sábado, 29 de novembro de 2014

As mazelas do Estado neoliberal

Diante das complexas relações sociais, à medida que cresciam grupamentos humanos, surgiu o Estado politicamente organizado, essa macroestrutura que agora a tudo domina, vira ente de tentáculos infalíveis pelo mundo inteiro, monstro Leviatã, na concepção do filósofo político Thomas Hobbes; o Grande Irmão, no livro 1984, de George Orwell. 

E aqui vamos de goela abaixo, nós da sociedade civil, a defrontar essa entidade maior que a vontade coletiva que coordena e, por vezes sem conta, trai seus ideais e reais objetivos, hoje classificada em duas vertentes vagas de corrente liberal e corrente marxista, ora em desuso, pois estas vêm sendo substituídas pelo conceito de Estado híbrido, da China ao Canadá, após a sociedade globalizada e economia de escala, numa espécie de mutação genética classificada por Estado neoliberal, bicho de dentes afiados e dominador absoluto das relações da sociedade mundial. 

O cidadão, este se acha sendo reduzido de importância a ponto de descartar a força que teria se houvesse, ao tempo certo, exercitado a consciência políticossocial descartada há séculos (Se o elefante soubesse da força de que tem o leão não seria o rei dos animais, já falaram os sonhos, mas antigamente).

A figura do contribuinte restou esquecida, desprezada, ela, a famosa mantenedora da farra descomunal do que fazem os vilões daquilo que pagara com impostos e taxas, obediência e subserviência à Lei, desejos e desencantos ao bem-estar pessoal e de todos. Refém das próprias instituições que criara, o contribuinte amarga ondas sucessivas de malversação do dinheiro público através das instituições do Estado, pai e gestor, numa espécie de atuação de apenado nos próprios domínios, sem quaisquer instrumentos mais que surtam o efeito de conter a sanha avassaladora dos grupos ilegítimos parasitários das estruturas criadas a fim de preservar os direitos da cidadania. Após os turnos eleitorais repetitivos, grupos de poder invadem as artérias financeiras da engrenagem social e sugam gota a gota o sangue precioso dos erários quais males atávicos, vampiros das massas humanas.

Nisso, aquelas aspirações institucionais de interagir e refrear a sanha totalitária do Estado conspiram e se voltam contra seu criador original, o Povo, sumindo na irresponsabilidade, isto dentro dos movimentos populares, associações culturais, filantrópicas, empresas,  igrejas, clubes sociais, associações de classe, escolas, até sindicatos, de quem se esperou muito mais no decorrer da história, hajam vistas suas intenções justas iniciais, depois abandonadas ao sabor dos prazeres lupanares do imperialismo atávico que ainda claudicante no seio da raça humana.    

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A leveza das flores

Quais borboletas ou pássaros pousados ao meio do verde das matas lá estão as flores, belas flores, sinais de beleza da paisagem às vezes cinza, espalhadas a mexer no tom das cores ao ritmo dos horizontes da vista. Elas demonstram essa existência de um poeta no comando da elaboração das peças mágicas das horas da Criação que dormia na imaginação do tempo ao Sol. Pequenas ou grandes, silenciosas, perfumadas, neutras, de tudo quanto é cor, as manifestações do vegetal fala mais alto ao coração das pessoas que viajam à procura de conforto, nas dimensões do mistério desta vida. Tais palavras jogadas no texto, as flores significam pensamentos e sentimentos da natureza que dizem e repetem velhas lições e detalhes valiosos de respeitar o quadro universal de tudo, no entanto nem sempre assim compreendidas. 


Elas viajam no vento em pétalas de fertilidade, dizendo da manutenção da vida, deslizam em pequenos cataventos que vagam no ar pelas nuvens... Há um senso de dever cumprido nas flores, protagonistas da beleza lançadas nas sementes, uma paz de coração tranquilo que dorme feito luz nas mínimas ações do movimento. A calma que nasce do direito de dormir em paz, que envolvem de cores esparramadas ao bel-prazer as horas, que também tocam aqueles que andam nas calçadas do infinito à busca de repousar peitos doloridos, nessas mínimas histórias vivas a demorar pouco ou quase nada entre os instrumentos que fogem do seu domínio. 

Encontrar, por isso, nos mimos dos tons de cor das flores indica leveza no exercício dos compromissos deste chão. Olhar o espelho da visão através dos elementos que nos cercam e falam alto ao interior das pessoas, transmitem estados de alma a quantos observam com carinho o jeito de revelar dos segredos que tem o Criador por certo ciente da oportunidade que oferece aos passantes que começaram a abrir os olhos do dia no seio das presenças doces que já iluminam o dia. 

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Sem maiores explicações

Um noviço, certa vez, se dirigiu ao seu Mestre e indagou:

- Qual a pergunta mais importante que existe?

Com um sorriso nos lábios, a figuração desprendida dos mestres zen, ele logo respondeu:

- A pergunta mais importante que existe é esta que o senhor está fazendo agora (Qual a pergunta mais importante que existe?).

- E qual é a resposta mais importante que existe, Mestre? – seguiu perguntando o noviço. Ao que o superior, em seguida, lhe respondeu:

- A resposta mais importante que existe é esta que agora estou lhe dando.

E bem no interstício entre a pergunta que o discípulo fizera e a resposta que o Mestre lhe acabava de oferecer ali cabem todas as perguntas e respostas que existem ou venham a existir, quando, em gesto de pura leveza, nesse espaço hipotético, circula o conhecimento de tudo quanto há, pois o Ser que vive no que indaga já traz em si toda  explicação e todo conhecimento a propósito de tudo.

Bem no centro da fronteira entre a razão e a emoção circula o movimento do Universo, que é a luz da Eternidade que habita em todas as vidas, conscientes ou em fase do despertar da Consciência.

Enquanto explicações atendem à razão, o sentimento assiste, por vezes indiferente, o transcorrer das respostas que o Universo oferece aos olhares vagos dos protagonistas do Infinito de todas as perguntas e respostas.

A luz que um dia imperou desfazendo as trevas da ignorância vaga na noite ainda escura das consciências sombrias à busca trazer a iluminação. - Meu Reino não é deste mundo – dissera Jesus.

Por isso, no vazio das consciências, em meio a tantas perguntas possíveis e imagináveis, perdura livre o desejo da verdade mais pura, durante o caminho das gerações. De passos continuados neste solo das existências, desperta a Natureza, o sol das presenças individuais que um dia irão clarear todo Tempo.

Obs.: A historinha que ilustra este comentário me foi contada por Gabriel Kafure da Rocha.
Ilustração: João Almeida.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

O arroz integral

Base da alimentação naturalista, o arroz integral apresenta vantagens em relação ao arroz branco por manter seus grãos intactos depois de retirada a casca, nisso preservando a película que o envolve e o gérmen da semente, onde há maior concentração de fibra e nutrientes. O arroz branco, ou polido, não conserva a película, esta eliminada com o polimento do grão, perdendo desse modo parte importante do valor nutricional.

Dotado de consistência pela integridade, esse tipo de arroz pede mastigação e maior permanência na boca, permitindo ao organismo desfrutar de sabores até então desconhecidos e de uma melhor digestão, porquanto a digestão se inicia já no primeiro contato do alimento com o organismo, na saliva, prenúncio do metabolismo completo.

A utilização do arroz integral no Ocidente ganhou crescimento inusitado devido à propagação da dieta Macrobiótica Zen, introduzida através da França pelo japonês George Ohsawa, isso ainda na primeira metade do século XX.

Considerado pela culinária oriental alimento dos mais equilibrados que existem, face ao teor de potássio e sódio proporcionais e das fibras que oferece, em circunstâncias necessárias poderá ser consumido nos tratamentos de cura da medicina contemporânea.

Em virtude da sua riqueza nutricional, prolonga a sensação de saciedade e estimula o funcionamento do intestino, reduzindo a taxa de glicose no sangue. Além do que, disponibiliza a vitamina B7, que permite a eliminação da gordura do fígado e auxilia na queima da gordura localizada, segundo os nutrólogos.

Quando conheci o arroz integral, ainda na década de 70, havia oferta do produto tão só em lojas de alimentos naturais raras no interior e nas capitais. Hoje, no entanto, os mercantis oferecem com facilidade essa alternativa alimentar, permitindo o conforto da saúde e da desintoxicação nos diversos lugares.

Visto pelos estudiosos qual alimento prodigioso, caberá provar de perto suas qualidades, razão de plenos resultados na saúde pessoal. 

domingo, 23 de novembro de 2014

A cruz de cada um

Diz a tradição popular que quando Jesus andava com os seus apóstolos a pregar nos diversos lugares da Terra, viajando nas cidades e vilas do Oriente, cada apóstolo transportava uma cruz às costas para dar exemplo do sacrifício que aos homens representam as coisas materiais. Provavam desse modo a renúncia dos prazeres físicos. Era aquela caravana de penitentes, a se deslocar sem tréguas pelos montes e vales.

Havia aceitação de todos para seguir o Mestre, firmes a cumprir o longo itinerário da plena felicidade do Reino.


Entre eles, no entanto, de vez em quando, surgia alguém desanimado com aquilo. Atravessavam suas provas e depois refaziam o gosto de prosseguir na peleja. Certa vez, Pedro defrontou-se com um desses períodos de maré baixa. O peso de sua cruz abateu-lhe as energias e pareceu extinguir sua imensa vontade de seguir na missão redentora da Humanidade.

A princípio, conseguiu neutralizou a grave crise. Resistiu calado o quanto pôde às fraquezas, o que se repetiu dias seguidos. O madeiro que nos ombros transportava por fim sujeitou seus sonhos de purificação. Viu-se na condição inapelável de buscar Jesus e lhe contar o drama que administrava no auge desespero.


- Mas Pedro, todos nós despendemos igual esforço, a cada dia, e só tu, meu primeiro apóstolo, me vens apresentar sinais de fraqueza?! – asseverou o Pastor Divino.


- Mestre, as minhas forças... elas não querem mais me atender – insistiu Pedro. – O Senhor, com certeza, pode encontrar alternativa nessa dificuldade, pois sabe que amo Deus e guardo no meu coração o melhor de mim para lhe oferecer. Pelo que observei na estrada, a cruz dos outros parece bem mais manera do que a minha. Se houvesse jeito de poder levar uma delas, creio resolveria o tal problema.


- Bom, pelo que dizes, eis a solução – concluiu Jesus, acrescentando: – Amanhã no raiar do dia, acorde antes dos outros e tens minha autorização de escolher a cruz do menor peso que achar entre todas, e com ela seguirás a jornada.


Desse jeito fez. Ainda com escuro, são Pedro saiu na direção do quarto em que guardaram as cruzes e se pôs a calcular o peso, de uma por uma, até encontrar aquela que achou mais leve, trazendo-a consigo. 
Seguiram adiante. Passava das nove. O sol começava a sapecar as planícies monótonas da Palestina. Pedro, respirando desafogado graças o fardo suave que trazia às costas, resolveu examinar de perto a cruz que arrastava. Maior surpresa viveria jamais. A cruz que transportara toda a manhã era não outra, porém a mesma dos seus outros dias. Agora saiba, de todas as cruzes daquele grupo a sua era a de menor peso. E sorriu assustado pela fraqueza que demonstrara ao Mestre.              

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A Consciência é o próprio Ser em elaboração

Inexistem separados, pois são parte de um todo único, indivisível, Ser e Consciência. Antes de galgar a consciência de Si, o Ser apenas transita a caminho da realização própria, meta e objetivo a conquistar no decorrer das gerações. Significam peças em movimento de aproximação. Enquanto permanecer no estado transitório de percurso, adquire o conhecimento necessário a conquistar o âmbito da pura Consciência.


Portanto, Consciência é âmago e pouso definitivo da existência do Ser, cujo itinerário preenche vidas e esforços de esclarecimento, razão última da história na Civilização.

Qual cristal da Perfeição absoluta, o Ser pule a si mesmo no trânsito das eras, no exercício de revelar a essência do mais perfeito que traz consigo e lhe contém a fina essência, espécie de semente do Ser, exercício que ocorre diante dos desafios e procuras da aventura humana no tempo e no espaço.

Com isto, revela a personalidade verdadeira e eterna de Si, obtendo nisso a purificação do Ser através da integração à unidade infinita do todo universal, a quem oferecerá a individualidade qual numa atitude plena do Amor cósmico. Todos em um Ser único e indivisível se completarão, o que demonstrará, num gesto de entrega ao Cosmos, o sentido da Ordem Natural dos acontecimentos eternos.

A Consciência é, pois, o Ser em Si, a realização do Ser perene e das ocorrências quais instrumentos da Existência consciente. Começo e fim de tudo quanto há e configuração autêntica dos elementos por meio do Conhecimento, mergulho na percepção da dualidade no processo dialético de integração da individualidade ao Cosmo em Si mesmo. Sois deuses e não o sabeis, afirmara Jesus.

Eis, em poucas palavras, a interpretação da Teoria do Conhecimento adotada pelo Existencialismo, do em-si e para-si, que nos objetos o em-si já é a essência destes, quando no ser homem o para-si o levará ao em-si por opção pessoal, no parto da própria essência, porquanto nele a liberdade precede a essência ainda a ser refinada por meio da Existência, só assim obterá a consciência de-si, diferentemente das coisas que a essa plenitude nunca chegarão. O mundo é um efeito realizado; o homem, um mundo em realização.    

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O caçador de onça

Como era de se esperar, o sonho da aposentadoria também chegaria aos braços de Euletério, veterano da arte de caçar onças lá pelas brenhas do Mato Grosso, nos velhos tempos. E ele aproveitou a vez, fugindo do perigo e passando a viver no centro urbano de Cuiabá, capital moderna, de carros estrangeiros e prédios elevados, num dos quais foi residir, com elevadores e tudo de conforto. 

Mas lá um dia vieram os homens com sotaque de europeu, na busca interessada de reequipar de bichos circo internacional que exploravam nas cidades grandes do Sertão. Orientados, procuraram Euletério pela fama que ainda mantinha de maior caçador de onças das florestas mato-grossenses.

Conversa vai, conversa vem, restaria perdida a argumentação do profissional de que deixara aquela vida predatória, obediente aos rigores da legislação atual da ecologia. Diz o populacho que quando dinheiro e peia não resolvem é que usaram pouco, nisso o mateiro aceitou fácil fácil a proposta dos capitalistas circenses.

E viajaram juntos às quebradas, construindo bem no âmago da mata um barracão em que ficaram instalados alguns dias. 

Data prevista, o caçador de felinos deixaria os estrangeiros acomodados na colocação jogando carteado animado numa mesinha improvisada, enquanto, ansiosos pelo sucesso de Euletério, saboreariam vinho tinto com carne de pato, no primor da cozinha daquelas bandas. 

Ele fora na busca dos primeiros exemplares raros de onça que existiam nas brenhas escondidas, logo deparando com a primeira delas, pintada de não ter tamanho, tipo ideal que serviria de sobra aos visitantes.

Corre daqui, negaceia dali, perdeu os equipamentos de trabalho na surpresa, meio enferrujado na antiga atividade, nisso largando rede e carabina. Desesperado, arrancou na direção da clareira onde ficava o barracão, com a fera no seu encalço, pega, não pega. Faltava quase nada, quando avistou a casa improvisada e uma janela salvadora, pela qual pulou bem no meio da sala. Assustara os homens da encomenda, mas, seguido quase ao mesmo tempo pela gata feroz, ainda gritou com força, avisando:

- Os senhores seguram essa, que eu vou de volta à procura de mais outra – saindo apressado pela porta principal que teve chance de puxar e deixar o grupo reunido, empresários e onça, o bicho buliçoso que acabara de caçar.  

Xô, ilusão

Deus é fiel, qual diz o adesivo nos carros. Mas há uma constatação de que não se pode fugir: grande parte da macacada adora briga, confusão, arruaça, embuança; aprecia ver outros em beco estreito, casos que a mídia conta de boca cheia, nas manhãs bem cedo. Degusta falar de vida alheia esquecendo a sua nos armários da fantasia. Prega coerência e é incoerente com a maior sem cerimônia. Curte as peças do destino e esconde sua cara como quem sabe quase nada de tudo, e usa como justificativa de permanecer no esconderijo. Alguns, senão muitos, fazem isso, dar peia nos demais, enquanto se acha isento de prestar conta dessa malquerença que tem nome de sadomasoquismo, de ruindade.

Mas chegou o momento de dizer, em alto e bom som: - Xô, ilusão. Vamos acordar e descobrir realidades que existem debaixo de sete capas. Reservar tempo à autocrítica da raça através de nós mesmos. Buscar sinceridade a todo preço, garimpeiro da consciência que já podemos ser depois das notícias boas dos mestres espirituais da humanidade. Elevar a vibração a níveis melhores, aonde impere valores autênticos de crescer e desenvolver sonhos de felicidade durante o prazo curto quando aqui caminhamos neste chão de inúmeras possibilidades. Espantar as morrinhas que sujeitam aos atoleiros da ignorância; erguer os olhos a paisagens iluminadas de dentro da gente mesma. Enxotar as frioleiras da mediocridade que atrasam as conquistas, atrelar bons pensamentos a bons sentimentos, querendo cumprir de jeito bom os compromissos diante da existência e da história de esperar de nós atitudes honestas, livres da repetição de falsos dramas, rumo aos dias plenos de luz.

Despertar é a palavra certa de praticar esse direito de atender aos dotes da natureza que vêm ricos de juventude às nossas mãos, e por vezes desonramos o merecimento disso quais filhos ingratos, displicentes.

Começar, pois, logo cedo o dia da libertação das correntes que nos prendiam ao passado, quais vítimas da acomodação. Xô, ilusão, que hoje é dia de viver.  

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Passar a limpo o coração

Esvaziar das mágoas, dos recalques, frustrações e amarguras... Jogar nas águas do mar sagrado o quanto de contrariedades manchara a ordem dos dias, ferindo a tranquilidade e o bem estar, pobres da leveza essencial... Cobrir as palavras torpes e os sentimentos ruins que atrasaram a jornada desta vida durante o tempo em que lá fora seguia o firmamento e a sonoridade macia do vento e do cantar dos pássaros, na mais pura alegria de viver. 

Isto, sim, de reconstituir o roteiro da felicidade que, caprichosamente, jogáramos na lama por meio de reações desencontradas, esquecidos da verdade maior de se saber peças-chave do todo universal que desenvolve a evolução e a existência, valor principal da sinfonia perfeita de todas as horas, o sonho da Criação.

Enxaguar da alma sentidos desnecessários de visão, focar no que interessa realmente, no direito à tranquilidade plena de aceitar os valores justos. Isso por meio da concretização dos projetos de otimismo, norma da sabedoria antes esquecida nos jogos de poder, competições, guerras e concorrências.

Acalmar a tempestade do desespero que queria tomar conta da civilização desembestada que estabelecera o sensacionalismo de mercado qual motivo de satisfação. Erguer os braços ao bem que traz ordenamento e produz fraternidade; reavivar desejos de prazer sadio e amor verdadeiro, no brilho infinito das musas dos artistas.

Refrear o instinto de dominação e crueldade; acordar, finalmente, à sensibilidade acima do furor das feras; sacudir as toxinas do atraso; e domar a besta que insistia continuar a luta do absurdo, nas aventuras dos fracos de razão que avassalavam o mundo.

Deixar, pois, fluir a imensa exatidão matemática do melhor em nós mesmos, origem individual dos acertos, do um donde vem o milhão. Acatar os clamores de veracidade nas histórias tantas de finais felizes que contáramos aos filhos, enquanto escondíamos as bombas e os desacertos, sem querer trabalha a Terra da Promissão em nossos corações. Há, sim, que todos façam a nossa parte de Amor e Paz hoje e para sempre.         

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O vendedor de flores

Em montanha de país distante vivia um camponês a colher flores silvestres e levá-las para vender na cidade mais próxima. Obediente a essa rotina, todos os dias acordava bem cedo, descia ao vale, cruzava um rio e buscava o mercado da cidadezinha para fazer o comércio. Ao final da tarde, ao retornar para casa, deixava nas águas do rio as flores que não vendera; dessa maneira trabalhava para a viver.

Certa vez, em época de grandes cheias, o camponês achou-se impedido de fazer o percurso rotineiro, porque o rio descia com muita água, tornando-se perigoso, intransponível. 

Na ocasião, sem alternativa, viu aparecer enorme tartaruga, que se ofereceu para levá-lo ao outro lado da indomável correnteza. Ele subiu no casco do animal e, para seu espanto, foi transportado às profundezas do rio, até suntuoso palácio em que morava a rainha das águas.

No reinado misterioso, achou-se em meio a uma animada recepção conduzida por linda princesa, esta agradecida pelas flores que toda tarde lhe chegavam lançadas pelo camponês às águas do rio, e que as acolhia na sacada do palácio como verdadeiras oferendas daquele homem. Desse modo, perante rico cerimonial de banquetes, música e folguedos, toda a corte se reunia para homenagear o visitante, em festa alegre que se estendeu por largo tempo.  

Depois, estabeleceu-se feliz convivência entre os dois, ele e a princesa, o que continuou meses seguidos, enquanto o vendedor de flores ali permaneceu. Todavia, ao sentir saudades dos velhos amigos que deixara para trás, decidiu retornar ao seu lugar de origem.

Procurou os superiores do reinado, contou-lhes os planos de partida, no entanto foi orientado de que deveria seguir sob a companhia de uma criança modesta, de singelos trajes, a quem, segundo combinado, caberia educar, missão outorgada pela princesa, dizendo ao camponês que perante qualquer necessidade recorresse ao menino e ele atenderia a todos os seus pedidos.

Chegados ao velho casebre onde morava, notou que havia limitação de espaço para habitarem os dois. Lembrou-se daquela recomendação da princesa, e pediu ao menino uma casa maior. De imediato viu posta à sua disposição uma vasta mansão de muitos cômodos.

Noutras ocasiões, não foi diferente. Sempre que precisava de alguma coisa, solicitava do menino maltrapilho. E nesse passo recebeu bens de riquezas mil. Desse modo, senhor de muitas posses, um dia quis que o menino melhorasse os modos de se apresentar, que vestisse roupas de acordo com as exigências dos frequentadores do meio em que viviam, cercados de fausto e nobreza, pois havia queixas das vestes maltrapilhas que usava nos salões luxuosos.   

Em virtude dessa imposição, o menino contrariou-se, entristeceu e, afinal, transmitiu ao camponês sua vontade de ir de volta para o rio, no que se viu atendido sem que o homem demonstrasse qualquer apego ao amigo fiel.

Porém, de um dia para o dia, logo depois da ocorrência, o rico proprietário se surpreendeu com o brusco desaparecimento das coisas que antes ganhara do garoto mediante a apresentação dos seus desejos. 

Ao perceber-se outra vez pobre de causar dó, apressado correu na direção do rio onde deixara o menino, mas, que desencanto!, observou que ele desaparecera sem deixar nenhum vestígio.      

domingo, 16 de novembro de 2014

Natercia Rocha

Isto de escrever demonstra o quanto existe de poder guardado nos autores, a se revelar na medida em que exercitam essa possibilidade. Dizer ao papel, às telas. Contar detalhes de si. Sobrevoar existências. Palpar os instantes infinitos da douta Eternidade. Sonhar acordado. Tatear as vestes da imaginação. Recordar. Falar sozinho. Partilhar a individualidades. Dizer dos próprios mistérios escondidos debaixo dos lençóis do tempo.

Nos Contos de Ir Embora, do livro recém lançado na Mostra SESC, em Crato,  Natercia Rocha externa este talento de transmitir aos demais conteúdos finos da alma no gesto de repassar a gente toda essa potencialidade do ato de escrever. 

Em formato pequeno, o livro ganha dimensões existenciais de cunho universal, isto sob o esmero de vocação forte do espírito que aborda tipos humanos trazidos às suas observações e em enredos dignos da apreciação de muitos.

Cheios da exemplar solidão dos introvertidos e bons observadores, Natercia, mergulha na íntimo dos personagens qual clínica especializada em conhecer as entranhas do ser nas várias modalidades dramáticas das circunstâncias que investiga com maestria e eficiência. Mais que redatora, ela filma, pesquisa, esquadrinha nuances emocionais definitivas, em tiradas antológicas aos moldes do conto O Caminho do Meio ou O Meio do Caminho, no parágrafo que segue:

Pai, mãe e Baleia ficaro tão juntinho que parecia uma coisa só. O céu cheio de nuvem carregada e o caminhão sumindo na estrada. Fiquei olhando aquela imagem, com uma coisa me dizendo lá no infinito que era a última vez que eu avistava eles. E era mesmo.

Tão simples e tão bonito, verdadeiro, bem literatura boa. 

Há, pois, uma maturidade vicejante nos textos da autora também noutros dos contos, que apreciei com leveza, cheios de saudades, sentimentos, vontades vivas espalhadas nas letras. O RetratoOs Olhos de ElizabeteRua Bovary, s/nº. Livro que chegou às minhas mãos através do amigo José Junior Bezerra, vez que eu viajava na ocasião do lançamento, um presente especial.

E aguardo novas produções suas, Natercia, enquanto deixo aqui meus agradecimentos pelo gesto de escrever. 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Os milagres da existência

Independente do credo que se professe, ou deixe de professar, as evidências impõem afirmações as quais a mais meridiana observação rende homenagens, no reino dos acontecimentos da Natureza.

A cada minuto, fatores indiscutíveis isto demonstram, o poder soberano da criação infinita do que alguns acham por bem chamar de Deus, em todo quadrante dos fenômenos espontâneos das circunstâncias. A própria ciência, quando chega aos limites das pesquisas quanto ao princípio original de tudo, baixa a cabeça desconfiada, muito mais por falta de alternativa do que pela fria percepção, e diz que daí em frente existirá o Desconhecido, o outro nome a que resolvem preencher o espaço destinado ao Ser Superior do Universo, e chamar assim, o Ser Desconhecido.

Aonde se queira voltar a atenção, aí residirá o dedo misterioso do Poder. Desde a luz dos olhos, quanta maravilha domina o construto da eternidade. Dirigir a cabeça numa direção, abrir as vistas, colher e decodificar com tão imensa perfeição o domínio daquele lugar, a visão das belezas em torno, quanto dom ao dispor de qualquer criatura, do homem aos animais menos festejados.

Na sequência, os outros sentidos. A audição, o sabor do som no correr dos ventos, em aventura abrangente a todo lugar e território, propiciando às individualidades o perceber das manifestações invisíveis, pelos ouvidos.

O sabor, na gustação, motivo principal dos alimentos. A nutrição que chega aos organismos necessitados, e por cima traz o prazer do degustar, favores multiplicados, rios de sabores diversos, a persistir a vida entre os seres, em meio aos fatores dominantes nos reinos mineral, vegetal e animal, ao caminhar das estações e das idades.

O tato, o tocar da pele que fala e demonstra continuidade nos objetos e outros elementos circundantes. O olfato, o cheiro das percepções, o perfume, as flores, o verde, a primavera, o estio, o inverno, os frutos, as cores, o frescor das horas e as histórias das eras, na crucial da efervescência e da vida.

Sem maiores esforços, a cada detalhe um milagre existe, na luz do dia, na temperatura, que uns graus a mais ou a menos impediria a probabilidade do aqui deste planeta vagando nos céus sem eixo provável ou peças outras que possam ser substituídas ou desgastadas. As galáxias, os astros, o Sol, a Lua e as Estrelas. Gestos de Ser que assina o quadro sem nada cobrar em troca.

E o pensamento o que dizer dele? A fala. As palavras. As atitudes das pessoas. A força da gravidade. O tempo, autoria de relojoeiro tão correto que nem combustível ou energia utiliza na propagação das espécies através dos planos de todos momentos. O sentimento inigualável das emoções e valores. O Amor, enfim, o Amor, amálgama que solda em peça única a barca da dez mil coisas, vagando ao trilho do firmamento, conduzida no fulgor das evoluções musicais desse Maestro primoroso, que permite o crescimento nas dádivas milagrosas de tantos séculos, exata demonstração de bondade e magnitude.  

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Distância oceânica entre saber e sentir

Dentro das paredes frias da razão ali habita só um senso vago de certeza, uma ligeira sombra da consciência absoluta, enquanto no íntimo do sentimento vive solta a imaginação do sentido maior das exigências. Em ambos os espaços tateiam as percepções humanas, movidas pelo instinto forte da descoberta, no âmbito infinito da Eternidade. O homem, esse pigmento das eras, espanta dias de respostas menores à busca da resposta principal, fruto dos dilemas da vida. Com isso, ele sustenta a tese de ansiar a localização de querer firmar os pés na concretude dos campos do definitivo. E amarga os travos da incredulidade e esgarça com as unhas afiadas o teto do firmamento, a clamar indagações sucessivas (- Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes. Embuçado nos céus? – ditos fronteiriços do Poeta dos Escravos).

Porém há mais mistérios entre o Céu e a Terra etc., etc. Quer-se andar em círculo quando a dor da dúvida fere o sentimento e vibra diante das artes e belezas do Universo, tanto dentro quanto fora da gente mesma.

A vontade temporal das criaturas pede que avancemos um pouco mais nesse esforço do saber que use elementos válidos das experiências dos outros também sábios. Quando acontece a realidade eterna em nuvens de não saber resta a luz do sentimento qual instrumento de pesquisa, forma de desenvolvimento que beira as revelações místicas do que conhecem a força do perene daquilo que não cabe nas palavras, algo que nasceu antes dos primeiros fôlegos, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós, pois coração é mundo em que ninguém anda, na pergunta dos orientais: Qual a minha face antes de meus pais existirem?

Nisso, há ciência na dúvida e sinceridade na busca, o caminho de todas as certezas.  

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A lenda de Omulu

A deusa mais guerreira do Daomé, Nanã Buruquê, apaixonou-se por Oxalá, de quem pretendia conquistar o reino. Ele, por sua vez, não queria envolvimento com outro orixá, pois amava Iemanjá, sua mulher. Nanã, sabendo disso, fez vinho de palma, embriagou-o e seduziu-o, engravidando por via de conseqüência.

O filho de Nanã Buruquê e Oxalá, gerado na força da desobediência, recebeu o nome de Omulu e nasceu vitimado por feridas espalhadas pelo corpo, motivo suficiente a que a mãe o deixasse abandonado na praia, querendo que o mar lhe tirasse a vida. Avistado que foi por enorme caranguejo, o bebê chegou a perder pedaços da sua carne, ferido que foi pelas pinças do agressivo animal.  


Quando veio a maré alta que começou a banhar o recém-nascido, Iemanjá ouviu-lhe o choro e veio em sua busca, deparando-se com criança indefesa, sagrando e quase morta. Tomada de profunda compaixão, pegou-a nos braços, salvando-a de afogamento iminente.

Ao observar a redondeza, Iemanjá localizou gruta deserta que nela acomodou Omulu. Improvisou berço rústico de palhas de bananeira, instalando-o e passando a tratá-lo qual legítimo filho, protegendo-o, alimentando-o com pipoca sem sal nem gordura e aliviando-lhe as dores dos ferimentos.

Desde então, sempre que os afazeres de seu reinado permitiam, vinha à praia e cuidava do pequeno, amamentando-o e banhando-o nas águas do mar.

Enquanto sozinho, Omulu percorria as matas e aproximava-se dos bichos seus habitantes, dentre eles as cobras, com quem estreitou amizade.

Numa das visitas que recebeu da Rainha do Mar, Omulu apresentou-se cercado de répteis, dentre esses uma perigosa cobra coral, a sua preferida. Ao admirar o poder que ela tinha de dominar as serpentes, Iemanjá observou também que a criança crescera e transformara-se em jovem belo, sadio e disposto.

Já homem feito, Omulu decidiu conhecer o mundo. Reuniu alguns poucos pertences, bornal, bastão e cabaça de água, acompanhou-se de dois cachorros e partiu com destino ignorado, vagando pela face da Terra.

Viajava na condição de esmolé, mendigando o sustento e dedicando-se à cura dos enfermos e ao combate das epidemias que castigavam as aldeias. Quando alimentado, mesmo assim continuava na cata de alimentos, a fim de repartir com os irmãos necessitados, convertendo a jornada em serviço de desapego e caridade.

As funções de Omulu tornaram-se missão de trazer conforto aos desvalidos que encontrasse. Isso, porém, provocou reações desencontradas nas pessoas ruins que, egoístas, nalgumas ocasiões lhe recusavam auxílio. Por causa disso, contrafeito, o orixá resolveu embrenha-se nas matas. Nesse tempo, conheceu Ossanha, a deusa responsável pela vegetação. Dela aprendeu o jeito de trabalhar o poder das plantas e desenvolveu o dom da cura. Hoje, rico dos conhecimentos da Natureza, segue vagando, ministrando os benefícios da saúde a quem merece. 

Na cultura católica, para uns, o santo representa São Roque, e para outros, São Lázaro.

domingo, 2 de novembro de 2014

Há dois lagos na gente

Quando o tempo fecha, nessa fase caímos no lago da poluição, do desastre, da insensatez. Ali existe choro e ranger de dentes, apesar de oferecer o charme das doces possibilidades. Mostrar, contudo, as vidraças intransponíveis do desejo que acaba. Apresentar o brilho fácil do prazer. Daí, tantos caem na poça de águas estagnadas e precisam de esforço sobre-humano até cruzar a divisória e obter o sucesso de chegar ao outro lago, no lago das águas puras.

Nesse, impera a luz da transparência, o prêmio dos justos que se conquista a duras penas de renúncia e coragem, conhecimento e exercício de códigos certos. Eis lugar de paz e virtude, no que Jesus afirma do fardo ser leve e do jugo ser suave. O abandono das fantasias do lado de lá significaria a prática da sabedoria, das notícias que se obtém dos valores eternos.

Dentro da gente é assim, uma parede e meia entre as ilusões que fogem nas profundas do lago sujo e passageiro, e as transformações da beleza e do asseio. Lembro aqui uma frase de Lenin: a Estética é a Ética do futuro. Aquilo do belo guardar em si o sabor definitivo da perenidade do que é bom. Nisso a estreita relação entre as águas dos dois lagos nas pessoas humanas.

E viver tão perto, dentro da gente, a tristeza e a alegria, que parecem uma e mesma existência. Enquanto carece apenas do gesto de saltar a fronteira e limpar as mágoas e frustrações na banda boa da existência.

A festa, pois, acontece no íntimo dos indivíduos. As distrações dali de fora servem de parâmetros. Os sentidos sujeitam escravizar, por meio dos vícios, da fome dos apetites, do impulso das facilidades, os afogados no lago sujo. Durante tal processo forma o desencanto e cresce ânsias de conquistas definitivas, plenitude e Amor. 

O espaço interno abrirá portas que alimentam o sonho de perfeição no pisar das horas. Dentro, bem dentro, por isso, habita o Eu que viverá as águas puras da leveza, parte essencial dos corações em festa: Tão perto, tão longe; tão longe, tão perto.   

sábado, 1 de novembro de 2014

Alguns pais de hoje

Imaginar o momento determinante do futuro que há de vir face ao que planta agora a civilização onde vivida, resta comentários que reclamem seriedade naquelas que preparam os líderes de amanhã.  Enquanto outros animais, os ditos irracionais, vêm, por instinto, conhecendo as práticas da natureza que lhes aguardam, o bicho homem já apresenta uma zona de expectativa ainda em branco, isto diante de uma consciência em formação quanto aos fenômenos e desafios posteriores ao nascimento.

Que uma pata jogue a ninhada na direção de um lago cheio d’água e permaneça indiferente às consequências do ato materno aparentemente precipitado, seres humanos ao largar filhos frente à frente dos impactos da sociedade em movimento com isso trabalha de maneira suspeita, irresponsável, porquanto a raça assim não responderá à altura o tanto suficiente que exige o encontro do desconhecido e da imaturidade da consciência virgem, isso que pede, no mínimo, sete ou mais longos anos de orientação até poder justificar adequação ao mundo desconhecido e hostil.

Hoje, tecnologias, guerras, drogas, ameaças químicas destrutivas do cérebro e da criatividade, reclamam habilidades pouco exercitadas, deixadas de lado pela maioria dos pais no trato dos filhos, nesta fase da história humana. Do mesmo jeito que o acaso inexiste no cômputo das ciências naturais, refreado pelo conceito da necessidade, a fim de que ocorram as determinações do sistema universal, esperar sabedoria de crianças significa entregar à extinção a educação e o direito à vida justa dos filhos, quando seus orientadores apenas os abandonam no trilho dos acontecimentos e se voltam aos prazeres da carne, joguetes da vaidade, fugitivos dos resultados das próprias práticas.

Esse modo de tocar as famílias denota ignorância dos resultados que há de vir. Largados aos afazeres da sobrevivência e aos jogos do imediatismo, habitam cavernas escuras, escravos sobretudo no território ilusório quais construíram no altar da inconsciência.