domingo, 30 de agosto de 2015

Poder da fazer o bem

E quantos isso esquecem; ainda permanecem estacionando nas barras da acomodação, da ilusão vadia. São chances de melhorar um tanto o compromisso da felicidade que percorrer nossas veias e chega às malhas do coração. Abrir os braços aos irmãos. Exercitar normas da inteligência no procedimento de crescer espiritualmente. Estender as mãos ao próximo que padece ausências da solidariedade, amar como verdade e vida. Suavizar horas de aflição daqueles abandonados aos dias que vão sem o calor da amizade. Perto existem formas simples de trabalhar oportunidades a quem padece. Rever propósitos e desenvolver meios de construir esperança nos que sofram, inclusive a gente mesmo, também degredados filhos de Eva.

O egoísmo, excesso de zelo consigo, dispõe do tanto que gera crises, medo, quando na rotina mecânica dessa civilização que ora domina a conta do poder no chão das almas. Milênios a fio, sulcos profundos rasgam a essência do ser que somos, entregues aos desejos só mundanos, artífices do interesse particular, alienados adoradores do velho umbigo desse atraso. No entanto, clamor das horas mortas acompanha os aventureiros da história feitos sombras que segue seu par, sina dos buscadores da Luz.

Enquanto permanecer isolados catadores de vaidades, os humanos vagam no mar da existência quais escombros do que produziram das benfazejas doações divinas, náufragos das experiências de sonhar e permanecer contrários às reais possibilidades do que veio até aqui buscar.

Já foram muitas as dores desse parto que demorar a surtir seus efeitos providenciais na sociedade dos homens. Instrumentos da salvação de si, líderes carecem de mais lucidez na condução dos destinos, e apenas usufruem a oportunidade, lançando fora matérias primas da sorte. 

Bom, é isto, de rever os propósitos por tempos adormecidos nas paisagens da beleza interior, horizontes vastos de prazeres jamais experimentados dos que dormem sobre os espinhos da inércia que brilha silenciosa na consciência das pessoas. A criatividade representa, pois, limpar pensamentos nefastos e olhar de vez o sol que se abre às nossas vistas de fazer o bem, poder infinito à nossa disposição. 

sábado, 29 de agosto de 2015

Heróis da sobrevivência

Mais do que comum a gente avistar esses jovens largados pelas ruas na busca de preencher o tempo e cavar um lugar ao sol onde desfilam os outros seres humanos seus irmãos de raça. Andam pelas ruas estrangeiros no País de origem, desconfiados da sorte que lhes resta exercitar todo dia. São flanelinhas, distribuidores de propaganda de papel, vendedores de miçangas, pastoradores de carro; às vezes, pedintes; olhos fundos, faces esquálidas, barbados de adolescência precoce, assustados diante do desafio de sequer sonhar o futuro onde haveria família, casa, comida, pois de tanto morder os próprios dentes, quase nada aprenderam das profissões do mercado, nessas mumunhas das estatísticas oficiais. Transitam ao vento quais pássaros silvestres. Riscam e apagam no ar as trilhas lá onde andaram, no firmamento distante da imaginação. 

Comparação ocasional, lembram marmeleiros do Sertão, arbustos resistentes às intempéries do verão. Firmes nos carrascos, permanecem secos na época tórrida do estio, sem folhas, cor cinza, perdidas inocências ao calor irresistível; adiante vêm as chuvas e renascem com furor, verdejam a caatinga, enobrecem os olhos dos caboclos e se constituem no exemplo de resistência bem parecido com o jeito desses moços perdidos no vazio atual das cidades barulhentas e sórdidas.  

Bom, comparação quanto à força de querer viver, dominar as barreiras da inclusão que nunca chega. Porém quando virá tal inverno de esperança e o clima será propício anda longe ditas possibilidades de iguais comparações. 

Vítimas da ausência das coletividades plenas de cidadania, surgiram nas famílias pobres, excessos populacionais das periferias pouco frequentes às aulas, pais ausentes na luta do sustento, vezes até dependentes de substâncias químicas, marcas grosseiras de destinos assinalados, contudo massa de manobra na política e peças de reposição jamais utilizadas nos sistemas dominantes deste mundo.



Ainda que arrastem a judia sina de penar nas trilhas do momento, suas vidas mais que nunca carecem de sentido. E resistem feitos heróis anônimos à cata do mistério de verdades maiores e justas, que, decerto, os aguardam em uma dobra qualquer dos projetos sociais da Humanidade. 

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Vibrações positivas

Porquanto as picuinhas daqui do chão nada mais são do que picuinhas que passam com extrema facilidade. Mas que significam algo, longe de apenas desconsiderá-las inúteis. Representam o instrumento de cordas com que comporemos as nossas melodias de crescimento espiritual. Não houvesse e nada haveria. Resta guardar as proporções necessárias, sem excessos de zelo e fora das fraquezas humanas a que Salomão denominou vaidades.

Lutar, no entanto, contra a incoerência dessas armas materiais da evolução justifica bem a que viemos no território ardiloso deste mundo. Trabalhar o solo fértil da razão, produzir o sustento da sobrevivência e conhecer a educação. Respeitar o semelhante. Amar a si nas escolhas de qualidade que se façam. Render obrigação às leis determinantes do Universo, atitude no mínimo inteligente.

Olhar o lado de onde vem o Sol. Alegria. Honestidade. Sabedoria. Quantas e tantas oportunidades pululam à nossa frente e por vezes observamos só indiferentes o senso do que querem dizer, no calendário do tempo que esvai numa velocidade espantosa. 

Pequenos detalhes que fazem a diferença marcante no que tange o gosto de cumprir as ordens do Poder de que poucos ou ninguém ainda compreende. Ao abrir os olhos da manhã é o momento ideal de estabelecer contato principal com o dia. Mergulhar as águas profundas do ser interior e revelar a ciência da boa vontade. Reunir os elementos do processo vida e mostrar a si o quanto de mistério existe no Infinito pedido compreensão. Minerar os cascalhos das horas em pedras preciosas, dizer a que veio além das perdições incontidas da errante matéria. Desvendar o coração aos valores eternos que brilham pelas veias à espera de alguém que lhes estender a mão e junte consigo os partos das consciências.

Definir a que veio e aonde quer chegar, providências inevitáveis de quem deseja paz aos instintos da revelação das possibilidades da harmonia no meio de tantos desafios e positivos.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Numa música suave

Quem ama desses amores de não ter tamanho e sente o peito crepitar da mais ardente fogueira, espécie de dor e prazer sem conta, de que se quer fugir, porém recusa por conta das dimensões do mistério a envolver tudo em volta, a esses resta a pergunta descomunal de quando de reunirá em definitivo com a pessoa amada, querendo ser único ente pelos milhões de anos eternos do depois, jamais sair de perto. Essa pergunta certo dia esses personagens responderam com o amor definitivo... Num conto de consequência permanente, despertaram nos braços da fusão dos seres, amálgama das individualidades, esperança dos que aspiram a constância do maior dos sentimentos.

Depois de noite chuvosa do mês de junho com neblinado constante por seguidas horas, veio nascer sol radiante, a iluminar as planuras do mundo. No peito, corações doridos, mas felizes...

Há pouco, na cama noturna, ao lado dela, viajara por dimensões inimagináveis imaginadas, caminhos de campos soltos no ar, cheiro perfumado de amor aceso.

Houve momento enquanto a chuva insistia de jeito teimoso prosseguir, época do ano em que o calor pareceu dominar as ações na busca de encontrar o corpo dela e querer maior aproximação da pele aquecida, para não lhe gerar desconforto e despertar.

Contudo, alta madrugada, o frio sorrateiro tudo envolveu, sem desligar a forte intercessão num barco de afetos singrando mares, sinais da pura felicidade cantada por poetas e línguas gerações adentro.

Com isso, na manhã, o impaciente coração, arrebatado nos dias próximos e seus íntimos dramas, tornou-se integração de vida e acontecimentos costurados a quatro mãos.

A movimentação do sono os acorda entrando dos sonhos, enriquecendo a paisagem da alma de nutrir universos interiores. Aonde olhar, marcas de passos na superfície macia dos corações trepidantes.

Enquanto pessoas chegavam para participar do colóquio, ele organizou os pensamentos nas lembranças da noite. Seus olhos ainda queimados de sono a deixaram dormindo linda, na mesma cama dos abraços dadivosos.

Saíra e levara consigo saudades sacudidas ao vento da manhã que circulava pescoço, rosto, cabelos, no dia claro, matriz da infância distante, de características semelhantes pelos amores vivos na beleza da virtude sertaneja.

Afinal passaram dias pródigos de apreensões. A noite representara a cicatrização das feridas antes abertas e pegajosas. Ele preservou na memória o traço escultural das curvas do seu corpo que há pouco afagara cheiroso, leve, brisa bailando no desenho das nuvens, na festiva manhã.

O dia amanhecera com imagem dela a se superpor na consciência através dos elementos da luz refulgindo milhões de pedacinhos espalhados na estrada, vidrilhos de carinho. E quando o espaço reuniu o tempo num só beijo indivisível foi que notou as duas impressões da noite no dia especial no formato de flores vivas, soma das duas metades em completude absoluta, para sempre um só ser assim.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Coexistência pacífica

Retrato fiel da convivência dos daqui deste chão a gente descobre na cara da informação que resolveram denominar meios de comunicação de massa. Média aritmética dos erros e acertos, lá está o processo diário dos viventes. Escreveu, não leu, o pau comeu. Ranhuras riscam diariamente os óculos da existência dos seres, sobretudo na janela da televisão embrutecida, que representa a identidade nua e crua desta época prenhe das oportunidades, no entanto preenchida dos vexames da raça e pouco aproveitada no real sentido. Um ranço do desassossego parece querer tomar conta do panorama, e igualmente dificulta a confiança de uns nos outros, abalando a amizade e o desejo de construir juntos. Olham atravessados, por vezes quiçá alimentando bons modos, aproximação, entretanto desconfiados de tudo e de todos, lá vão os humanos nessa luta que resolveram calcular em percentual pela selva das cidades.

Por isso há urgente necessidade das atitudes positivas. Lembrar o respeito aos direitos do cidadão, à prática da lei, da virtude, dos cuidados elementares para com a natureza. Imaginar que esquecem a importância que tem a família célula mãe, nem pensar, pois quando isto viesse a inexistir na face do Planeta. Seria o retorno às cavernas, início dos primeiros passos. Lembrar também a educação das crianças, mais das crianças, vez que aos adultos endureceram os nervos e veias, e resta pouco tempo de corrigir defeitos graves que geraram os equívocos elementares.

Saber conviver em sociedade virou, pois, tarefa de obrigação imediata, sob o risco do desaparecimento da espécie. Os mandachuvas fabricam armas, soltam bombas, farejam as caças, ferem, somem, incoerência por cima de incoerência, bicho matreiro e duro do aprendizado da boa paz. Nessa guerra de fraco e forte, o forte de longe da maldade parece que vem ganhando terreno. Espécie de fera solta nas florestas do espaço, o animal inteligente anda longe de aprender e praticar o que ensina a luz da Consciência. 

Fora disso, cabe a todos sem exceção repensar comportamentos, conter as vaidades e corrigir os instintos, modo de única razão de chegar agora aos limites da boa política de viver com honestidade e justiça.

O pedido

No Sertão distante, habitava pobre homem, sua mulher e três filhos menores, em casa simples de palha e barro. Nas épocas normais das chuvas, ali existiam suficientes condições de sobrevivência, dando-lhes a terra os gêneros.

Naquele ano, todavia, as condições se apresentaram desfavoráveis; o inverno não veio no tempo certo, esturricando o chão e despindo as matas.

Logo cedo, o casal anteviu os riscos de longo período seco. Assim preocupados, rezaram com força pedindo misericórdia dos céus lembrando o futuro dos filhos, motivo maior de preocupação.

A sucessão dos meses anunciava crise inevitável, quando consumiram os derradeiros mantimentos, aumentando a angústia. O que temiam se deu, pois a seca chegou intensa e possibilidades de escapar se mostraram poucas. No rosto das crianças, os primeiros sinais do abatimento.

Intensificaram ainda mais as orações, qual única alternativa. A fé gritava na alma daquela gente, que por dentro sentia emoções de que esperança viva. Queriam tão só descobrir de que jeito chegaria a salvação da família.

Certa manhã, no período mais escuro, quando abriram a porta, uma surpresa lhes aguardava, um boi gordo apareceu bem defronte da casa a bloquear o caminho dos que quisessem entrar ou sair. Tiveram de insistir a fim de afastar o animal, que retornava tantas vezes quantas saísse da porta.

Durante esse dia, a distração foi a presença do estranho visitante vindo de longe, dado inexistirem fazendas de gado na redondeza, e, menos que isso, pasto de manter vivos os bichos, há tempos desaparecidos.

No dia seguinte, foram iguais as circunstâncias. Os meninos puseram até apelido no bovino, enquanto tangiam querendo tirá-lo do terreiro. No outro dia, e êxito nenhum; o intruso permanecia bloqueando a porta do casebre, levando todos a estudar uma saída de achar pasto para alimentar a rês.

O caboclo conversou com a mulher e decidiu ir à cidadezinha perto, no propósito de saber encontrar o dono do boi.

Chegou à povoação e perambulou na busca das notícias, porém nada descobriu. Meio sem planos, viu do outro lado da praça a igreja, e lá se dirigiu.

No templo, procurou o pároco. Explicou os detalhes da situação difícil que atravessava, falou da insistência do boi em ficar junto da sua família, que mudara a rotina em que viviam.

Depois de alguns minutos em silêncio, o sacerdote perguntou ao caboclo se ele fizera as orações de pedir algum bem a Deus ou aos santos.

Nessa hora, chegou na lembrança do sertanejo a crise avassaladora que defrontava, a fome que sujeitava todos, as agruras do lar. Aflito, calado permaneceu como juntando os elementos do juízo.

Em seguida, o padre aconselhou ao homem que retornasse e abatesse o boi para dar de comer aos familiares, que se tratava do beneficio pedido.

Diante do conselho, ciente de haver merecido as bênçãos, supriu a fome e venceu a privação, graças às orações que fizera a Deus.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Um lado bom em tudo

A sabedoria de descobrir que a dor se origina da irrealização do desejo, conforme as interpretações clássicas do Budismo original, deixa ver a realidade sob as cores das nossas avaliações. Se desejo nasce do pensamento, a fonte da existência pessoal representa o modo de a gente ver o mundo. Em conclusões bem terra, há um espaço a ser feliz desde que se nos pareça possível. Quem dá as cores da nossa visão somos nós, os comandantes de interpretar a realidade. Por isso, tal a necessidade urgente de rever planos e criar objetivos limpos sobre os quais praticar pensamentos e o entendimento, a fim de trabalhar a boa vontade do que vivemos hoje, amanhã, depois...

Essa fonte poderosa de criação transporta todo passo nas estradas do destino. Artífices da felicidade, desfrutamos o privilégio de lá num belo dia dominar a máquina da presença e construir a mesma realidade que por vezes observamos sem compreender o nível de poder que já possuímos. Sois deuses e não o sabeis, nas palavras de Jesus. Aonde formos, transportamos essa capacidade imensa que permite rever a história pessoal e coletiva; reconstruir o infinito Universo de que fazermos parte integrante. 

Daí a magistral possibilidade do desejo, propriedade que obrigar a sofrer até descobrir que podemos ser feliz logo no instante e no lugar que ora ocupamos na paisagem, da qual detemos a chave, na força da concentração dos nossos pensamentos e sentimentos, pela maneira de querer olhar o mundo em volta.

Existem pesquisas neste sentido através da ciência contemporânea, da cura por meio do otimismo, da disposição favorável à saúde, da afinação com a pauta natural em nós. No mais, vêm os elementos de alimentação correta, dedicação a si nos cuidados rotineiros, superação dos obstáculos que ensinam e exercitam viver com plenitude.

Na sinfonia das estações conta o jeito de enxergar os acontecimentos. Viver a alegria que habita os nossos praticados dia após dia, e que valem tanto quanto contribuir junto à leveza das notas dessa harmonia em tudo quanto existe.

domingo, 9 de agosto de 2015

De ânimo sempre mais forte

Todos precisam levantar a cabeça e buscar forças internas, por vezes desconhecidas, mas de primordial importância na preservação do gosto de viver. As responsabilidades crescem a formar a consciência, razão da manutenção do espírito elevado à busca de valores e elementos úteis.

Jovens analisam o mercado e sentem a exiguidade dos instrumentos de quem dispõem para forjar objetivos. Sociedades padecem das providências administrativas insuficientes a responder aos desafios.

O modo de utilizar as normas do viver precisa do aprimoramento dos recursos, na força interna do ser. Ninguém há de negar que o progresso tecnológico propicia maravilhas aos humanos. A todo instante, novas fontes de poder trazem inovações. Em face disso, admitir potencialidades e saber utilizá-las torna-se fator vital de alegria e sobrevivência.

Antes de quaisquer atitudes negativas, portanto, concentrar esforços e escolher os caminhos melhores. Depois, o resultado indicará a espécie de geração espontânea para chegar sem apresentar instabilidades e com o equilíbrio justo na marcha da firmeza de continuar.

Preservar o espírito de vitória dentro das realidades escuras, sem reduzir o ânimo, eis a base da vitória no crescimento a que todos se submetem, jornada de viver com sabedoria e sucesso.

Guerras, inflação, dramas familiares, demais impasses temporárias, transformam-se toda hora, mudam nos contrários, nas experiências inevitáveis de integração e unidade. 

Religiosidade, filosofias de sentimentos agradáveis, amizade, beleza, arte, poesia, idealismo, esperança, altruísmo, revestem-se nos elementos válidos ao dispor, na procura pelo sentido.

Porquanto mestres indicam a direção, e existe a chance da felicidade enquanto formos seres inteligentes; amar com vigor a existência tal condição da paz no coração. Sintonizadas, as realizações nascem junto com o sol das manhãs, peças e movimento de igual sistema. 

Vivamos, pois, com intensidade o dom de partilhar tudo isso e trabalhar a melodia da Eternidade através da liderança de Si Mesmo, artífices do Universo que somos. 

sábado, 8 de agosto de 2015

Mês dos pais

Conceituam-se os fenômenos para atender às necessidades, sejam de mercado, sejam de conveniência, mas conceituar transforma o simples no complexo e o certo no duvidoso, ou no sentido inverso, conquanto sirva de base ao andamento dos barcos de sal neste mundo de balcões e portos em que a vida humana reverteu, num tempo de muita galinha e pouco ovo, como gostava de falar gerente de uma agência em que trabalhei.

Maio foi eleito o mês das mães, desde as noivas, futuras mamães, a Maria, mãe de Jesus. Isso enquanto as flores perfumam os jardins e tudo parece corresponder aos termos de harmonia e felicidade.

Já o mês de agosto agora se tornou o mês dos pais, nos turnos de comércio. Tempo de presentes a quem paga os presentes do ano todo.

Fase boa de fazer largas reflexões do que sejam os pais dessa era de tantas mudanças em tudo, quando criar filhos virou ginástica imprevisível de muitas posições, ao perguntar quais caminhos trilhar o futuro da família, fustigada dos maiores desafios de sobrevivência moral.

Outros momentos prometiam melhores esperanças do que hoje, sem querer lançar mais lenha na fogueira das vaidades. Ser pai envolve compromissos e resultados em forma de sucesso profissional e geração de emprego e renda, salvadas aparências e destinos.

Nunca tantos moraram na face da Terra, planeta enfumaçado e neutro, estabelecidos a fim de cumprir compromissos. E os pais saem calados em busca do pão de todo dia, nos formatos dos tempos modernos, comerciais, automáticos, industriais, digitais.

Aos homens que têm o mérito de cumprir a missão de criar e manter os filhos e indicar as alternativas do futuro, nos cabe olhar com bons olhos e vê-los quais cidadãos comuns, porém cobertos das cinzas de incerteza, nos vagões de segunda, salvos os fardos familiares das outras exigências.

Na roda desses meios dagora, as correias dentadas do coração reclamam contrato, sejam no peito de pai, de mãe, ou de filho. A humana sociedade pouco corresponde àquilo prometido nos manuais. Iniciativas pedem coragem e criatividade, sem permitir falhas por conta do que virá nas folhas de pagamento e prontuários oficiais.

Querer aos pais, venha de onde vier, dos comerciantes ou dos pirralhos, significa respeito a entes valiosos na condução desses trilhos enferrujados das malhas do sem-fim. Vivam, por isso, os pais, neste mês de agosto, são os votos de quem espera de mim.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Akira Kurosawa

Na época das sessões das quatro dos Cines Cassino e Moderno, em Crato, imaginar o dia em que pudéssemos alugar fitas, ou DVDs, e trazer em casa isso nada mais seria do que sonho fantasioso, coisa de mentes férteis quais a de Júlio Verne, modelo de ficção daquela época, anos 60 e 70, não tão distantes assim, mas que o tempo encobriu debaixo das cinzas televisivas do mau gosto e das novelas.

Hoje, contudo, ficou rotineiro passar numa locadora e escolher, entre milhares, os filmes de preferência e levá-los para assistir em casa, numa mágica propiciada pela tecnologia, chance de conhecer obras raras dos melhores diretores, o que ocorria apenas por coincidência de oportunidades, no passado.

Quem curte cinema de autor, jeito como denominam os filmes de arte, por exemplo, pode bem usufruir as criações dos diretores excepcionais, aqueles que utilizam com maestria a linguagem sob preocupações estéticas de refinado gosto.

Desses, merecem destaque alguns nomes: Ingmar Bergman, Louis Buñuel, François Truffaut, Michelangelo Antonioni, Vitório de Sica, Pier Paolo Pasolini, Jean Luc Godard, Glauber Rocha, Frederico Felini e Akira Kurosawa, numa amostra rápida.

É a propósito desse derradeiro diretor que queremos agora tecer algumas considerações: Akira Kurosawa estreou no cinema em 1942, com o filme Sugata Sanchiro. Conhecido no Ocidente através do filme Rashomon, com ele ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza de 1951. Recebeu também um Leão de Prata, por Os sete samurais, a Palma de Ouro, do Festival de Cannes, por Kagemusha, a sombra do samurai; dois oscars, por Rashomon e Dersu Uzala; e mais um prêmio especial da academia que lhe foi conferido em 1990, por dois admiradores declarados - os cineastas Steven Spielberg e George Lucas.

Ao longo de sua carreira, tanto nos filmes de época (histórias de samurais), quanto nos que se desenrolam no Japão contemporâneo, o cinema de Kurosawa visa o desenvolvimento de uma consciência individual, o que um crítico, Donald Ritchie, chama de descoberta ou revelação da personalidade.

Kurosawa em momento algum renega suas origens japonesas, mas também aprecia o faroeste americano e a literatura russa clássica de Máximo Gorki e Dostoievski, os quais, junto de Shakespeare (Trono machado de sangue, baseado em Macbeth, e Ran, adaptado de Rei Lear), acham-se entre os autores que adaptou para a tela.

Porém há um filme de Kurosawa que consideramos sua obra-prima, Sonhos, encontrado fácil nas locadoras, onde narra oito histórias de seus sonhos, numa interpretação fílmica da rara beleza plástica, inesquecíveis aos que se dispuserem a conhecer. Criador torturado pela forma e, por isso, quase sempre insatisfeito com o que produzia, chegou a afirmar certa vez: A perfeição é impossível, e seguiu pelejando para realizar o filme ideal. Seus trabalhos podem não raiar o perfeito absoluto, mas acham-se dentre o que de mais belo e denso existe no cinema mundial de todos os tempos.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

A galinha teimosa

Certa ocasião, na casa grande do Sítio Lameiro, quando o Cel. Nélson da Franca Alencar procurava tirar a sesta, teve de enfrentar a teimosia de uma galinha que, na faina de botar o ovo, resolvera com ele dividir o leito, fazendo do quarto seu ninho. A coisa se complicava no meio-dia hora do repouso do coronel.  

Aborrecido, o coronel enxotou a ave pela janela. Daí a pouco, lá vinha ela frenética pela porta dos fundos, procurando o cômodo. Cercada de um lado, retornava pelo outro. E o sono perseguindo o coronel, que não se conformava em ter de ficar submetido ao bicho tão obstinado.

Daí resolveu estudar um jeito de solucionar, de uma vez por todas, o litígio. Seguiu até a despensa, lançou mão de uma garrafa de querosene que achou e trouxe-a para dentro do quarto, onde a galinha de novo se acomodava bem na cabeceira da cama.

Corre daqui e dali, o fazendeiro conseguiu segurar firme a pedrês, para, em seguida, dar-lhe banho completo do líquido que trazia engarrafado. Satisfeito, pegou do fósforo e tocou fogo nas penas encharcadas. Assim que as labaredas cresceram, livrou-se do bicho.

Jogada fumegante janela a fora, a galinha disparou feita bala incendiária na direção do baixio de cana cheio de palha seca entre as touceiras, situado logo abaixo do quintal, nas proximidades da casa.

Resultado bem se pode imaginar. Quando a noite chegou, de longe ainda se podia testemunhar o clarão enorme do incêndio, a fumaceira no mundo e o esforço sobre-humano de muitos trabalhadores do eito cuidando de fazer aceiro na mata a fim de impedir que as chamas se propagassem além daquelas cinco tarefas de brejo que haviam sido consumidas num abrir e fechar de olhos, sem dar tempo de se pensar em apagar, tudo por causa do confronto da daquela galinha insistente e do coronel ardiloso.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Do possível ao imaginável

Tirar isso da mania constante de trabalhar o pensamento querendo mudar as situações desagradáveis sem, no entanto, abrir mão do senso de realidade. Quantas horas difíceis exigem esta presença dos valores reais que dormem debaixo do tapete dos sonhos, mas há que se cruzar barreiras e sair do outro lado vivendo o desejo forte de continuar a história independente de se ser super-herói, santo ou ilusionista. Bem nesse ponto mora a sobrevivência ao desgaste diante das experiências impossíveis. Largar de lado a velha ambição trazida nos contos de fadas quando velhinho misterioso aparece na sombra de uma árvore nas imediações de casa, com ele a gente se encontra e oferece pouso, alimento, conforto, e ele retribuirá oferecendo amuleto mágico que pode tudo, que cuidaremos de manter com imenso zelo bem longe dos vizinhos. No entanto, mais cedo ou mais tarde, eles o obtêm e, ainda assim, reconquistamos e voltamos a possuir na calma do final da história, e seremos felizes.

Nessa faixa mística entre o possível e o imaginável passa a linha da existência, qual faixa do meio das pistas de velocidade. Aqui vamos, seguros da organização dos espaços no Universo. Ali vêm eles, os passageiros do sentido contrário, que também querem sorrir e agradecer aos Céus a distinção de seus direitos. Rápido deslizam os acontecimentos, até as situações por vezes impossíveis de que falamos, e elevamos ao silêncio distante nossas preces, sacrifícios, promessas...

Naquele momento chegará a lembrança do que ficou a fazer no decorrer da longa estrada percorrida, enquanto a vaidade e as mágoas enchiam o pote dos desejos só de folhas secas e tomavam a saúde a interesse próprio. Caprichos. Imaginação perdida nos desertos do egoísmo. Nas vastidões do oceano vazio do tempo jogado fora. 

No lugar de tamanha solidão nascerão os meios de encontrar as peças que poderão de novo compor o edifício da esperança e do amor da nossa vontade necessária a preencher milhões de aflição, e clarear de bom grado as dependências escuras deste mundo apenas material. Elevar aos níveis superiores o clamor por dias melhores e confiar nEle, no nosso Pai Supremo, Deus e Criador.

sábado, 1 de agosto de 2015

Ritual da existência

O espelho das palavras reflete a sabedoria que virá do que passa no coração, semelhante a filme que chega pronto a ser exibido durante as sessões contínuas dos dias. Assim, no andamento das ações, do jeito que a gente sente, a vida vem oferece os ventos da história. Querer olhar através de lentes limpas e enxergar mundo melhor dependerá diretamente do freguês ali postado atrás dos óculos de ver o horizonte. Nisso circula na rede frase que define bem tal conjectura: Seja a mudança que quer pro mundo. Aqueles de nós, azedos, poços de ressentimento, mágoas, rancores, vão plantando, anos a fio, iguais consequências no laboratório do sentimento e causando resultados idênticos em volta de si. Que vontade é essa de melhorar o panorama visto da ponte se buscar as piores razões na intenção de mostrar só descompassos, quais arautos da desgraça, no interesse particular? 
A filosofia desde muito define limites humanos quanto ao domínio absoluto do conhecimento e do futuro (- Sei que nada sei – afirmava Sócrates, na Magna Grécia). Resta longo tempo ainda até chegar no saber pleno da cultura, dos valores e da paz. Ao mesmo tempo a Verdade persiste intacta em todo lugar do Universo, apesar da má vontade que sujeita minar a sabedoria de tantos.

Com isto, raciocínio revela o ânimo positivo mais do que necessário a criar desejada felicidade por meio do que merecermos diante da liberdade do que somos. As malhas da consciência facilitam nossa administração da natureza que manuseamos, porquanto leis infalíveis regem magníficas a sinfonia do que existe, e dentro dela habitamos na existência.

Durante o período quando a amargura e o desespero invadem o teto dalguma situação, o fluir do prazer, da alegria, da leveza dos fenômenos naturais, da oração permanecem intacto. E quais dominadores daquilo que desconhecem, procuram a todo custo o escuro das matas que também compõem o quadro, só que visando caminhos inversos das obras da Criação, produto da ignorância do saber. Porquanto sempre brilhará a luz de quem ama e de bom grado aceitam os frutos benfazejos do que plantou nos solos férteis dos campos do Senhor.