Dale, que também colecionava selos, das minhas atividades naquela ocasião. Lembro bem que, depois de uma dessas aulas, acompanharia em casa, pelo rádio os discursos inflamados do célebre comício da Central do Brasil, em 13 de março de 1964, praticamente o ponto culminante da derrocada do presidente João Goulart, deposto pelos militares no dia 31 daquele mesmo mês.

Passado algum tempo, agravavam-se os acontecimentos da Guerra do Vietnã e vim saber que um dos filhos de Mister Soules, Terry, o mais velho deles, morreria combatendo no exaustivo conflito.

Além desses, conheceria dois outros americanos em Crato, nos fins da década de 60, Bill e Paul, ambos pertencentes ao Corpo da Paz (Peace Corps), projeto americano de cooperação internacional, os quais estiveram no Cariri, residindo no Bairro da Batateira. Algumas vezes conversei com eles a propósito do que realizavam longe do seu país, enquanto buscava desenvolver os rudimentos do inglês que vinha adquirindo no Instituto Brasil – Estados Unidos - IBEU. Ambos seriam chamados de volta e levados ao Vietnã, onde perderiam a vida em combates. Antes de viajar, ainda encontraria com Paul, que sabia das implicações do seu retorno à pátria, e chorava feito um menino.

Um tanto de jovens dos dois lados em luta sucumbira naquele confronto do Ocidente com o Oriente, tempos ideológicos entre Capitalismo e Comunismo. Segundo a Wikipédia, site da Rede Mundial de Computadores, o total de vítimas da Guerra do Vietnã entre os anos de 1964 até 1975 é impreciso, oscilando entre 1 milhão e meio a dois milhões de vietnamitas mortos, entre civis e militares. Parte considerável da população economicamente ativa do país morreu durante o conflito. (...) Morreram aproximadamente 54.000 soldados estado-unidenses até a retirada dos Estados Unidos do conflito em 1973.

Mais adiante, no decorrer de período que vive em Salvador, retornei aos estudos da Língua Inglesa, e conheci outros amigos americanos; a minha professora Anne, da Associação Cultural Brasil – Estados Unidos, que viera ao Brasil pesquisar a capoeira na Bahia, que me levou para assisiti a um concurso de faixa das principais escolas da luta, num dos prédios do Pelourinho. Lá estava presente o Mestre Pastinha (Vicente Ferreira Pastinha), famoso capoeirista da Boa Terra, desparecido no ano de 1981. E conheci, ainda, um outro amigo americano, Dick, com quem viajei algumas vezes a pontos turísticos do Recôncavo, de Porto Seguro, no Sul baiano, e de Guarapari, no Espírito Santo. 

(Ilustração: Estátua da Liberdade, Nova York).

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