sábado, 31 de outubro de 2015

As perguntas

Direito universal, querer saber alimenta o prazo de existir. Busca incessante de momentos calmos, a consciência da gente desfila fagueira nessa linha imaginária dos acontecimentos, que denominaram vida, e transcorre sobre o abismo dos dias nas visões e nos pensamentos. Corda estendida de uma margem à outra do firmamento infinito, nela uns se equilibram melhor, contudo buscam todos chegar do outro lado. Há, inclusive, trabalho de calcular o quanto de pensamentos acontecem durante as 24 horas do dia das criaturas humanas. São 70.000 pensamentos o resultado desse cálculo. Toda pessoa pensa a média de 70.000 pensamentos a cada dia. 

E nesse meio disforme de circuitos elétricos que representam os pensamentos ali imperam as quantas perguntas que isto representa... Questionamentos... Apreensões... Preocupações... De pensar morreu um burro, diz a sabedoria bem humorada do povo. No entanto até na filosofia já disseram (René Descartes, francês): Eu penso, logo existo. (Posso duvidar de tudo, mas há alguma coisa de que não duvido, é de que duvido. Eu penso, logo existo).

Assim, entre pensar e perguntar a distância só equivale a estender as mãos e aguardar respostas das interrogações, pois andar é trocar passos entre dúvidas e certezas, duvidar do que virá adiante, vontade que todos têm de saber o que lhes reserva o futuro. Os jogos. As artes divinatórias. 

Qual cenoura à frente dos animais de carga, isca de empreender o gosto de viver, são as perguntas que motivam as pessoas. Depois de obter vitórias, novas lutas vêm tais razões inevitáveis. Os motivos de continuar, lucros, conquistas, mimos do mundo, as noitadas festivas das comemorações, as taças levantadas, os abraços das torcidas em delírio, o prazer de prosseguir no sabor das palavras que formam a transmissão dos pensamentos. O que o dia nos reserva? Que surpresas nos esperam a todo instante nas dobras dos caminhos? Cessadas as perguntas, divisamos o porto seguro da religiosidade interior, que caracteriza a confiança nos mistérios vivos do Inconsciente coletivo, fruto da esperança e da fé das populações diante do Ser mais que perfeito...  

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Felicidade perene

Em meio às quantas alternativas e escolhas da parte boa, eis o mistério maior da condição natural das existências que vigora em todo lugar. Tendência quase comum, as definições individuais recaem nas malhas frias do desengano. Água de ladeira abaixo, pessoas afundam a cabeça diante dos desafios, selecionando justificativas de solidão e amarguras. Cedem fácil aos impulsos das desistências. Esquecem por preguiça moral, aqui do lado, mais próximos do que pensamos, os tetos maravilhosos das imensas possibilidades infinitas de alegria que o tempo reserva a quem acredita na sorte boa dos momentos de exercitar o bom gosto. Deixam fora do tabuleiro peças chave da vitória do Si Mesmo sobre as variáveis dos destinos condenados, o que só depende da gente, e só. As indicações do desânimo parecem ter força maior. Apenas parecem. Poucos dignificam as chances de reagir contra a negatividade e vencer sobranceiros as contingências, no intuito de contar nova história. São diversas perspectivas de reduzir a nada o desgosto. Retrabalhar vitrines foscas da ilusão e criar meios de realizar outros enredos, na jornada pela vida. Há dentro de nós os dois cachorros da história dos índios americanos, deles lutarem no interior das criaturas, e que vencerá aquele cachorro que alimentemos com mais frequência. Verdade esta que significa estudos profundos da alma nas duas vertentes de eus que elaboram o sentido único das individualidades. Restam-nos, com isso, propostas esplendorosas de resolver o enigma significativo e optar pala opção de saúde, paz, prosperidade, amor, honestidade, paciência, beleza, tranquilidade, esperança, etc. soluções que flertam com nossos passos de todo dia, nos oferecem instrumentos da vontade real, indiscutível, ao nosso dispor. Querer o melhor, plantar consistência e transformar os dias em festivais de reconhecimento à sabedoria da Criação. Portanto, a resposta cabe aos deuses que somos, nas palavras de Jesus, e ainda não sabemos ser. Há em tudo meios de libertação e felicidade. Toca, pois, a todos rever os elementos em uso e construir as heranças de paz neste direito universal de ser feliz. 

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Entre o sonho e a realidade

Essa questão que por demais insiste das formações das nuvens que passam no céu e numa dessas viagens largam chuva no mormaço do chão. Onde acontecimentos que acontecem não persistem sempre, porquanto se desfazem feito nuvens que rápido passam. Acontecimentos que só vezes sem conta acontecem e deixam marcas profundas, mas que desaparecem mesmo assim nas primeiras páginas do caminho do tempo. E o tempo, que insiste permanecer, para, no entanto, sumir através da leve Eternidade, feito mensagem que deixa sinais, contudo até os sinais que deixou desaparecem nas dobras do caminho do espaço insistente. 

Isso de existir aqui e depois, logo ali, nem aqui nem depois. Quando menos espera, o que antes era deixa de ser, e novos seres se propagaram ao infinito sem pressa, outrossim sem demorar um segundo sequer. 

As pontes que ligaram as duas margens do rio imaginário das existências, transcorridas as eras, nem as margens, e muito menos o rio das existências imaginárias deixaram um lugar no íntimo dos acontecimentos, virando nuvens que separaram dois momentos na alma da gente e desaparecem levando até o momento. Perguntas valiosas crescem de tal modo no sentimento à espera das respostas maiores de quando a calma preencherá o desejo de permanecer, porquanto vida segue viver sem conta as velhas histórias impossíveis de contar, sinos constantes do firmamento onde as nuvens passaram, e de tempos em tempos deixam cair a chuva, reduzindo solidão das horas e calor do tempo.

Isto, bem isto, entre o sonho e a realidade que fala na presença dos pensamentos e quase nem chegam a existir de verdade nas respostas consistentes, porém existindo ainda que pouco ou nada, e podem dizer do sentido das afirmações que tocam outros sentimentos. A flama, a chama, que brilha feito risco de giz nas águas do tempo e pede certezas; corredor abissal de instantes fugitivos da ilusão à realidade que nos cerca e igualmente se dilui na inexistência das horas que sumiram há pouco. 

Face a face, dão notícias os sábios dos indícios fortes das verdades além das que fluem no vazio das ilusões de pensar que viver é só viver, pois reserva muito mais, e pronto.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Nas situações-limite

O primordial não é o limite das situações, mas quem escapará delas, que apresentem por mérito o talento de vencer quando atravessar a correnteza dos extremos, através dos mares da dor, da dúvida, da solidão, etc.

A tudo o que existe corresponde um resultado de ordem prática, real, aquilo em forma de produto ligado às origens, resultante do objetivo que lhe deu início, à primeira vontade, levado ao seu fim derradeiro, nessa empresa chamada vida, existência, ou missão. Não importam as circunstâncias e seus variados matizes, pois, chegado ao final, isso também ficará para trás.

O que pesa, no entanto, vem no jeito de encarar os limites, casamento feito do hífen na palavra (situações-limite), nos moldes de uma ponte resistente. Os demais fatores valem por detalhes ocasionais de menor importância, companheiros de meio de viagem, frieza que se torna fundamental só no trato das circunstâncias, na vala comum das ocorrências.

Assim como o verbo ser representa estado de permanência, as situações fazem ligação do que se acha antes com o que virá depois, do ser que define o circunstancial das situações, ligando-as a sujeitos que permanecem até sumir nas curvas da estrada infinita, enquanto existe algo acontecendo conosco jamais sumirá. 

O tempo marcha sempre, parado no mesmo lugar, fonte universal de um tônico invisível, imaterial, sol que a tudo purifica, fazendo e desfazendo, presença intermitente da realidade, luz no fim de todos os túneis por aonde se chegar.

O que vale é o equilíbrio entre as partes, a queda e a coisa que cai, a queda e a coisa que se levanta, para depois, de novo desaparecer e reaparecer noutras formas e oportunidades, essência daquilo que gerou, nas eras silenciosas, infinitas.

A propósito desse aparente estado de indiferença com que a natureza trabalha os seus fenômenos e das pessoas terem de cruzar de algum modo problemas extremos, ditas situações-limite, a história registra que Thomas Morus, filósofo inglês vítima de contradições religiosas na Grã Bretanha do século XVI, já enfermo, sem poder mais se movimentar com das forças pernas, ao chegar no cadafalso para ser decapitado dirigiu-se a um dos guardas que lhe acompanhavam e pediu:

- Amigo, ajuda-me a subir, que ao descer não te darei mais esse transtorno.

Quis dizer, noutras palavras, que dele apenas sobrariam retalhos de lembranças jogadas aos padrões da dignidade com que se opôs a cruéis perseguidores. Depois, então, mais nada restaria dos momentos que fogem, dentro da coerência e dos valores imortais desse chão. 

Num gesto simples, contou que o tempo não passa; nós é que passamos, e, conosco, as coisas, pelo movimento provisório dos relógios e dos moinhos, iguais ao brilho das ondas de oceano imaginário, no sopro cadenciado do fole que sobra as brasas na oficina eterna do destino forjando, indivisível, o futuro.

domingo, 25 de outubro de 2015

Tempo de profundas transformações

Essa vontade que revirar o verso e a realidade clamando ser diferente e já espraia pontos de vista diferentes em tudo quanto... Eis o vento forte das modificações que nos esperavam de longe nos critérios, costumes e leis. Sobremodo ao saber agora que existem verdades definitivas, no mais eterno das existências, desde dentro até o meio da bagaceira incendiada dos tempos que demoravam tanto e ganharam foro de predominância no espinhaço dos que sofrem agruras nas mãos dos poderosos arrogantes. Igualmente a necessidade gritar nos silêncios comprometedores de tantos, porém o peito geme de vontade dos desejos em criar mundo novo, fora dos costumes bárbaros imperantes, grosseiros. 

O gosto do que tudo seja bom pede espaço na consciência do povo. Entre erros e culpas, desfila o medo de amanhã pela manhã. Há que se rever o principal da civilização exclusivista de classes injustas. Ninguém dominará os poderes da Natureza imensa que determina revisões por vezes desconhecidas, inesperadas. Exploraram o Planeta ao ponto de reações inesperadas tomar de conta dos noticiários assustados e sensacionalistas. Cidades presas pelo próprio rabo, na ganância do lucro. Estradas que levam a lugar nenhum. Máquinas aquecidas no afã da inutilidade. Fome de formiga que avança nas praias da obesidade senil. Espécie de bichos do prazer, os seres que nós somos pedem amor por inteiro, alquimia de ordem feliz. 

Ouvimos que existiu um dia o início determinado pelo mistério de Deus. Lá adiante, descobrimos haver os espíritos que somos. Depois, que esses espíritos possuem inteligência e sobreviverão às mudanças radicais do sistema da vida na Terra, chegando inteiros do outro lado da ponte. Que devemos rezar, orar, meditar, pedir com sinceridade, praticar o bem, contemplar as belezas que habitam a essência. De tanto saber, agora trabalhemos a união dos corações e possamos produzir aquilo a que viemos. Solidariedade. Fraternidade. Justiça. Paz universal. 

Com isso, diante das certezas da verdadeira simplicidade, o que plantamos iremos colher, face ao mistério das revelações do valor positivo que rege o princípio absoluto do Amor ao próximo e ao Pai Supremo.

sábado, 24 de outubro de 2015

O sonho de Lincoln

A libertação dos escravos nos Estados Unidos custou uma guerra civil, a Guerra da Secessão, entre sulistas e nortistas, que durou quatro anos e ceifou em tornou de 600 mil vidas, mediante mobilização aproximada de dois milhões e 500 mil soldados.

O principal líder das ações políticas daqueles episódios chamava-se Abraham Lincoln, nascido a 12 de fevereiro de 1809, no Condado de Hardin, Estado de Kentucky, considerado até hoje o mais eminente de todos os chefes da democracia americana.

Homem simples, de origem na zona rural e afeito aos trabalhos rudes do campo, destacou-se pelo seu espírito votado às causas humanitárias, pronto aos maiores sacrifícios em favor da população negra submetida a trabalhos forçados, sem direitos à própria individualidade.

Próximo de vencer as derradeiras batalhas que levariam ao fim da trágica conflagração, segundo o jornalista Ward Hill Lamon, testemunha principal desse acontecido, Lincoln narrou um sonho que tivera dez dias antes.

Via-se o presidente a percorrer o andar inferior da Casa Branca e escutava choros convulsos de muitas pessoas, dos quais não sabia a causa e saia procurando identificar. Multidão invisível soluçava em lamentos dolorosos.

De cômodo em cômodo, ele seguia buscando a causa do fenômeno que se avolumava, sem, no entanto, avistar vivalma. As emoções descritas correspondiam a um misto de confusão, alarme e interrogação.

Ao entrar na Sala Oriente da residência oficial, deparou-se com estrado alto de câmara mortuária em que avistava um esquife guardado por vários cadetes perfilados, e larga multidão aflita.

Nesse momento, dirigiu-se a um dos soldados e perguntou-lhe quem havia morrido na Casa Branca.

- O Presidente! – respondia o jovem militar com lágrimas nos olhos. – Ele foi assassinado.

No mesmo instante, proveniente da multidão em volta, cresciam os gemidos lastimosos, levando-o a despertar e não mais dormir naquela noite, permanecendo dias e dias com sintomas de indisposição física. Para limpar ditas sensações, ainda folheara a Bíblia Sagrada e os trechos do livro em que abria todos falavam de sonhos, aumentando-lhe a presença das imagens que vislumbrara. 

Na hora em que narrava o sonho, também se achava na sala a sra. Lincoln, que  externara o pouco valor em que considerava os sonhos.

Dias após o sucedido, numa das galerias do Teatro Ford, a 14 de abril de 1865, dar-se-ia o infausto desaparecimento de Abraham Lincoln, vítima do traiçoeiro disparo de arma de fogo, à queima-roupa, feito pelo ator John Wilkes Tooth.

Ali se confirmava, de modo dramático, esse sonho de quem cumpriu a missão hercúleo de reverter o destino de 3 milhões de pessoas escravas.

Essa ocorrência vem relacionada no livro Sessões Espíritas na Casa Branca, de  Nettie Colburn Maynard, Casa Editora O Clarim, Matão SP, 2a. edição, agosto de 1981. 

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Os dois cachorros

Num apólogo oriental (nos apólogos os bichos ganham o status de falar), dois cachorros estabelecem diálogo animado a respeito do que o futuro sujeita oferecer. Nesse momento, um deles avalia:

- Pelo seu jeito calmo de ser e sábio de viver, acho que logo logo chegara a época de quando outra vez voltar neste mundo já virá como ser humano - sentenciou judicioso em relação ao amigo, outo exemplar de canino atento ao que falava.

Com aquela animada cogitação, invés de agradar o parceiro, aquilo motivou a que o outro cão respondesse até meio entristecido:

- Sei não, meu amigo. Nascer entre os homens. Huuummm! Sei não. E por cima perder o nosso direito consagrado de mijar em qualquer canto, andar pelado nas estradas e ruas, virar as latas de lixo que quiser, e, de quebra, ainda ter que trabalhar para ganhar o pão e sustentar a família?! Penso nisso agora não. 

O animal, surpreendido com as considerações do camarada de aventuras, abaixou os olhos pesarosos, a examinar os argumentos que contrariavam as felizes previsões, e diz:

- É. Parece que tem razão. Pois eu também, quando vier o tempo, não sei se vou aceitar renascer entre os humanos, não. Irei estudar com cuidado a possibilidade.

Até então eles dois ficaram restritos apenas aos pontos de vista menores de ver só um dos lados da vida que levavam e quanto ao lado de tudo que lhes esperaria depois dali. Esqueciam o tanto de oportunidades bem melhores que reserva a evolução através do processo das muitas gerações. Há que se transcender aos valores acanhados das reduzidas comparações. 

(Referência ao livro Os melhores contos orientais. Seleção e apresentação: Antonio Daniel Abreu. Tradução: Yara Camillo. Editora Martin Claret).

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Livro de João Calixto quanto ao ataque de Quinco Vasques

Quando vencido pela mãe, Fideralina Augusto Lima, e pelo irmão, Gustavo, Honório Augusto Lima se retiraria de Lavras da Mangabeira e guardaria refúgio na Serra de São Pedro, no município de igual nome, fronteiro e próximo. Havia ali também familiares seus. Honório fora apeado da Intendência da sua terra por força das armas e pelo poder de mando da genitora, que resolvera apor em seu lugar o Coronel Gustavo. Isto se dera a 26 de novembro de 1907.


Menos de três anos depois, logo no dia 07 de abril de 1910, Lavras ver-se-ia atacada de inopino por Joaquim Vasques Landim (Quinco Vasques), de tradicional família de Aurora, outro município vizinho, que agiu no comando de tropa de cangaceiros.  

Apesar dos raros registros que circunstanciem a ocorrência, jornais da época, dentre esses O Rebate, periódico que circulou no Cariri entre julho de 1909 e setembro de 1911, ainda assim o escritor João Tavares Calixto reconstituiu as cenas da época e lançou, recentemente, o livro Considerações sobre a invasão a Lavras – 1910, a reunir versões correntes dos acontecimentos. Dentre as cogitações consignadas, relativas ao atentado, dada a forte resistência dos lavrenses,  seria contido o instinto belicoso de Quinco Vasques, obrigando-o a bater em retirada, com isto consolidando sobremodo o poder de Gustavo. Dali, Honório liquidaria de vez seus negócios no Cariri e seguiria a Fortaleza, onde fixou residência e viveu até 03 de dezembro de 1938.

Os detalhes recolhidos através da pesquisa e as consequências da ação atentatória constam do trabalho de João Calixto, que, inclusive, manuseou os autos de inquérito da ação resultante, e avaliou depoimentos do próprio Quinco Vasques e testemunhas arroladas. Segundo o historiógrafo, esse episódio configurou-se como um dos de maior repercussão no cenário coronelístico do Nordeste do Brasil, à época, não só pela tentativa de deposição, propriamente, mas pela audácia na violação da predominância política estabelecida pela matrona Fideralina e o clã dos Augustos.

A história carecerá sempre de autores honestos, que a preservem e transmitam às gerações os acontecimentos, o que exige critério, rigor de pesquisa e coerência com os textos que os contenham. Neste tempo atual, o Sertão apresenta nomes expressivos do importante ofício. Autores de quarta e quinta gerações exercitam o gosto pelos estudos e demonstram nítida preocupação com as narrativas, documentando com zelo as ocorrências que marcaram o passado. 

Dentre tais estudiosos desta fase, João Tavares Calixto Junior apresenta o dedicação e o talento a isto necessários, sob estilo correto e competente.

domingo, 18 de outubro de 2015

As palavras iniciais

Quando menos esperava, a névoa escura deixou reviver os acontecimentos da sala onde vivera na claridade horas alegres – rasgava com isso o espaço através da mesma porta que permitira sumir o tempo em toda intensidade no sumidouro da realidade desfeita nas pulsações remotas, envelhecidas. Eles (tempo e espaço), por fim resolveriam unir as ações individuais na preservação de tudo que antes virara saudades enormes, que doíam em tantos momentos difíceis que as sombras trituraram. Vultos ocasionais antes que só passavam uns pelos outros feitos zumbis (mortos vivos), agora resolviam transformar os átomos da ocasião em sinais das terras do depois que nunca aliaram o foco num abraço verificado. A luz da sobrevivência se fizera dias que jamais se desfariam os átomos no tempo anterior, isto é, virara presente eterno.

Na casa materna que visitava, naquela madrugada calorenta de outubro, notou rabiscos acesos nas paredes da primeira infância, guiado pelas mãos de pessoa que já não existia aqui entre os habitantes deste mundo. Autorizado, viera trazendo dos armários do quarto os objetos do passado, cartilhas, rabiscos, cores, e recriou o presente novo, em meio a sentimento forte em atualização das horas antigas, reconstituição do tempo em novo espaço. As emoções opacas ganharam forma outra vez. Clareava o passado do tempo e aliava o espaço em outra existência. Isto no sítio onde acontecera nas malhas do fluir contínuo que sumira nas páginas percorridas e desfeitas, restos de memórias entranhados na pele grossa do hoje.

Marcas fortes dessas ondas ficaram assim gravadas de dentro do sonho em forma de gravura e movimento, regresso lá dos penhascos a bruma do desejo de preservar o que nunca deixara de existir na alma das criaturas humanas. Força de consciência ganhava poder de juntar entre si espaço e tempo, idílio definitivo de realidade no romance de almas afins na presença justa e forte que reuniu e amor e vontade.

Isto na pessoa, cá no centro do palco das percepções, na estrutura dos sentidos que oferece consciência, espécie de valor único universal dos personagens atores da cena dos acontecimentos desfeitos bem atrás. Seria o casamento deles dois, Espaço e Tempo, bodas perfumadas de ouvidos e visão, equilíbrio de saudade e permanência, no íntimo do ser que somos nós, idílio de esperança com felicidade em final feliz sem fim.

sábado, 17 de outubro de 2015

Há que se pensar em meios melhores

Pois a seguir assim chegará um tempo quando se tornarão irreversíveis a transformação e valorização da solidariedade, a prática dos ensinamentos de amor e paz. O nível de arrogância ora atinge proporções jamais vistas, limitando a existência de todos sem nenhuma exceção. Que desgosto viver em mundo inseguro, estranho ao gosto de usufruir das benesses da natureza. Andar pelas ruas e sentir-se um bicho caçado pela injustiça que sofrem as massas humanas abandonadas ao relento do sistema. 

Por isso, há que se pensar em outros meios de viver com harmonia e considerar a importância dos sentimentos bons, invés da luta inglória de sobreviver. Olhar no outro um irmão com quem poder estabelecer relações de tranquilidade sem riscos de surpresas desagradáveis. Acreditar na certeza dos dias de sol, diante das tantas limitações que ainda impera nas sociedades agressivas. Elevar o sentimento a conceitos de família onde prevaleçam o direito de todos, as chances e alternativas que envolvam trabalho coletivo de sucesso, união de forças em prol da realização dos sonhos do progresso e da felicidade tão desejada.

Quantas gerações se perderam nos corredores da ingratidão; quantos crimes cometeram gestos obscenos de egoísmo desmedido, na guerra continuada pela posse dos bens materiais. Na ausência de segurança, desejos insanos ocuparam lugares do amor entre os seres, mostra de ausência da confiança nos poderes maiores da esperança. 

Construir história de quando as pessoas honestas, pacíficas e amigas triunfarão. Trabalhar no coração o valor da consciência limpa, longe de armações e fraudes. Elaborar planos de participar quais criaturas autênticas, livres das amarras agressivas do desespero. Erguer na alma a luz da verdade iluminando caminhos que ofereça a justiça plena de organização social próspera.

Palavras e frases que podem trazer conceitos de aproximação e confiança entre nós, alunos da escola deste lugar em que habitamos e orientamos os filhos. Nisso, afirmar com intensidade o sabor infinito de todas as possibilidades em fase de elaboração no Infinito das horas em movimento. 

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

O dia em que a sombra resolveu se libertar

Também não seria fora de tempo e propósito. Talvez agisse de caso pensado. Há meses já dava sinais de impaciência disso de andar presa comigo aonde fossemos, sempre de olhos baixos no percorrer o chão e passear a marca escura do corpo que possuía quase nenhuma presença. Mancha ausente que deslizava pelo papel fosco dos dias, observava apenas os meus passos, de modo comprometedor, qual planejasse largar meus argumentos de lado e sair a uma carreira solo do existir. Ainda assim eu acreditaria pouco (nada, a bem dizer) que resolvesse deixar de fora dos seus projetos futuros a ligação dos dois que alimentamos vida afora, cruzados milhões de séculos até ontem.

Porém o tempo escorregava devagar pelos dedos das horas e preservei quanto pode minha autoridade sobre ela. Semelhante às empresas que trabalham com matriz e filial, nunca escondera a função do seu papel secundário no jogo de claro escuro das considerações eventuais. Haveria, sim, por dever de ofício, de aceitar de bom grado a pura condição da obediência cega aos ditames originais, relação clássica de objeto e projeção. Ninguém, que nasce a ser sombra, chegará às raias do estrelado. Por que insistir e querer ocupar o trono lá onde senta o rei nas suas audiências?

E foi desse modo. Ela arrastou período demorado na longa subserviência dos atores secundários no elenco das películas. Silenciava muitas vezes o desgosto de preencher meramente o desejo de espalhar as cartas e nunca jogar de vera. Contudo, acho que por instinto de afirmação, daquela companhia se daria por satisfeita. Jamais andara pelos becos da imaginação, ou até viajara nos sonhos da liberdade, o que revelar na tamanha audácia daquela ingratidão de largar o prospecto e mergulhar noutros mares das superproduções independentes.

Pois nisso de dar uma de professor competente, aluno exemplar dos especialistas em fugir, escolheu ocasião inadequada, quero aqui confessar. Sumiu sem deixar menor vestígio. Caso levou alguma lembrança, penso que nem disso cogitou, talvez no propósito firme de vencer melhor a solidão, no lusco-fusco da madrugada fatal. Bagagem, isso garanto que esqueceu. Conto as meias, camisas, outras peças de vestuário, calçados, manias, nenhuma falta nada que denuncie usufruir lá na estrada o direito de posse.

Enquanto aqui comigo quero considerar ser melhor sentir saudade do que transportar a dificuldade amarga do vazio e da ausência de um tudo.

Cariri Cangaço 2015

Movimento cultural de resgatar a história do feudalismo nordestino pelos caminhos de interpretação consistente, eis o que sintetiza o empenho dessas personalidades, sob a coordenação do pesquisador Manoel Severo, que fazem o esforço de seguir as mesmas estradas percorridas pelos cangaceiros, andanças de conhecer os meandros de um tempo que ficou relegado ao ostracismo do segundo plano, estigmatizado na memória brasileira. Através da aproximação de estudiosos que buscam resquícios derradeiros do que acontecera no Nordeste à época dos bandoleiros armados e perigosos, mineradores de fina estampa viajam e trocam opiniões e dados, resgatam filmes, fotografias, histórias orais, publicações esquecidas, entrevistam personagens que ainda guardam lembranças das famílias, jornais, revistas, depoimentos, Trabalham, pois, a função de recolher e avaliar pedaços abandonados do confronto entre caboclos e senhores que forma as origens da cidadania do Sertão brasileiro, passados já quase cem anos das tais ocorrências, eis resumo do que executam agora os membros dessa instituição, no afã de ampliar a panorâmica apenas conhecida através da versão dos vitoriosos.

Neste ano de 2015, os Cangaceiros Cariri (Cariri Cangaço) já realizaram atividades nalgumas das comunas que foram palco de refregas do passado carrancista e violento, romantizado e estigmatizado nas memórias das gentes. O grupo, formado por nomes da cultura de todo território nacional, soma escritores, conferencistas, artistas plásticos, cineastas e fotógrafos, professores, médicos, sacerdotes, advogados, donas de casa, estudantes, todos aficionados apreciadores da literatura interiorana, empenhados na identificação dos segredos marcados de sangue, pó e sacrifícios humanos; e formula itinerários que evolvem também a fé da nossa gente. Por conta disso, chegou ao Cariri central, cidades de Crato, Juazeiro do Norte, Missão Velha e Lavras da Mangabeira; reuniu seus membros e moradores do lugar na firme intenção de conhecer in loco a essência da epopeia que investiga há 15 anos, desta vez aprofundando o papel do padre Cícero Romão Batista no desenrolar da cena dessa história tão rica e apaixonante.

Somadas visitas aos sítios históricos, palestras e divulgação de publicações, esse grupo tratou de interagir com os intelectuais das localidades, deixando bem viva a disposição honesta de encontrar o sentido da missão que abraça focada na verdade do povo, sob a consciência de novas teses e valores clássicos.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O otimismo é uma conquista

Livres das maquinações puras e simples dos acontecimentos, há meios de esperar sempre o melhor sempre, de ser otimista o tempo todo.  Lição das mais importantes de exercitar no dia a dia, significa isto gostar de usufruir dos praticados que se vêm pondo em uso nesta vida. O freguês deve aguardar, sim, aquilo que multiplicar, os frutos do que põe em andamento no decorrer do tempo. Esperar o melhor, mas plantar o que é bom. Ninguém, de sã consciência, será capaz de imaginar que a Natureza funciona à toa, dando de graça a quem não mereça, no agrado das conquistas forçadas dos que andam ansiosos de aventuras e de tomar o que aos outros pertence. Sábios ensinam que Deus não joga dados. Noutras palavras, nada acontece por mero acaso.

Ao compreender isso, tona fácil considerar a Lei do Merecimento, de a cada um conforme o que tenha de direito. Daí o valor do trabalho, do estudo, das boas práticas da justiça pelos momentos deste mundo.

São aprendizados que a experiência mostra sem sombras de dúvidas. Conhecer de perto os mistérios dos acontecimentos. Nada ocorre por acidente, até mesmo os acidentes exigem leis que lhes motivem. Todo trabalhador é digno do seu salário, nas palavras de Jesus. Ninguém foge ao seu destino, diz o povo. Tal vida, tal morte, acrescenta o senso popular.

E conhecendo tais certezas, resta planta o bem, o honesto, o justo, quais sementes lançadas no caminho aonde um dia transitaremos, nas voltas que o mundo dá. Norma de boa consciência, quem querer colher margaridas não planta manjericão. Sonhar de olhos abertos isto significa.

Alegrar a existência própria e a dos demais representa, pois, fator de felicidade, num visão leve e agradável de usufruir das benesses da existência. Quem planta brisa não colherá tempestades. Até os prazeres hão de trazer consigo as raízes da satisfação dos outros seres humanos, permuta necessário do viver com habilidade.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Instinto de paz

São tantos os registros, que a história conhecida desta Terra significa mero banho de sangue irmão, numa perene tragédia selvagem. Nenhuma página da epopeia desse chão ficaria, até hoje, só nos momentos de paz e harmonia entre seus habitantes. A rapinagem do poder temporal destrói, inferniza as famílias e reverte o progresso da civilização. Sejam capital e trabalho; sejam domínios de mercados; sejam lutas territoriais pelas terras e riquezas naturais; o resumo demonstra a impureza das dores acumuladas nos compêndios. 

Desde Caim o homem utiliza da violência querendo impor aos demais contradições das feras. Ainda vítima das limitações dessa condição humana, usa a energia no desespero de comandar as imposições do orgulho e das fraquezas morais, utilizado os meios de que dispõe para excitar o lobo dentro de si contra os próprios iguais, e mede forças nas questões políticas, sociais, ocasionando as guerras, combates perdidos de paixões e mágoas. 

Sabe-se, no entanto, do empenho dos santos e sábios em pensar diferente disso. Bem ao lado da sangueira, acontecem conferências de paz, exercícios da diplomacia, amores e sonhos idealistas. Porém a balança insiste pender ao negror das derrotas nos pós-guerras constantes. Reorganizar os bens produção, amparar órfãos, viúvas, inválidos, e seguir a enfieira dos desvarios qual sem nada aprender em termos de visão consciente parece mostrar a face do monstro das espécies. 

A interpretação necessária de tais ensinos exige maturidade, não apenas dos principais. Todo ser, do menorzinho ao maior, possui responsabilidade em relação aos resultados coletivos. Há um preço a pagar ou a receber, dependendo das nossas atitudes diárias, nossas intenções. O todo é a soma das partes. Ou qual diz a ciência da Gestalt, o todo é maior do que a soma das partes. E lembro Gandhi ao afirmar: Um vibrando para o bem vale mais do que milhões vibrando em sentido contrário. Realizemos o sonho bom de construir o mundo novo em que tanto imaginamos. 

Gerações esquecem as lições. O que antes representara desgosto passaria a ser aventura de conquistas. Pouco, quase nada, mudou em termos de aplicabilidade daquilo vivido nas outras eras. Vale viver o sonho da Paz.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Reencontro das paralelas no Infinito

Fogos aqui distantes quais naves acesas voando pelos céus de velocidade a lembra a noite dos filmes da intensa fantasia e seus melhores momentos. O mocinho chegava ao rancho vencedor das intempéries injustas, na certeza de que o mal sumira no abismo do passado. Enquanto a praia abraça o mar no furor de paixão que jamais existiu. Bem ali, as duas descobrem essência no sabor natureza do mistério, e interpenetram pensamento em sentimento, sombra e luz, as duas faces do segredo que, feitas forma única dos fenômenos tempo e espaço, único Ser revela o foco dos romances em estrelas de traço luminoso riscando a noite pura deste dia luminoso.

Satori das religiões universais, rebanho pasta nos prados da Felicidade aos olhos de pastor silencioso, que observa em paz o clarear das consciências em calma. O momento envolverá as formas dos poemas nas vestes suaves da tarde harmoniosa. Alegria varre de vez o furor da violência, em seu lugar a lugar energia existirá no sempre inexistente. Cicatrizes das guerras desaparecem no vazio da bruma que sumira ao calor do Sol das carícias da Lua embevecida nos mesmos braços de beleza inevitável. 

Duas crianças, pegadas nas mãos, assim adiantam os passos em equilíbrio na tênue linha do horizonte, risos inocentes de pureza absoluta; banhadas na chuva de amor, enxugadas ao vento real da imaginação, governam as circunstâncias antes impossíveis da possibilidade. 

Depois de percorrer as gerações ao redor do globo, a noite adormece na alma das gentes, abre os olhos e assiste o presente definitivo das horas que nunca passavam, reunião total das identidades em perene felicidade. As ilusões eram sinais da realidade que agora de azul vira vermelho e de vermelho em azul, perante o Eterno Pai. 

Pressa e calma, fieis da balança na sintonia dos instrumentos, tocam a melodia divina do verso no silencio que afastara lá longe as águas turvas do mar da História. Adeus em bênção, tristeza na concórdia. Atitude definitiva dos elementos em completude. Segundos em primeiro. Milhares num só. Pronto. Um. 

domingo, 11 de outubro de 2015

Usinas solares

Assunto por demais importante nesta época do desenvolvimento humano, a energia limpa ganhou espaço nos negócios, ampliando sobremodo as riquezas oferecidas pela tecnologia sem ocasionar danos ao meio ambiente da Terra. 

Outra experiência de extração de energia através dos reatores nucleares, por sua vez, antes de aparência inesgotável, contudo resultou depois assustadora, em termos do que já provocou contaminação e desastres, dita exploração que os alemães ora principiam desativar.

Madeira, carvão mineral, petróleo, rios, vento, Sol, álcool, átomo, nunca deixou a Natureza de franquear meios de sustentabilidade às gerações, ainda que exijam inventividade e trabalho constante na aplicação prática. As matrizes energéticas reclamam do sentido de uso a busca ideal, nas diversas ofertas trazidas à utilização.  O petróleo, por exemplo, matriz natural dos combustíveis fósseis, determina modelos de comportamento industrial predominante em volta do globo, através do automóvel, fator de deslocamento no entanto responsável pelas principais mazelas relativas ao clima e à poluição da Era Contemporânea.

Energia solar, contudo, indica alternativa benfazeja. Originária do meio externo ao planeta Terra, devido aos fatores da técnica e com o uso das placas fotovoltaicas, disponibiliza números infinitos de aproveitamento, isto sem riscos e consequências. Assim, o perfil da luz solar concede ordenamento inesgotável aos meios de produção da sociedade, distribuindo as forças naturais a todos os países, inclusive às regiões mais pobres antes largadas de lado em face dos climas excessivos menos agradáveis, refugos das classes dominantes. Aspectos outros da sociopolítica vêm à tona, possibilitando disposição da riqueza em partes justas, face aos tais bens de produção.

Renascem, por isso, novas esperanças de que civilização da Terra se liberte dos monopólios a países imperialistas e detentores exclusivos das fontes originais da riqueza, o outro nome das fontes da energia.   

sábado, 10 de outubro de 2015

Aceitar a condição

Se eles pensam até hoje ninguém sabe, eles, os animais. Quem pensa: os seres humanos, esses outros animais cheios de preocupações desenfreadas. No entanto de quem pensa tem de esperar sabedoria, o que nem sempre acontece, face reações aplicadas ao contexto da natureza. Os índios dos continentes deixaram marcas diferentes, pois evitavam destruir, na intenção de sobreviver, contudo os civilizados demonstram resultados aterradores. 

A condição, que diz respeito a essa teimosia dos habitantes daqui do chão feitos touros raivosos em loja de porcelanas, a tudo revira e vende, angústias desarvoradas na forma de protagonistas do teatro absurdo que trabalham, pois teimam rasgar o véu da tranquilidade nas peças que encenam. Revoam garças assustadas nos objetos mecânicos que criaram, e olham desconfiados de duvidar do que fazer, o mais certo que tivessem de fazer. Criam milhões de meios de comunicar e insistem guerrear a fim de resolver a questão da vida depois das ações equivocadas.

Prudentes pássaros engaiolados em jaulas de vidro, vadeiam as praias poluídas do desamor, carregando o drama da humanidade inteira ainda longe de receber as respostas  mínimas de ontem.

Todavia diminui a chama das amarguras quando divide a dúvida de existir perante céus de ignorância. O impulso de salvar qualquer parte de si mesmo junta as peças quebradas desses quebra-cabeças num dos estádios da consciência e reclama intuição que auxilie diante das dúvidas. O faro de certezas preenche tal abismo inalcançável. Valores da alma da gente reclamam paz; vez em quando oferece luz na presença das dores do imperar as vaidades nisso tudo. 

Há chances infinitas na vastidão desértica sob pena de doer. Querer ninguém quer doer além da conta. Vem à busca do grau, nas jornadas de conquistar os dias, espécie de teor matemático da arte de pensar e não desistir. Houve deuses, há Deus, há Luz, Esperança, bem na outra margem de nós mesmos, o que nos aguardam de braços abertos.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

O paraíso das vísceras

Repensar aquele tom avermelhado das falas de quem vive do prazer simples de comer, correr e dormir, fantasmas do glamour da carne, intrépidos ídolos da fome dos vícios. Bom, nisso vivem todos os seres mortais, entregues aos ditames de si apressados. Que mais é que tem essa programação? Que alternativas nascerão de andar pelas calçadas à busca do pão? Formigas existentes vagando nas trilhas da intuição do peso às costas, e carregar objetos às coleções guardadas no sótão, meros valiosos agentes da fama, Olhos fixos nesta vontade melhor que desistir. 


E lá fora o Sol a romper as amarras da treva ainda no coração das criaturas humanas. Sussurros de liberdade que evoluem das ondas do mar e sobem os barrancos do continente, acarinhando a solidão das tribos do interior. Fios de água que escorrem distantes, planetas milagrosos de inteligências em libertação. 

Por isso que conta imaginar meios de rever o progresso das máquinas enquanto máquinas, seres só mecânicos, frios, azuis de aço, jogadas depois na lama dos aterros sanitários. Reconsiderar as possibilidades do encontro de outros instintos que ofereçam alegria em forma de amores lançados aos céus das almas em profusão transcendental. Somar os valores, as descobertas agradáveis de animar o teto do Universo. Mostrar as fronteiras da felicidade que nos toca os pés de barro e segredam histórias maravilhosas de criatividade e fulgor. 

Limpar as lentes dos lagos, trabalhar o gosto forte da existência no brilho das cores multiplicadas nos céus. Desfrutar da água transparente dos rios virgens no pulsar das criaturas. Multidões de sonhos a preencher o espaço aberto das manhãs em festa. Construir os instrumentos de superação do sofrimento, das agonias. Ver o mundo com a visão nova dos religiosos sinceros. Trazer ao momento luzes intensas da real honestidade em tudo. 

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A verdade não televisiva

Quando viram a multidão vagando de barco pelo Mar Mediterrâneo em corrida desesperada nas praias da Europa a busca dos meios de sobreviver, chegar à Inglaterra através da Hungria e de outras repúblicas próximas, receber asilo da Alemanha, da França, eles sentiram que o problema lhes diz respeito diretamente. Os fugitivos da guerra na Síria, pessoas tão civilizadas quanto qualquer um ocidental mediano, trajados nos talhes desta parte de mundo, que o domina nossos hábitos e praticam a propalada civilização, viram a profundidade dos acontecimentos. 


Daí, cuidaram em montar as conferências que resolvem ou amenizam o assunto das guerras. Superpotências esquadrinharam a história, consideraram a peleja que já matou dezenas de milhares e parece marchar a um impasse internacional, resolveram defrontar as contradições do governo de Bashar al-Assad, apoiado pelos russos e combatido por grupos assistidos pelos americanos.

Naquele fogo travado, surgira o Estado Islâmico, milícia armada que expande sucessivas zonas de influências e desorganiza a sociedade civil, gerando as levas de refugiados espelhadas pelos países europeus.

Diante desse quadro aterrador, as nações desenvolvidas do Ocidente estruturam represálias que reduzam a expansão do conflito. Em tese, combatem numa estratégia de bombardeiros localizados, sem o envio de tropas, alvos relativos aos rebeldes do Estado Islãmico. Esta semana, bombardeio equivocado destruíu hospital dos Médicos sem Fronteira, causando mortes também de civis. Na sequência, os russos questionam atacar o governo sírio e resolvem escolher alvos dos rebeldes que querem destituí-lo, os tais que recebem apoio dos norte-americanos. 

Na primeira semana de outubro de 2015, toneladas de bombas atingem os redutos da oposição ao governo e dos islâmicos, motivando descompasso das propostas iniciais da solução apresentada, num festim de ataques vistos à distância pela televisão, reprises dos tempos famigerados da Guerra Fria, de tão decantada superação, e as guerras da Coreia e do Vietnam.

Espécie de videogame do poder dos grandes, a sorte dos habitantes das zonas conflagradas depende só da destreza dos participantes, porquanto dessa diplomacia de eliminação em massa que Deus livre! 

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Domínio solitário

Nas tardes mornas, quando os pardais xamegam no silêncio de outubro há pouco refolhado, e o rádio toca velhas canções de saudade, o coração sacoleja no peito falas de jeito surdo, nas apreensões da solidão. Da lucidez, algo sagrado reponta pelas frestas calorentas. Nisso, andarilhos param nas esquinas em busca de rever amores perdidos, barba por fazer, sacos encardidos às costas, de dramas acesos nos olhos tristes. Apenas ausência de outras horas, outras terras, enquanto o relógio monótono desconta cada segundo, passo cadenciado dessas moendas que pedem paciência de mãos estendidas ao infinito.

Aqui dentro, nesta sala enorme de vazios preenchidos de trastes, na luz da esperança contida, uma fome sorrateira de novidades se arrasta pegajosa pelas galhas retorcidas do jardim. Lágrimas em poças ainda recentes cintilam tinta brilhosa dos carrões de luxo que deslizam entre motos e semáforos, rápidos bólides, nas malhas frias das ilusões, enquanto uns silêncios impacientes de novo apresentam credencias às portas do calor.

Quer-se fazer de modo à toa coisas antes feitas de forma inútil, para reter o tempo em nós, porém as faces do presente reclamam folhas novas às árvores da vida. Amores flutuantes ainda persistem, acalmando a sede do prazer, clamor de rês desmamada, sabendo, contudo, ser eterno o direito dos prazeres que permanecem feitos fiapos durante o percurso do espírito ao caminho da luz, frias madrugadas abissais.

Quereres atrozes na carne... Doces espasmos de culpas... Descem os bichos à represa para beber água no sumir do dia. Eu, aqui, vulto pensante de ser sofisticado, me olho por dentro do que sou e revejo possibilidades na sombra que se desprende longa no estirão do sol. Quero a tranquilidade do voo cósmico das garças ao longe, espantos que respigam tintas brancas no azul esmaecido, que moldura a tarde.

Cá em mim essa oficina que desentorta pontos de interrogação em soberbas exclamações dispostas perante as peças do cômodo em que me acho prisioneiro, no entardecer impaciente. Olho o eu que resiste e sabe que sairá do outro lado das cercas, no velho trilho do gado que volta. 

Pensamentos assim escorregam altivos pelas dobras da ausência, e insistem continuar fiéis ecoando nas paredes do tórax ansioso, gritos compassados de sabiás distantes, a reverberar a mata cinza de sertão sofrido, pelas vozes misteriosas da noite.

Aviso claro escreve no círculo solar de brasa rubra tudo isso: Amor e paz que desfiam certezas diante do modo de viver que nos é dado com força e persistência, nas certezas definitivas da mais pura verdade.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Melhor humor todo dia

Isso mesmo, ser parado no entanto mexendo os dedos interrogativos à frente dessa máquina esquisita de refazer pensamentos, coçando o teclado das verdades eternas, à cata de melhores dias, melhor astral, e resolver fixar algumas ideias nas palavras que me circulam abandonadas o firmamento do juízo. De certeza, acho dos mais desnecessários vazios transmitir sentimentos desagradáveis, contraditórios, ainda que saiba que nesse momento nalgum lugar alguém sofre às unhas amoladas de animais selvagens, vítimas da ansiedade transformada em guerra e vexames, noticiários surpreendentes e pegajosos. Interessa, não, pois quero temas leves, que alimentem o gosto forte de viver com arte, independente que seja das conclusões do desespero, da angústia de andar suarento nesses trilhos daqui do chão. Desvendar portas que causem, invés de tocar desafinados augúrios, o amor sincero. Caminhar qual quem sabe aonde vai. Contemplar luzes da manhã cinzenta, estrelas do céu das noites escuras; compor canções de fraternidade nesse mundo transitório, dos espíritos rumo aos novos universos das possibilidades. Aprender cada oportunidade nas lições de Deus, que inunda felicidade as suas criaturas, que descobre seios de oportunidade nas lutas feias que se travam no espaço da matéria. Crescer os próprios passos da busca de sonhar acordando as horas de dúvida; modificar notícias insanas que rodeiam minutos nervosos do presente, em fases boas ampliar ao infinito as consciências. Contudo sabendo que poucos, raros, leem o que surge assim do brusco do papel no tempo dessas avaliações, portadores da paciência necessária de andar pelas frases e trabalhar sentidos, na tela da presença, mineradores das mensagens lançadas ao mar do desconhecido. Porém isso por si só reúne a resposta do porquê de parar e esperar até mudar o humor e querer transmitir tempestades positivas da existência que fervilham aqui por dentro dos fatores exclusivo de causar resultados felizes na outras consciências. Espécie de músicas agradáveis, serve à história da gente quando escolhe perfume de flores novas aos detentos da evolução, amantes de alegria. Abraço de paz. Tudo de bom.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Conversa de engenho

As sombras longas do fim de tarde casavam bem com o clima morno que se estabeleceu no beco entre a casa grande e o engenho, onde, acocorados, os homens da moagem ouviam atentos as narrativas do cigano Lourenço a propósito de seus sonhos e andanças pelo mundo, embalados na zoeira festiva da meninada a correr em volta, agitação natural de quem aceita as coisas e nelas se integra.

Fez-se no ar apito estridente do locomove ao término da jornada, liberava no eito a turma dos cortadores de cana, enquanto os ouvintes estiravam na distância o sentimento para buscar a vegetação do outro lado da represa o voo suave das garças silenciosas, salpicando de brancas reticências o azul metálico da tarde em declínio, por cima de troncos calcinados das carnaubeiras; palmas tremeluzentes e ruidosas. O vento, por seu turno, escamava as ondas e distorcia a imagem das nuvens no leito do açude velho.


Palavras e aves do entardecer raspavam de leve os chapéus de palha dos caboclos, retorcidos pelo sol e manchados de suor, noturna sensação de abismo que entorpeceu os ânimos, alguns a esfregar os olhos no canto dos dedos, qual querendo despertar de sono pesado e guardar com esforço o que ouviam.

Lourenço pôs-se de pé; catou as cordas dos burros e bateu-lhes nas ancas, tangendo-os ladeira abaixo na direção do reservatório. Meio caladão, tinha desses instantes de ficar sem saber explicar direito o porquê de se chegar naqueles assuntos graves, novidades antigas do interesse de quase ninguém e necessidade eterna dos mortos e vivos. Saber para onde se vai depois, quando acabar isso daqui.

O focinho dos animais, na calma das águas, ia desenhando movimento de ondas sucessivas, chamando a atenção do viajante para o sentido que tomavam, indo quebrar nas margens de pedra e argila ou se faziam mais extensas e rumavam para longe, no leito das águas profundas, oscilando a babugem esverdeada e as moitas de mofumbo adiantadas no lodo, quebrando o repouso das rachanãs e galinhas-d’água.

- ... Muitas oportunidades individuais - repetiu baixinho as derradeiras palavras de há pouco, querendo gravar, qual saíssem de outra boca que não a sua. 

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Estado de felicidade

No momento quando os pássaros voam suave pelo céu imaginado das tardes mornas, lá longes luzes acesas nos páramos do firmamento; olhar a paisagem quais nadas vagando entre as nuvens brancas enfileiradas, vindas do nascente; isso forma novas alegrias acesas no teto da alma da gente. Na hora em que as ondas batem nelas insistentes, saltam gotas nas asas das gaivotas que deslizam impávidas na linha do horizonte, fixas nos peixes que vêm à tona e decifram o brilho insistente espalhado no oceano. Pura alegria das flores no jardim da Eternidade, cores e perfumes entrelaçados no coração das crianças em festa. Uma paz enorme que dignifica existências no paladar das criaturas irmanadas nos fachos da claridade, seguindo sentido da energia que move o interior das células e alimenta os átomos do tempo definitivo. Poeira de astros no espelho dos milênios, a preencher perenidade no desejo da multidão das raízes que penetram a superfície habitada no seio da Terra.

Assim são as flores, lenços abertos de felicidade a balançar ao vento janelas de manhãs cedo. Pomos da beleza doce da universal grandeza, que espraia o leito dos rios entontecidos de velocidade. As abelhas, suas irmãs as borboletas, os irmãos os besouros, animais que voam e polinizam plantas, multiplicam a ordem na floresta e nos vales, rios e montanhas. Fatias de amabilidades do Criador, que somam detalhes nas pinceladas do quadro tecnicolor desenhado nas frestas horizontais dos olhos. Os outros bichos, que mexem esse movimento transcendente, acionam astros através dos infinitos, e andam felizes por dentro das pessoas que observam e param extasiadas na tranquilidade dos caminhos silenciosos.

Nisso, a música da sinfonia. Ritmo. Melodia. Sinais e símbolos da certeza de existir vida no fulgor das artérias debaixo da pele que derrama anseios e organiza sentimentos na roupa extasiante do mistério.