segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Um mundo sem violência

Sem qualquer desforço físico, sem subterfúgio, nem sacanagem... Um lugar de paz e harmonia, honestidade, trabalho. Amigos revendo amigos, irmãos, parceiros de jornada; grupos de trabalho e crescimento. Tudo sendo de todos neste chão, mundo sustentável, fora daquilo que foi nas antigas esse pandemônio de guerras e traições, apreensões e lutas, gosto amargo de notícias desagradáveis, apreensíveis, que caracterizara o desassossego de plantios indigestos dos tempos de outrora. 

Um mundo de festas, agoras felizes e satisfação de existir diante da natureza e do espaço infinito das horas e dos segredos do Universo maravilhoso que nos envolve, tanto na matéria, quanto no espírito. Longe das perdidas aventuras errantes dos chefões de fancaria, marreteiros e ganhadores de farrapos, acumuladores de sucata e detentores de nadas vazios e chulos, iludidos, enganados, obesos de fome e miséria. (Que o Bom Deus os guarde no seu perdão!)

Um território que seja franco de prudência e respeito mútuo, cheio de caminhos seguros de nova tranquilidade; famílias unidas no sentido de viver com sabedoria e ânimo justo; sem perversidade e desgosto; só cordialidade entre seres humanos em sintonia com os desígnios eternos. Se há jeito de sonhar com isso há modo de produzir esse panorama de tantas surpresas só agradáveis, em corações de ritmo sadio e vibrações de felicidade.

Porquanto a fonte da esperança brilha no âmbito de consciência pura que a gente tem no mais íntimo, herança que recebemos nas luzes da Criação. Somos as peças do sistema das existências perfeitas advindas de poder maior. E contamos os dispositivos de realizar este plano a que um dia fomos planejados, diante de quantos séculos e milênios pela vida, rumo ao Sol das almas. Artesões das construções do Ser Supremo, aqui deslocamos peças de xadrez imaginário que aguarda as decisões inteligentes; isso que já demanda tais épocas de contradições que se precisa largar com urgência no passado e criar futuro auspicioso ao dispor de todos sem discriminação, matéria prima ao nosso dispor, aguardo das decisões fortes do nosso querer fruto de caracteres transformados. Nas atitudes dos indivíduos, portanto, de um a um, impera acesa luzes da renovação da realidade ainda estéril em que ora pisamos.  

sábado, 27 de fevereiro de 2016

A alegria dos peixes

Numa dessas histórias de monges orientais que viajam no tempo e chegam à nossa vontade na forma de querer passar adiante e transmitir-lhes o conteúdo, quando lá certa manhã esplendorosa, dessas de oferecer claridade em volta, nas florestas, nas nuvens, através brisa dos ventos, gosto forte e saboroso da perfeição da natureza, dois monges conversavam de cima de uma ponte, a contemplar as águas límpidas do riacho que descia das montanhas postas no horizonte de céu azul na distância. E nisso um deles rompe o silêncio daquela manha primaveril a trazer palavras de observação a propósito dos acontecimentos visíveis:

- Olha só que beleza, com os peixinhos a brincar felizes na correnteza... Além de tudo, sem quaisquer preocupações.

- Sim, vejo os peixinhos em constante movimentação – o outro considera cerimonioso. – Mas disso deduzir que se acham alegres e despreocupados fica longe no tanto de eu considerar comigo o que vejo. Como sabe que eles estão assim alegres, felizes? Como sabe daqui de cima sem ser um deles, um dos peixes ali embaixo?

O monge que iniciara o diálogo olha pensativo o companheiro e logo toca adiante na defesa do que dissera:

- Bom, até aqui tudo bem, disseste o que quis. No entanto como sabe que não sei que os peixes estão alegres, felizes, despreocupados nadando nas águas límpidas do riacho que se vai? Como sabe, então, tu que não és quem eu sou, que digo que os peixinhos nadam felizes nessas águas? Como sabes que não sei, nem posso vir saber, já que não és quem eu sou? - Com isso, durante boa margem de tempo, ele permaneceu de olhos vidrados fixos na imensidão, a contemplar a beleza do momento.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A flor atirada

A história de um místico árabe conta que enquanto se via apedrejado em sacrifício das práticas religiosas que professava, contrárias que foram à tradição dos poderosos, ele observou cair aos seus pés bela flor atirada junto com as pedras da turba ensandecida. Até ali resistira com altivez aos gestos rudes da multidão formada de criaturas ignorantes no trato com a mensagem salvadora que oferecera. 

Nessa hora, contudo, sentiu fraquejarem as forças, e viu-se rendido dominado de pranto convulso. Daqueles despreparados, que exercitavam instintos vingativos, outra atitude jamais esperaria além de jogarem pedras para ferir corpos e eliminarem existências físicas. De quem jogara a flor, porém, que, então, demonstrava conhecer algo mais a propósito dos ensinos e das práticas fiéis, aguardava maior sinceridade, no mínimo saindo na defesa dos ideais superiores. Negara, fraquejara, isto sim.

Às vezes sentimentos de nostalgia sujeitam atingir pessoas que sentem a força da autenticidade, ainda que distingam o tanto que lhes resta de chegarem às relíquias sagradas, assunto principal dos religiosos.

Existem situações em que discípulos deixam de lado a prática do Amor para aceitar fugas de lazer, esportes, vícios e acomodação. Nisso, esquecem a coerência e os pressupostos que adotam em nome do caminho de Deus, demonstração de abandono e pouca sinceridade interior que deixam patentear.

Aquele que jogou a flor no instante no martírio do árabe lapidado, mesmo que pretendesse cumprir gesto de solidariedade e reconhecimento na hora extrema do testemunho, permaneceu vinculado às sombras da covardia, sabedor de conceitos, no entanto sem praticá-los de verdade.

Não poucos agem de qual jeito, motivo, inclusive, da parábola do festim de bodas contada por Jesus, dos muitos chamados e poucos os escolhidos. Chamados às hostes do Bem todos somos. Raros, talvez raríssimos, exercitam a feliz oportunidade, razão das dores de saber o quanto adiante ainda sofrerão presos àas malhas pegajosas de transes imediatos.

Invés de jogar flores nas homenagens tardias, caberá cultivá-las no íntimo do coração e exalar o justo perfume através dos campos do dever.  

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A fuga de Lot

Depois de comunicar a Abraão e Sara o nascimento próximo de Isaac, que representaria a semente da geração do povo judeu, eles três partiram a caminho de Sodoma, onde se avistariam com Lot, sobrinho de Abraão que lá vivia.

Antes, porém, ficaram um pouco mais a conversar quanto aos detalhes da missão que adiante iriam cumprir. Disseram a Abraão que Sodoma e Gomorra chegaram no limite da tolerância da Lei, em face dos desmandos praticados através das misérias da carne.

Os viajantes seguiriam para comprovar no local a triste realidade e deflagrariam em seguida as extremas providências de exterminar aquelas duas cidades da face da Terra, hecatombe depois registrada pelos povos da Antiguidade.

Sabedor do grave prenúncio, o patriarca ainda quis argumentar que a medida prejudicaria também os justos que porventura vivessem no seio daquela gente. Daí estabeleceram cogitações dos quantos virtuosos merecessem clemência do Poder.

- Cinquenta? Quarenta? Trinta? Vinte? Dez? – saíram enumerando.

- Caso houvesse ao menos cinco justos, em respeito a esses tais preservar-se-iam as duas cidades – disseram os mensageiros, enquanto cuidavam de prosseguir na caminhada.

Dos três homens, só dois entraram em Sodoma e se depararam com Lot à porta de sua casa, que, ao vê-los, prostrou-se de rosto no chão e lhes ofereceu hospedagem. No entanto queriam observar a cidade, por isso recusaram o convite. Todavia, diante dos insistentes rogos de Lot, aceitaram pernoitar na sua residência.

Quando os habitantes da cidade souberam da chegada dos forasteiros, logo, numa atitude hostil, cercaram a casa. Reclamavam de querer abusar do corpo deles, tamanha promiscuidade dominava os costumes do lugar abominável.

À menor intenção invadir o recinto, e querendo neutralizar a horda brutal, Lot ofereceu as próprias filhas com isso querendo neutralizar a fúria dos bárbaros.

Inexistia qualquer chance de conter a fúria animal do que armavam. Nisso, ao erguer as mãos, os dois hóspedes detiveram o grupo dos agressores de imediato tornados cegos, que, tontos e sem rumo, abandonaram o local.  

As virtudes de Lot e seus familiares vieram a possibilitar que na madrugada do dia seguinte abandonassem a cidade na direção da pequena vila de Segor, aonde permaneceriam pouco tempo até se instalar nas montanhas das cercanias.

Única instrução que receberam dos dois visitantes, que no decorrer da fuga, em nenhuma hipótese, olhassem para trás querendo ver os escombros da cidade que abandonavam.

Então, com a partida do grupo, o Senhor despejou dos céus chamas da justiça mais extrema e transformou as duas cidades num turbilhão de pó, cinza e enxofre, encobrindo-as sob tormentosa nuvem de fumaça escura.

Nem ao menos cinco justos habitavam aquelas paragens, se cogita.

Aflitos e desalinhados, silenciosos, apenas Lot e as duas filhas que possuía largavam o passado nas estradas, porquanto, no contraste das sombras primeiras sombras da noite, ao longe, fria estátua de sal resumia tudo o que restara da desobediência da esposa e mãe, a refletir derradeiros claros do sol posto no íntimo do horizonte.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Luz da felicidade

O quanto de oportunidade escorre das mãos em forma de minutos abandonados, respiração e pulsações, quais a exercitar a indiferença a tudo de bom que a vida, a saúde e o tempo nos oferecem de braços abertos, e se sujeitam apenas a olhar de lado e recusar, jogar na poeira dos dias que passaram o prazer infinito de viver bem, ser de paz e luz, esperança nos gestos das pessoas, nos próprios gestos, vida afora.


Espécie de instrumentos de possibilidades perdidas, tangem o rebanho de células e moléculas que recebem do mistério da existência, e deslizam no trilho das horas quis reis de tronos imaginários só no desgosto. Pisam as flores quase nadas invisíveis das estradas feitos tontos de dramas agressivos, vilões das peças que pegam e dos descuidos atores aprendizes de si só, porém dotados de todas as chances no desempenho dos melhores sonhos.

De corações abertos e pensamentos soltos, os animais sentimentais circulam no movimento da natureza e espelham o muito pouco que até então aprenderam. Alimentam daqui, arrancam dali, somem no egoísmo das vaidades e ferem de dor as árvores deste mundo, quão pouco, no entanto, a plantar boas sementes na sociedade, na família humana, no eterno possível.

Bom, mas vim falar também nos que acertam, e quase ia esquecendo, nos que descobrem o caldeirão da realização dos efeitos da realidade. Há, sim, os que mostram certezas no que já adquiriram em termos de verdades daquilo que põe no tabuleiro deste chão. Os heróis anônimos que mantém o funcionamento da máquina que sustenta o financiamento dos cotidianos. Porquanto o Sol nasce com toda pujança e ilumina a gregos e troianos. Fortifica os direitos obtidos em quantas lutas pelo decorrer das epopeias. E preservam a família, nutrem de coragem os filhos, respeitam os amigos, satisfazem a consciência de, no momento exato, que ainda não se sabe quando, prevalecerá o bom gosto de construir quem habita no íntimo do Ser de todos nós. 

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Os livros e eu

Estudávamos (eu e meus dois irmãos mais velhos, Everardo e Lydia) no Grupo Escolar Dom Quintino, próximo de nossa casa no Bairro Pinto Madeira, em Crato, aí pelos fins dos anos 50. Eles, de manhã. Eu, de tarde. 

Lá um dia, quando, no educandário, resolveram inaugurar biblioteca para uso dos alunos, cada qual pegou um livro, daqueles livrinhos capa azul da Editora Melhoramentos, uma coleção que trazia 100 títulos diferentes. Trouxeram consigo, e chegaram perto da hora do almoço, quando as aulas terminavam e logo em seguida começariam as minhas.

Já conhecia de perto cordéis da nossa literatura popular, que os operários de meu pai compravam nas feiras da segunda; liam durante a semana e eu solicitava, formando coleção que durou longo tempo na infância. Mas livros mesmos com as características que têm, cores, formato, figuras, variedades, que lembro, só naquele dia manuseei, e com esforço, pelo desejo dos irmãos quererem ver primeiro. 

Resultado: pronto de ir às aulas, fiquei preso no interesse de conhecer mais de perto os tais exemplares, fascinado, digamos melhor. Logo depois do almoço, aquilo mexendo com meu afeto, e eu terminaria apanhando para ir à escola, o que nunca acontecera antes; espécie de paixão arrebatadora me tomara, naquele dia. Semelhante, talvez, ao que contam dos namoros proibidos, escondidos, aperreados. 

E corri vida afora com o mesmo frisson quanto aos livros, paixão arrebatadora a ponto de meus turismos significarem, no ponto máximo, as visitas às livrarias, e contar como certo recolher livros que nutrem o tempo. 

Bom, mas quero agora situar essa história, e dizer dos autores que vêm fazendo minha cabeça nesse meio século depois daquela vez de amor à primeira vista pelos livros. 

De cara afirmo que todo livro guarda em si profundo mistério nos corredores das páginas. Nenhum livro é desprezível, porquanto se não atender a uns atenderá a outros, por serem os autores e leitores cumplices no ato fortuito da escrita. Todo livro possui a razão de existir e chegar às mãos de quem ler com sofreguidão. 

Desconheço de mim sem um livro nas proximidades. Li e leio autores os mais díspares, desde Malba Tahan a Jean-Paul Sartre; contos das Mil e Um Noites a Ray Brudbury; Voltaire a Camus; Érico Veríssimo; Jorge Amado; Machado de Assis; Manoel Bandeira; Jáder de Carvalho; José de Alencar; Stanislaw Ponte Preta; Chico Xavier; os livros espíritas, com quem estabeleci uma relação de exclusividade de 11 anos sucessivos, no decorrer desse tempo; Rubem Alves; contos zen, sufi, taoístas; literatura regional do Cariri cearense, que me agrada sobremodo: J. de Figueiredo Filho, José Carvalho, Irineu Pinheiro, Padre Vieira, Lindemberg de Aquino, Padre Antônio Gomes de Araújo, Otacílio Macedo, Flávio Morais, Jurandy Temóteo, José Flávio Pinheiro Vieira e outros mais, bons  autores, familiares, fortes, telúricos, pródigos em amor à cultura do interior e sua história inesquecível; os livros dos escritores anônimos, que escrevem pelo gosto de contar histórias que se perderiam caso eles não existissem, sendo, pois, a base da grande literatura universal de todas as épocas, os autores da província; os contistas magistrais desse gênero que veio morar comigo nos meus rincões literários: Guy de Maupassant, Anton Tchecov, O. Henry, Eskine Caldwell, Edgard Allan Poe, Saki, Rabindranath Tagore; contos chineses, árabes, russos; a literatura raiz dos povos; os clássicos; filósofos de todo gênero; Carl G. Jung; Viktor Frankl; Ernest Hemingway; Kafka; livros religiosos, místicos; a Bíblia, que mais do que apenas um livro é uma biblioteca inteira, de surpresas inimagináveis ao conhecimento da Verdade e do Amor; o Tao-Té King; o Baghavad Gita; tudo num tanto de viver intensamente a doce e quente paixão que me arrebata desde o primeiro dia que nos conhecemos. 

A leitura é transação extasiante, ilimitada, enriquecedora, oceânica. O livro é amigo incondicional de quem aprecia as letras. E feliz de quem descobre o mistério dos livros, esses companheiros fiéis de vidas inteiras.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Intercessão valiosa

Das inúmeras ocorrências verificadas no decurso da Confederação do Equador, no Ceará, idos de 1824, episódio impressionante narrou Esperidião de Queiroz Lima, no livro Tempos heroicos, que transmitimos aos que ainda não leram a publicação.

Trata-se da execução de um dos sentenciados pelo tribunal militar conhecido por Comissão Matuta, no mês de outubro daquele ano, instalado para punir as hostes rebeldes. Julgados e condenados, cinco líderes republicanos seriam fuzilados no pátio da Cadeia Pública de Icó. Um desses, Antônio de Oliveira Pluma, autodenominado Pau Brasil, conforme sua assinatura no manifesto do movimento, insatisfeito com o resultado a que se via submetido, reagiu em altos brados, protestando misericórdia de quem ali se achava.

Recusara mesmo permanecer de pé, mas, sendo assim, forçaram-no em cordas a se sentar numa cadeira, onde, com olhos vendados, ainda pedia que o deixassem viver.

De nada lhe valeram as rogativas, pois logo em seguida o pelotão recebeu a ordem de preparação:

- Apontar!

E, ante os disparos iminentes, o pânico pareceu querer tomar a alma do condenado em face da morte inevitável, sob o monto de todo o idealismo que até ali dominara os atos de sua razão da existência. Outra vez, um gesto cresceu de sua voz, explodindo mais alto em reclamações de amparo, lançadas aos planos superiores:

- Valei-me, Senhor do Bonfim!

Nisto foi secundado pelo toque de comando: - Fogo!

Cessada a fumaceira, as balas achavam-se cravadas no muro onde o revolucionário permanecera incólume, sacudindo de espanto os presentes. Seguiu-se nova carga de munição. Restabeleceu-se a ordem preparatória, e se fez no ar outro grito de socorro:

- Valei-me, Senhor do Bonfim!

- Fogo! - comandou a ordem marcial.

Resultado: o alvo manteve-se intacto. Os tiros voltaram a ferir tão só e apenas o muro, para desânimo da escolta. Em meio do inesperado, tonto, pálido, o comandante reclamava prática melhor de tiro a seus homens, visando manter os praças no cumprimento do dever, tratando de retomar as determinações da próxima tentativa, que foi precedida pelo mesmo grito do condenado, tão pungente quando sincero:

- Valei-me, Senhor do Bonfim!

Os disparos se deram, de acordo com a obediência. Desta vez Pluma fora atingido por algumas balas, mas continuava vivo, segundo narra em seu livro Queiroz Lima.

Soldados de pronto se movimentavam para um quarto fogo. Nesse instante, a população presente, tocada de simpatia pelo confederado, se ergueu coesa e exigiu o direito do réu ser libertado, qual merecesse o valimento dos céus. Em seguida, essas pessoas levaram-no consigo, alheado e preso à cadeira do martírio, até à Igreja do Senhor do Bonfim, distante cerca de 200m do ponto onde a cena ocorrera, entre preces e benditos fervorosos.

Há registros do ano de 184l que dão conta de que o sobrevivente veio a ser titular da Promotoria Pública da comarca de Baturité, no Ceará, o que bem comprova sua resistência aos ferimentos naquele dia recebidos, na tentativa de execução de que fora objeto e sobrevivera, no município de Icó, dezessete anos depois.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Quadros e galerias

Os melhores quadros nunca chegam às galerias. As melhores inspirações nunca passam além do peito, isso porque não conseguem sair e dizer o próprio nome em forma de significado. E aqueles que as encontram e recebem em si próprios, jamais resistiriam dizer de tanta beleza, contar de tanta poesia, porquanto a força incontida do viver impõe a isso condições inestimáveis. Quantas vezes vêm sendo assim, pelos séculos sem fim, de se saber de coisas lindas, nos sonhos, nas manhãs agradáveis, e não saber, hoje, amanhã, nos outros dias, transmiti-las em termos artísticos. Olhar o céu, o mar, a serra, o sol; sentir a energia do som, da brisa, e não se conseguir falar de tais qualidades, impossíveis de caber em nossos pensamentos, nas palavras, nos versos, nos sons, nas telas, nos filmes, nas fotografias... Os mais destacados artistas, todavia, insistem e se entregam ao ofício de colher as flores do tempo e oferecê-las em forma de criação, para passarem de mão em mão, querendo eternizar o fugidio, multiplicar o momento, dizer de tanto mistério, e não buscar adquirir o poder das coisas perfeitas, trazê-las em códigos, passá-las além de si. Muitos até que um pouco disso conseguem, mas, sendo desse jeito, poucos são aqueles que se apercebem de tanta beleza, do tanto de poesia que transmitem os maiores artistas, para passar de mão em mão os painéis inimitáveis da Natureza, no quadro desta vida, querendo através do sonho da arte eternizar o fugidio, domar o indizível, multiplicar o momento, vencendo a impossibilidade de passar além do peito as maiores inspirações, as fazendo sair, quase sem conseguir, lançando além das vagas as doces mensagens infinitas da vagas e brisas. Isto porque os melhores quadros nunca chegam às galerias... Aqueles que os encontram silenciam, no sentido de tanta beleza, tanta poesia, a lhes doer dentro do peito, falando de algo que não podem passar além de si, porque não conseguem transmitir, dominar o momento, satisfazer o fugidio. E ficam, desse modo, a contar só as notícias daqueles melhores momentos, quadros esses que existem nas folhas soltas dos dias, nas luzes eternas da existência, porém que jamais chegam às galerias.  Diz o credo taoísta, religião chinesa de alguns milênios passados, sujeite-se ao efeito, e não busque descobrir a natureza da causa, modo de querer paz, em face de tudo que neste mundo aconteça. Feridas pedem tratamento. As palavras adormecem nos livros, almas vivas, nas luzes do sentido leve das coisas. Ontem, amanhã, cada dia..

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Alienação permitida

Bem longe disso daqui, em mundos lá distantes no infinito cósmico dos dias, chega de mala e cuia o anseio tosco de se imaginar ainda mais distante. Isto por conta do mau gosto que resolveu taramelar nas pernas dos pontos de encontro da pobre sociedade capitalista que quer dominar o mundo de hoje. Queira olhar isso e veja o que mostram os oráculos em que viraram as televisões e seus filmes esquisitos, de negro extremo, só assunto de causar espanto, e que nem um pouco me interessam, sejam quais forem eles desde que preguem o medo de viajar no tempo. Porque decidi, de alma lavada, escorar nos cantos dos anonimatos o ser ansioso que imprimia vontades de transformação social e que chegou assim troncho, de péssimo gosto, o resultado que oferecem agora. Foram décadas de luta. Horas clandestinas. Porres de esquecer o universo daquelas horas amarguradas. E em que os tais prometedores de revisão do quadro até parece que esqueceram de vez daquilo que antes disseram que fariam depois das possibilidades adquiridas a longas penas. No entanto resolvo deixar de lado o que me apresentam de renovação, e imponho a mim mesmo o forte impulso de esconder a cara nos vagões de bagagem que deslizam rumo ao desconhecido, porém querendo achar meios de alegrar a consciência na busca de valores maiores, fruto da religiosidade que mora dentro de toda criatura. Espécie de apocalipse pessoal, devolvo às eras findas o território da esperança em forma de realização do pensamento em amor aos semelhantes e práticas que acalmam os dentes do animal que impõe as condições sócio-políticas, culturais e ambientais desse momento, o que serve de alimento às feras que fabricam e vendam as armas das guerras fraticidas, corrompem as gerações no uso de drogas, jogos e prostituição, vítimas do desejo insano de nutrir a pouca imaginação que corrói o sentimento feito lama de esdrúxulos pesadelos perdidos no véu das escuridões abandonadas.

Chega, chega de vender a paz a troco de querer acompanhar o ritmo dos vilões que imperam nos teatros da ilusão. Há fortes indícios de tranquilidade quando a gente decide preencher o espaço da existência por meio do gosto bem bom de novos sonhos recentes, na arte de amar e viver a própria vida com carinho possível e claro.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Perfeição da vontade

Querer em alta no sentimento quando a razão dissera que ficasse só no mesmo lugar marcando o passo das possibilidades adormecidas. Agir de dentro qual gigante em fúria diante dos trabalhos de Hércules, no sentido de impor as condições até então impossíveis da transformação. Impor a vontade soberana da força inesgotável de poder construir a realidade em carne viva à espera das consciências na mesma forma de salvadores do vírus da conformação. Nisso os bichos correram a ver o que acontecia naquela modificação do ser que resolvera desenvolver as capacidades oferecidas no abraço infinito da natureza. Folia na população da floresta, que se iluminou ao sabor do canto dos pássaros em festa, animação renovadora das células da alma antes adormecida sobre o calor das fogueiras apagadas.

As quantas oportunidades vêm e vão no âmbito do tempo e no espaço em que habitam antigos sonhos jogados ao vento, insistência de sobreviver, no entanto, sob outras administrações bem mais coerentes e menos destrutivas, na paz das harmonias do há tanto que se espera, conquanto poucos pense que imaginar tem limite e corre o risco da ilusão.

Por isso as palavras continuam vivas nos atributos das ruas e nos becos do pensamento, a pular soltas no lugar da liberdade das pretensões e dos amores feitos água de alimentação da presença, neste dia de sol aberto e folhas secas espalhadas no céu. 

Enquanto a vontade apenas assiste essa chance de fazer o mundo novo de que as notícias falaram, os nanicos permanecem sentados no trono do rei que vai nasce do peito dos sonhadores. O verbo do querer aguarda, pois, sua decisão de rever os códigos e produzir a reação em cadeia dos elementos que compõem a força da esperança. Agir com disposição significará o motivo de levar adiante a jangada desta vida ao mar aberto.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

E essa fome de viver

Essa vontade imensa de cruzar o território longo da existência vem ser a busca de um pouso seguro aonde nos deitemos em campos de leite e mel. O instinto natural da história das pessoas, valor soberano apesar de tantas contradições desse chão comum de abstinência e fé. A doce ilusão, que perpassa quase tudo, na imensidão de mundo maltratado pela insânia da riqueza, nas minorias, e calvário de muitos deserdados das doses materiais da fortuna. Conduzir o barco da sobrevivência, no entanto, a mares por vezes de procelas e desencontros, em que corações festejam cada dia que nasce no esplendor dos horizontes quais únicas razões de alimentar a vida. O desejo enorme de sonhar com os momentos de alegria passageira, que perseveram e alimentam o prazer dos amores quantas horas desleixados e pobres, porém o que a todos cabe na esperança do carinho tão necessário a se sentir feliz, amado, aceito.

Pergunta no mínimo instigante, a que final estamos aqui nesta lida. Não diria constantemente, que habitemos a casa dos instantes agradáveis que foge todo tempo, mas a angústia compõe o quadro da existência de ver sumir a idade, a saúde, os entes queridos. É a ânsia da procura, a ânsia da cura definitiva... Há nisso a chave do mistério de existir. 

Ninguém, de sã consciência, vive só por viver. Nas luas sucessivas, o sempre anseio humano de achar a resposta, eis a essência da filosofia existencialista. Trabalhar esse conceito desde cedo, de se encontrar consigo mesmo e com o desconhecido, que pulula nos refolhos da alma. Apenas largar de lado a angústia que significa representaria má-fé, desistência e derrota. Nisso, o ser humano consiste da liberdade o seu significado particular. E continuar vale dizer do drama e da comédia a obter a resposta conclusiva, que vale insistir até o claro da consciência acender as luzes da revelação.

Enquanto isto, o segredo maior dormirá com a gente nas malhas do sentir em que viajamos e que conta as estações e dão sentido ao existir, ação possível à pequena faísca da infinita Perfeição que somos nós.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

O ritmo das tempestades

Qual tudo afinal que começa, um dia termina enquanto existência. Só há de definitivo o senso, o sentido descoberto; assim também nas tempestades que surgem em vezes vagas do tempo e invadem o território do existir, sem nele permanecer para sempre além das durações espontâneas. Ponteiros do relógio das ocorrências fortuitas, elas crescem no seio do horizonte, nos dias e nos ares, e determinam a continuidade transitória, impondo condições as mais desencontradas. Importa, porém, que signifiquem a turma de absurdos a dosar os campos das borboletas, nos seus voos extraordinários em volta do mesmo ponto. No foco daqueles furações mora o domínio da paz, ali o refúgio das atividades inconstantes que ocasionam os volteios do tempo lá de fora onde corre o comboio da agitação.


Isso trazido à história da gente quer representar diversos instantes, as sensações variadas dos objetos que a massa de ar revolve em febre. Nas ondas intermitentes das primeiras horas de dor, advém o princípio nos avisos tantos que deixam entender a propulsão das crises pessoais. O céu que ficara escuro alguns momentos e de repente fecham em forma de chuva e vento, e fazem tremer as bases da segurança universal das criaturas. Desmancham caminhos e entortam lâminas de aço, lampejam luzes em circuitos afogueados rasgando o cenário, transmissão da energia dos espantos.

Já numa fase seguinte, aquilo que antes demonstrara certeza, de instante a outro, vira meros fiapos no mar das cogitações e dos desastres. Até avançar ao centro, aquele mundo particular de tranquilidade que o coração do amor tão bem desempenhara o papel de ilha benfazeja revolve as entranhas e parece comprimir a caixa dos ossos e carnes. Uns firmam pés nesse território livre de consciência prática terrível, contudo apenas alguns, porquanto a grande maioria papoca no desespero das funções e larga o mastro central da nave principal, abandonando-se ao furor dos elementos insanos, folha jogada fora. 

Durante igual presente, outros sairão repostos do estrago deixado pelos ventos doidos; uns, igualmente, sumirão na dança da natureza e encontrarão a mãe liberdade no âmago da alma descoberta na dor das tempestades, e tocarão o pomo da felicidade, miolo da essência, a menina linda dos olhos da única Salvação .

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Zezé Bezerra

Nesse dia 04 de fevereiro de 2016, quinta-feira, morria em Fortaleza, na UTI do Hospital São Raimundo, o economista José Rodrigues Bezerra, conhecido por Zezé Bezerra, natural de Crato, onde viveu largo tempo dos seus 85 anos de idade (16 de outubro de 1930). Filho do casal Felipe Neri Bezerra e Generosa Rodrigues Bezerra, ambos de famílias tradicionais da Região, fizera sua formação entre Crato e Fortaleza, e retornara ao Cariri para desenvolver suas atividades profissionais. 

De início foi funcionário da Mesbla S. A e depois atuou no comércio cratense como sócio do antigo Mercantil Compre Bem. Na década de 60, período áureo do futebol de salão da cidade, se empenhou na campanha pela construção do Quadra Bicentenário e participou na fundação da Sociedade Esportiva Votoran, clube este que marcaria época pelas brilhantes e inesquecíveis conquistas obtidas durante a existência. Desempenhou importante papel também na Liga Cratense de Desportos e no Conselho Municipal de Assistência aos Desportos. 

No transcorrer das funções pessoais, seria Supervisor do Detran por três décadas, quando prestou eminentes serviços à comunidade, marcando presença constante na política local em face da liderança dos Irmãos Bezerra de Menezes, Adauto e Humberto nos destinos cearenses após a Revolução de 1964. Seria em Crato o representante da família na influência por eles exercida em todo o Estado.

Casado com Maria Lúcia Alencar Bezerra, teve os filhos Paulo Sérgio, Francila, José Junior, Francisco Humberto e Luciana. Paulo Sérgio, eleito vereador de PFL para mandato de 1989 a 1992, mas morreria em dezembro de 1991, cujo nome hoje se acha inscrito no plenário do Poder Legislativo do munícipio de Crato. 

As exéquias de José Rodrigues Bezerra ocorreram no Centro de Velório do Anjo da Guarda, defronte ao Cemitério Nossa Senhora da Piedade, às 10h do dia 05 de fevereiro, com a presença da família e dos amigos.   

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Nuvens metálicas

O estalo dos dias no patamar do horizonte toca devagar as fibras da alma. Às vezes, não poucas vezes, reativa as memórias, saudades imensas que dormiam caladas os refolhos da consciência. Aquelas vontades encobertas de haver largado nas ondas desejos e devaneios em troca de emoções etílicas esfumaçadas das horas inúteis. E a fresta se abre assim numa vontade agressiva de reaver o passado que abandonou o palco do momento sem nem dizer até logo, mas a força que deixou insiste permanecer enganchada nas curvas das lembranças feita encosto que persiste e revolve as sombras.

Esse trilhar das emoções está nas músicas, nos livros, nos pensamentos vagando desassistidos de realidade, zumbis dentro de nós, moleques travessos que corroem as entranhas e deixam rombos de circunferências incalculáveis até pelos poetas maiores. 

Bom, no desenrolar dessas águas do inverno a doce paz das auroras ilumina o espelho daqui de fora a mostrar a música que reúne as existências de antes com os tetos do depois, numa sinfonia de sacramentos da religião do Universo a chamar todo instante ao relógio da Eternidade. A ansiedade, pois, de vencer a solidão das horas que deixam de ficar aqui para levar a gente ao pião do desaparecimento, no entanto, ferra o sonho e quer permanecer definitivamente.  

E quem quer mesmo de tal forma bate a cabeça no firmamento do destino e demorar de receber a resposta quando houver ganhado a loteria de verdade é acertar todos os pontos de contato com o Eterno. 

Por isso a infinita misericórdia e os toques de piedade que precisamos vencer a materialidade característica da espécie em andamento.  Cabe-nos perguntar, em que madrugada deixamos fugir a esperança dos dias melhores, aquilo chamado de transformação que deu em muito festival, gosto de renovar o mundo?

Nisso em que buscávamos as velhas utopias, no tablado cinzento das lutas heroicas? Será que desta vez as lideranças autênticas levarão chance, quem sabe? Só Deus sabe. Ele sabe de tudo.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Há um ser vivo bem dentro do coração

No que pesem as guerras históricas sucessivas desses povos guerreiros, mexe vivo lá dentro das feras a engrenagem que os agita todo instante. Mesmo não fossem as grandes competições pelo território enfumaçado e pelos mercados indomáveis, haveria de aparecer no vasto horizonte novas vontades extremas de alimentar o outro animal, diferente daquele sedento de sangue e sádico de miséria, bicho sombrio das noites escuras e dos filmes dagora. Os mecanismos da fama insistem nisso, na suposição profética de que virão homens azuis, que, inclusive, já foram avistados no Egito Antigo e ficaram gravados nos desenhos das catacumbas, nas pirâmides empoeiradas, e certo dia, em pleno calor das onze horas, exemplar deles saiu às pressas de um restaurante no centro de Buenos Aires levando consigo mantimentos que iriam abastecer os companheiros à espera que ficaram em nave estacionada ali próximo. Depois, nunca mais outras notícias vieram à tona, a não ser através dos relatórios de pilotos comerciais, e só.


No entanto insisto dizer que sinto tal ser vivo que remexe querendo sair de dentro do imenso coração que pulsa e domina as circunstâncias das horas e dos dias. Possível seja, haja chance, ele até tomará de vez por todas de conta do Universo inteiro, porém as reservas do tempo ainda permitem que permaneçam acantonados, eles, invés de abafar os outros armados que persistam criar problemas nas fronteiras e aliciar profissionais da morte através das páginas de guerra que circulam pelo mundo, os tais mercenários. Esses, a troco de eliminar adversários dos regimes, saem destruindo a paz e espalhando fome, órfãs e viúvas, enquanto o ser vivo aguarda sua hora de entrar em cena.

Nesse meio de época, pulula nos corações multiplicando possibilidades e esperança, pois carrega poder estonteante em forma de luz, que vem dele na direção das consciências. Mantém os arquivos em ordem e recupera programas antigos de saudade, lembranças dos amores que existiram entre os seres humanos fiéis, sabores doces dos apaixonados lenços acenando e das promessas de quem retornará com ânimo definitivo na intenção de permanecer para sempre nas almas santificadas. 

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Sertões do Nordeste I

A tradição da historiografia no Ceará soma autores brilhantes, desde Barão de Studart, João Brígido, Padre Antônio Gomes de Araújo, Irineu Pinheiro, J. de Figueiredo Filho, a Paulo Elpídio de Menezes, Raimundo Girão, Antônio Bezerra, Joaryvar Macedo, dentre outros tão valiosos quanto inigualáveis a deixar registros documentais bem catalogados e essenciais à preservação do que aqui se deu a partir dos primórdios da civilização. Órgãos quais Instituto Histórico e Geográfico do Ceará, Instituto Cultural do Cariri e Instituto Cultural do Vale Caririense congregaram ditos próceres e os remeteram às novas gerações, patrimônio rico de cultura e saber, lições e excelência.

A manutenção viva desse fogo de consciência segue, contudo, adiante através dos que lhes sucederam em tais órgãos culturais ora mantidos e acesos. Assim nomes recentes consolidam a disposição do patrimônio histórico desta parte de mundo em obras que utilizam a documentação das origens nas fontes primárias: atas, livros de tombo, jornais, revistas, correspondência, relatórios, diários, processos judiciais, escrituras, tratados, assentos de registros públicos e privados, tudo que subsidia a pesquisa inédita. E nisso, nesse afã de reviver e conservar os dotes iniciais da história, ao menos dois nomes já despontam com seriedade e vigor no campo de pugnar e elaborar compêndios fundamentais ao conhecimento do passado cearense.

Eles, João Tavares Calixto Junior e Heitor Feitosa Macê
do, se debruçam sobre as bases de nossa história e produzem obras definitivas no âmbito da revivescência dos acontecimentos antigos dos primeiros passos da presença europeia no Sertão.

Este livro, Sertões do Nordeste I (Inhamuns e Cariris Novos), por exemplo, denota um trabalho de fôlego da lavra de Heitor Feitosa Macedo, confeccionado na Editora A Província, de Crato CE, e recém-lançado no Instituto Cultural do Cariri, dia 21 de janeiro de 2016, que bem representa o despontar da verve deste jovem advogado, que aprecia por demais o ofício da pesquisa e vem à busca das profundezas documentais na matéria prima das letras históricas. São 330 páginas do melhor resultado literário e científico, pérola que prenuncia a realização de outros feitos futuros, porquanto assim o anuncia quando o denomina pela marca de número I.

Ao tempo em que o recebemos no ICC, Heitor revela a certeza de merecermos talentos proporcionais aos mestres que nos serviram de modelo e os levamos adiante no êxito da mesma correção acadêmica de sucesso.